360º Época Negócios
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Por Caroline Marino — Da Época Negócios


Existente pelo menos desde os anos de 1960, o conceito de inovação fora das fronteiras da empresa ganhou fama e metodologia há 20 anos, com o livro “Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology ” (Inovação aberta: o novo imperativo para criar e lucrar com a tecnologia), do professor e economista Henry W. Chesbrough. Entender o conceito é uma coisa; praticá-lo direito, porém, é outra.

Inovar é condição essencial para o sucesso da empresa, mas comprometer a direção da companhia com um conjunto de ideias tem mais chance de dar errado do que certo. Quanto mais a empresa viver em seu mundo próprio, encerrada em sua dinâmica própria, menores as suas chances. Por isso, parcerias com startups, busca de alianças com centros de pesquisa e aquisições de empresas menores estão se tornando a norma.

Entre as empresas avaliadas na pesquisa “Época Negócios 360°”, a parcela das que têm plataformas de inovação aberta cresceu de 30% em 2019 para 51%. Essa fatia chega a 58% entre as de capital estrangeiro e 69% entre as listadas na bolsa.

Um levantamento feito no Brasil pela Deloitte com o Instituto Eldorado, em 2022, mapeou 102 empresas com atuação nacional e constatou que 78% praticam inovação aberta em algum nível. Entre os motivos, 63% afirmam que o modelo permite explorar tendências tecnológicas mais rapidamente, e 56% dizem não possuir todo o conhecimento internamente.

Os dados seguem o cenário global. Entre mil organizações consultadas pela Capgemini Research Institute, 75% dizem que o modelo é fundamental para resolver questões empresariais complexas, 83% o veem como essencial para as metas de sustentabilidade e 71% planejam aumentar o investimento na área nos próximos dois anos - porque organizações abertas à colaboração têm acesso a uma gama mais ampla de conhecimento.

Se é tão nítida a necessidade de buscar ou criar inovação, praticar esse mantra é bem mais complicado. “Uma lição que aprendi durante os últimos 20 anos é que a parte mais difícil para ter sucesso com o modelo não é a coordenação com atores externos e, sim, com as partes internas da organização”, diz Chesbrough. Segundo ele, adotar a inovação aberta de forma eficaz requer novos processos organizacionais, e as empresas têm dificuldade em realizar mudanças necessárias, como abraçar a mentalidade de colaboração e influência em vez de integração vertical e controle.

“Os ambientes corporativos ainda são muito marcados pela falta de confiança e autonomia”, avalia Ana Burcharth, professora nas áreas de gestão da inovação e estratégia e pesquisadora do núcleo de inovação e empreendedorismo da Fundação Dom Cabral. Segundo ela, em muitos casos os funcionários que estão se relacionando com outras empresas não têm autonomia e agilidade para a tomada de decisões e resistem a aplicar o conhecimento ou a tecnologia que vem de fora. A pesquisadora ressalta que a confiança é como um “óleo” que possibilita a colaboração entre as empresas, sobretudo em um ambiente de elevada incerteza, característico das situações em que a inovação é buscada.

Outra questão é a confusão sobre o que realmente é inovação aberta - ou até onde se pode ir nessa estrada. Simplesmente adquirir soluções de novos negócios, realizar aquisições ou interagir com startups são passos muito tímidos, ainda. O caminho envolve também a compra e venda de patentes e licenças tecnológicas com universidades, competidores e grandes organizações de tecnologias, cocriação com usuários ou clientes finais, compartilhamento gratuito de conhecimento e compra de P&D de terceiros.

Há até a possibilidade da criação de um CVC (corporate venture capital) interno para investir em startups e outros negócios. Em 2022, o volume de investimentos desse tipo no Brasil foi de US$ 797,9 milhões, mais que o triplo de 2020, segundo a Distrito (o valor foi um pouco menor do que os US$ 835,5 milhões de 2021, porém com maior participação das empresas nos aportes de capital). Mais do que perseguir essas linhas, o crucial é fazê-lo com consistência, vontade, dedicação. Inovação aberta exige mente aberta. Para mostrar isso, nada como ter exemplos de projetos bem-sucedidos.

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