A aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) melhorou e atingiu o maior patamar neste ano, segundo pesquisa de opinião da Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (10). O levantamento mostra que o chefe do Executivo tem 54% de aprovação, quatro pontos percentuais a mais que o levantamento anterior, enquanto a reprovação recuou para 43% (antes era 47%). A última pesquisa do instituto, nesses níveis de avaliação, tinha sido em outubro passado.
A alta é atribuída à percepção de melhora econômica sobretudo dos mais pobres, eleitores entre 35 e 59 anos, que ganham até dois salários-mínimos e são residentes no Sudeste. Nessa faixa, a aprovação do presidente subiu e a reprovação caiu consideravelmente. Mas a maioria dos brasileiros, no recorte feito na sondagem, considera que a economia do país piorou nos últimos 12 meses.
Realizada entre 5 e 8 de julho com 2.000 entrevistados presenciais, a pesquisa da Genial/Quaest aferiu a opinião dos entrevistados sobre as tensões recentes, explicitadas por Lula em diferentes entrevistas, entre o Palácio do Planalto, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o mercado financeiro. Para Lula, ambos atuam politicamente contra o seu governo.
Para 66% dos entrevistados, Lula está certo (apenas 23% discordam) ao criticar a política de juros do Banco Central, alvo de suas cobranças desde que ele voltou ao governo neste terceiro mandato, em janeiro de 2023.
Campos Neto foi indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para dirigir o BC, função que exerce desde fevereiro 2019. Manifestações públicas de proximidade com o bolsonarismo incomodaram a base petista, como por exemplo ao ir votar nas eleições de 2022 com a camisa da seleção brasileira, símbolo apropriado pelos eleitores de Bolsonaro. Recentemente, Campos Neto aceitou participar de homenagem na Assembleia Legislativa de São Paulo e de jantar promovido pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), afilhado político de Bolsonaro.
Nas entrevistas recentes, Lula, além das críticas ao BC e ao seu dirigente, disse ainda que não devia prestar contas ao mercado financeiro, mas sim ao povo. A maioria (67%) dos entrevistados concorda com a afirmação. Para 53% deles, as declarações de Lula não contribuíram para a alta do dólar, enquanto para 34%, elas influenciaram na oscilação da moeda. A maioria dos economistas e analistas atribuíram a alta do dólar às declarações do presidente, que rebateu chamando o movimento de “ataque especulativo” contra o real.
A reprovação ao presidente Lula é maior entre pessoas que recebem mais de 5 salários-mínimos, que são brancos, homens, que têm ensino superior (mesmo incompleto), que são evangélicos e vivem na região Sul.
Sobre a situação econômica do Brasil, para 36% dos entrevistados, a economia piorou no último ano, enquanto 32% veem estabilidade e 28% melhora. Novamente, a avaliação positiva da economia aumenta entre os pobres e a negativa é muito maior entre os ricos.
Em relação ao poder de compra dos brasileiros, contudo, há uma unanimidade entre todas as classes sociais: ela é bem menor atualmente se comparada ao ano anterior, entrando nessa categoria o valor dos combustíveis, dos alimentos e da energia. Mas a maioria dos entrevistados (52%) é otimista e espera por melhora econômica nos próximos 12 meses.
A pesquisa divulgada nesta quarta-feira é realizada conjuntamente entre a Genial, uma plataforma de investimentos, e a Quaest, empresa que atua na área de inteligência de dados. A margem de erro do levantamento é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.