Empresários ligados ao Grupo Bremer, que atua no setor de fabricação de caldeiras em Santa Catarina, estão entre os alvos da 28ª fase da Operação Lesa Pátria. A ação da Polícia Federal (PF), deflagrada nesta quinta-feira (20), mirou empresário dos Estado que atuaram tanto no financiamento dos atos de 8 de janeiro de 2023 em Brasília como no bloqueio de estradas.
Ao todo, foram cumpridos 27 mandados judiciais expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), sendo 15 de busca e apreensão e 12 de busca pessoal. Durante a operação, foram apreendidas armas e munições, incluindo um fuzil adaptado e espingardas.
No caso da busca pessoal, os agentes são autorizados a revistar não apenas a residência, mas a própria pessoa, em busca de celulares, documentos e outros pertences. Além do Estado do Sul, também houve diligência em Goiás e Mato Grosso do Sul.
No mês passado, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Horst Bremer Junior e Lilian Bremer por participar de bloqueios em rodovias federais ocorridos após o então presidente Jair Bolsonaro (PL) perder as eleições de 2022.
No documento, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, acusou os dois empresários e mais sete pessoas pelos crimes de associação criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito.
Segundo o PGR, foram localizados vídeos publicados nas redes sociais que mostram os empresários prestando apoio aos bloqueios e convocando a população a aderir aos atos.
Os dois atuaram na cidade de Rio do Sul (SC), onde também foram praticados atos de violência contra policiais rodoviários federais que atuaram para tentar desmobilizar os manifestantes e liberar as estradas. Procurada, a defesa dos empresários não se manifestou.
A Operação Lesa Pátria tem como objetivo identificar pessoas que financiaram e fomentaram os atentados de 8 de janeiro. Na ocasião, o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o STF foram invadidos por apoiadores de Bolsonaro. A PF estima que os valores dos danos causados ao patrimônio público possam chegar a R$ 40 milhões.
Segundo a PF, os fatos investigados constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido.
No início do mês, a Polícia Federal deflagrou uma operação para tentar capturar fugitivos envolvidos nos atentados. Ao todo, 208 mandados de prisão foram cumpridos, mas apenas 50 pessoas foram localizadas e presas. A atual estimativa da PF é que cerca de 180 investigados ainda estejam foragidos. Parte deles fugiu para outros países, como a Argentina.
Na véspera, o país vizinho compartilhou com o Brasil a lista dos foragidos dos quais se há registro de entrada. Segundo o governo de Javier Milei, são cerca de 60 pessoas, mas parte desse grupo já teria deixado o território argentino.
É provável que o número de golpistas na Argentina seja maior, porque a suspeita da PF é que muitos entraram no país de maneira clandestina.
![Golpistas invadiram e depredaram edifícios dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 — Foto: Joedson Alves/Agencia Brasil](https://s2-valor.glbimg.com/4Zwz_isb8LHuitmc7BCOxkvhbIo=/0x0:3840x2560/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2023/f/r/RynTs8QASK6gQUHKV4bQ/ja-9173-0.jpg)