O mercado de datacenter no Brasil deve ter um crescimento agregado anual (CAGR) de pelo menos 7,9% no período de 2023 a 2030, acompanhando as oportunidades de negócio da expansão da rede 5G em um mercado estimado em US$ 3,23 bilhões no Brasil, segundo a KPMG.
Hoje cerca de 10% dos dados gerados pelas empresas são criados e processados fora de um datacenter centralizado tradicional ou em nuvem. “Até 2025, o Gartner prevê que esse número chegará a 75%, mudando totalmente a dinâmica e uso dos datacenters, com o crescimento exponencial das centrais mais próximas dos consumidores de dados”, afirma Márcio Kanamaru, sócio da KPMG.
O mercado total de datacenters no país deve alcançar a capacidade de mais de 700 megawatts (MW) até 2030 no nível 3, e capacidade de 470 MW até 2029 no nível 4, que agrega mais recursos de segurança. A GSM Association (associação global de operadoras móveis) prevê que até 2025 o número de assinantes da rede 5G alcance 36,2 milhões e 179 milhões até 2030 no Brasil, expandindo o tráfego de dados e a demanda por banda e capacidade de processamento de forma decentralizada. “Isso exige uma nova arquitetura e infraestrutura mais robusta baseada em fibra óptica para suportar tamanha demanda com datacenters de borda, ou ‘edge’ que terão funções importantes nas aplicações nas diversas verticais da economia”, afirma Kanamaru.
A adoção do 5G exige maior capacidade de armazenamento em todas as camadas da rede: a principal (ou “core”), borda (próximo do consumo de dados) e acesso (as torres). “Entender a necessidade de cada aplicação para definir onde os dados serão processados e armazenados passa por uma análise não só técnica como também de sustentabilidade do modelo de negócio, tanto dos provedores quanto dos consumidores”, afirma Victor Arnaud, diretor gerente da Equinix.
A empresa conta com 240 datacenters em 71 cidades e 32 países, incluindo o modelo xScale com aproximadamente 90 megawatts de capacidade destinado a atender as necessidades de altas cargas de trabalho direcionado aos grandes provedores de serviços de nuvem. “Continuamos ampliando unidades no Brasil com um datacenter xScale, o SP5x, entregue em outubro de 2021, que está em sua terceira fase de expansão”, explica Arnaud.
Após a conclusão de todas as fases, o SP5x terá 14,4 megawatts de capacidade, somando US$116,4 milhões em investimentos. Outros dois xScale estão previstos para São Paulo na joint venture formada entre a Equinix e o GIC, fundo soberano de Cingapura.
“A tendência é que o fluxo de dados continue crescendo, não só com o 5G, mas com as tecnologias que ainda vão surgir, e esse aumento da geração de dados impacta diretamente as demandas por armazenamento e disponibilidade das informações, exigindo ampliação das redes e datacenters”, afirma Marcos Siqueira, vice-presidente de operações da Ascenty que conta com 24 unidades distribuídas entre Brasil, Chile, México e Colômbia, e outros dez em construção conectados com rede própria de fibra óptica de 5 mil quilômetros. Anualmente a empresa investe aproximadamente R$ 1,5 bilhão na construção ou expansão das centrais de dados e fibra óptica para acompanhar a aceleração do consumo de serviços de nuvem, a chegada da rede 5G, Internet das Coisas e inteligência artificial.
Com a computação de borda, em centrais menores e próximas aos usuários, os dados não precisam atravessar toda a rede para serem enviados à nuvem. “Assim como os datacenters, as redes de telecomunicações precisam estar distribuídas entre regiões estratégicas em um amplo ecossistema de conectividade para aproveitar todos os recursos do acesso em alta velocidade”, afirma Siqueira.
Para acompanhar o aumento do fluxo de dados e a demanda por armazenamento, a Odata inaugurou um quarto datacenter no Rio de Janeiro. Conta ainda com outras três centrais instaladas em municípios paulistas e unidades no Chile, México e Colômbia. “O aumento dessa infraestrutura leva em conta o suporte à rede 5G e o aumento da demanda dos provedores de nuvem com projeções de médio e longo prazo”, diz Ribeiro.