Política
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE


Rui Costa: o ministro da Casa Civil é alvo de queixas dos parlamentares — Foto: José Cruz/Agência Brasil
Rui Costa: o ministro da Casa Civil é alvo de queixas dos parlamentares — Foto: José Cruz/Agência Brasil

O isolamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as brigas internas e a problemática articulação política do Planalto estão provocando um desânimo geral entre aliados de peso no Congresso e também na Esplanada em relação aos rumos do governo. No Congresso, aliados de peso do presidente já cobram nos bastidores mudanças drásticas, a começar pelo núcleo duro do Palácio. No entorno de Lula, porém, não há a menor expectativa de que isso aconteça antes das eleições municipais.

A devolução da MP do PIS/Cofins pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), na semana passada, expôs mais uma vez as falhas na articulação e contribuiu para azedar de vez o clima entre os dois ministros mais fortes do governo: Rui Costa (Casa Civil) e Fernando Haddad (Fazenda).

Segundo fontes ouvidas pelo Valor no Congresso, no Planalto e na Esplanada, o episódio contribuiu para aumentar a sensação de o governo está sem rumo. E de que a disputa de poder entre Rui Costa e Haddad tornou-se um problema que fragiliza ainda mais o já combalido diálogo com o Legislativo.

Lula assinou a MP proposta por Haddad no dia 4 de junho, quando Rui Costa estava na China com o vice-presidente Geraldo Alckmin. Embora firmada pelo presidente, a medida não tinha o respaldo do setor privado nem tampouco de Rui Costa e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.

O texto restringia acesso a créditos tributários do PIS e do Cofins como forma de compensar os R$ 26 bilhões que deixarão de ser arrecadados com a desoneração da folha de pagamento. Mas gerou fortes reações de setores como o agro e o mercado de combustíveis.

Interlocutores admitem que Haddad enviou a MP sem dialogar com os empresários “para forçar uma solução”. Mas ficou insatisfeito pela maneira com que a medida foi anulada. O ministro, por exemplo, ficou sabendo pela imprensa da decisão de Lula de retirar a MP caso ela não fosse devolvida por Pacheco, após declarações do presidente da CNI (Confederação nacional da Indústria), Ricardo Alban, em almoço na CNA (Confederação Nacional da Agricultura).

A fala, logo após uma reunião de Alban com Lula e Rui Costa, gerou a sensação, na equipe econômica, de que foi feita sob medida para “fritar” Haddad, com as digitais do titular da Casa Civil. Rui Costa, por sua vez, tem se queixado a auxiliares de que Haddad lhe atribui responsabilidade sempre que algo sai errado.

No Congresso, aliados dizem sob reserva que não entendem a relação de Haddad e Rui Costa. E veem semelhanças na “fritura” a que Haddad foi submetido, por exemplo, com o processo que levou à queda do presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates. Em atrito com o PT, Rui Costa e Silveira, Prates acabou demitido em maio.

A falta de uma figura centralizadora no governo gera uma crise de confiança, e os parlamentares não sabem em quem confiar para levar demandas. Eles apontam ainda como prejudicial o fato de o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, estar rompido com presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Alguns senadores, com muitos anos de Casa, dizem que não têm acesso ao presidente nem são acionados para ajudar e não sabem como contribuir. E, veladamente, fazem críticas ao estilo do presidente nesta atual gestão.

Reclamação recorrente é que Lula poderia receber deputados e senadores com maior frequência para que os aliados pudessem ao menos tirar uma foto com ele. Mas o problema parece ir além da falta de reuniões reservadas. Na última semana, em sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), alguns senadores conversavam sobre o fato de que a presença de parlamentares em eventos no Palácio do Planalto diminuiu. A constatação é que não há mais um incentivo do Planalto, como havia no passado, para que os congressistas compareçam a esse tipo de atividade.

No Congresso, aliados acham difícil entender a relação entre Haddad e Rui Costa

Em outro episódio, o senador Omar Aziz (PSD-AM) fez uma brincadeira com o senador Ciro Nogueira (PP-PI), hoje bolsonarista, no café do plenário do Senado. “O Lula quer falar contigo, Ciro”, disse Aziz. “Falar como? Ele não usa nem celular!”, reagiu Nogueira.

Até mesmo os presidentes das Casas Legislativas precisam, para falar com Lula, recorrer antes à primeira-dama, Janja da Silva, ou ao chefe de gabinete, Marco Aurélio Ribeiro, o Marcola, uma vez que o presidente não tem celular.

Nos seus dois primeiros mandatos, entre 2003 e 2010, Lula tinha ao seu redor petistas históricos, com cacife para negociar e poder de articulação, como José Dirceu e Antonio Palocci. Dilma Rousseff, embora com menos traquejo político, é descrita como chefe da Casa Civil que tratava todos os temas minuciosamente. Isso, na descrição de fontes da Esplanada, ajudava a dar um rumo ao governo. Hoje, notam aliados, ninguém no Planalto chama o mandatário de “Lula”, mas de “senhor presidente”.

Lula também costumava ouvir mais os “tubarões do Congresso” aliados a ele. Agora, parece mais isolado, reunindo-se para tratar de temas do Legislativo com Rui Costa, Padilha e seus líderes no Congresso, sem ouvir mais ninguém.

A percepção no Palácio do Planalto é que o presidente está hoje muito mais voltado à agenda internacional do que aos problemas cotidianos da política. O contraste com o Lula 1 e 2, em que ele atuava diretamente na relação com o Congresso e na mediação de conflitos no governo, é visível. Na visão de aliados, isso prejudica ainda mais o governo, em um contexto de Congresso fortalecido pelo controle do Orçamento e predominantemente conservador.

Aliados apontam ainda para a falta de uma “marca” para o governo atual, como foi o Bolsa Família no Lula 1 e “espetáculo do crescimento” verificado no Lula 2.

Até mesmo um importante parlamentar do PT afirma que, da forma que está, o governo vai acabar sendo lembrando como uma gestão “indiferente”.

Mais recente Próxima Planalto vê ‘sinais’ de que Milei extraditará brasileiros

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

O S&P 500 registrou uma valorização de 33% desde a mínima observada no fim de outubro de 2023, alcançando o recorde histórico em 18 de junho.

Rali do S&P 500 freia e julho deve ser mês crítico para índice

Em seu discurso, o presidente exaltou a ex-prefeita Marta Suplicy, que será vice na chapa, e destacou os números positivos de queda do desemprego no país

Em evento em SP, Lula exalta Marta e evita citar campanha de Boulos

Na decisão, a prisão preventiva de Saicali foi substituída por “medida cautelar de proibição de ausentar-se do país” desde que cumpridas determinadas condições

Justiça do Rio revoga prisão de ex-diretora da Americanas e pede que se apresente às autoridades portuguesas

Resultado reflete um cenário de preços e custos mais estáveis, tanto para o consumidor final quanto para os estabelecimentos

Faturamento de bares e restaurantes avança 5,2% até abril, mas cenário ainda é de cautela

Ela é um dos alvos de mandado de prisão da “Operação Disclosure”, deflagrada na última quinta-feira (27) pela Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF/RJ)

Ex-diretora da Americanas foragida deve retornar ao Brasil na segunda-feira, diz fonte

Sistema passará, a partir do ano que vem, a mirar uma meta contínua de 3%, e não mais um objetivo estabelecido a cada ano

Para Arminio, meta contínua para inflação coroa êxito do sistema

Executivo se encontra em liberdade, em sua residência em Madri, capital da Espanha, segundo informou a Defesa

Ex-CEO da Americanas foi solto, diz colunista; defesa confirma que Gutierrez está em casa

Ganhou corpo um movimento para tentar emplacar um nome do Nordeste como sucessor da dirigente

Saiba quem está cotado para suceder Gleisi Hoffmann no PT

Quase toda a sua riqueza irá para um novo fundo de caridade

Warren Buffett revela o que acontecerá com seu dinheiro após sua morte

Eduardo Viola acredita que o presidente americano deveria renunciar imediatamente à candidatura para dar tempo para outro nome decolar e vencer Donald Trump

"Biden tem que desistir rápido", diz especialista em política externa americana