Política
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE

Por Isadora Peron e Julia Lindner, Valor — Brasília


O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que o governo vai defender, no Supremo Tribunal Federal (STF), a inconstitucionalidade da lei que institui o marco temporal para demarcação de terras indígenas. A nova norma foi promulgada nessa quinta-feira pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

A tese do marco temporal, defendida por ruralistas, prevê que os povos indígenas só podem reivindicar terras que tradicionalmente já ocupavam em 5 de outubro de 1988, dia em que a atual Constituição passou a valer.

Ao Valor, Messias afirmou que o governo ainda estuda qual estratégia jurídica adotar: se vai apresentar uma ação na Corte para questionar a aprovação do projeto ou apenas se manifestar em processos que chegarão ao STF. “O importante é que a nossa posição é firme pela inconstitucionalidade”, disse.

Em setembro, o Supremo decidiu derrubar a tese do marco temporal. O placar foi 9 a 2. O Congresso, no entanto, reagiu e aprovou um projeto de lei para que esse fosse o parâmetro adotado para o reconhecimento de novos territórios dos povos tradicionais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o trecho que previa o marco temporal, mas o veto foi derrubado pelos parlamentares. Após um acordo entre a base governista e a bancada ruralista, alguns pontos vetados foram mantidos. Com isso, a lei promulgada deixou de fora pontos polêmicos, entre eles o que tentava flexibilizar o contato com povos isolados e o que buscava permitir a plantação de transgênicos nos territórios já demarcados.

Apesar de a decisão de rejeitar a tese ter sido tomada há poucos meses pelo Supremo, o tema terá que ser novamente discutido pelos ministros. Ainda na quinta-feira, três partidos — PP, Republicanos e PL — entraram com uma ação na Corte pedindo a validação da lei aprovada.

O decano Gilmar Mendes foi sorteado relator do caso. Ele foi um dos que votaram para derrubar o marco temporal, mas fez diversas ressalvas em seu voto, questionando, por exemplo, qual seria o “limite” para que os indígenas reivindicassem terras no país.

Na ação, as legendas criticaram o fato de a Corte ter discutido o tema ao mesmo tempo que o Congresso, “preferindo não aguardar a posição do Parlamento”. Por isso, afirmaram, a lei já nasceu “no meio de grande disputa política e de questionamentos quanto à sua constitucionalidade”.

“Diante desse cenário, é bastante provável e previsível que se instale discussão jurisdicional quanto à validade da nova lei após a derrubada dos vetos, inclusive no âmbito do próprio STF, por meio da propositura de ações individuais e ações do controle concentrado de constitucionalidade”, afirmaram.

Segundo destacado na ação, a nova lei “foi um ato político de reafirmação da competência constitucional e legislativa do Congresso Nacional”.

Os partidos também apontaram que “tem se tornado excessivamente comum que a forças políticas minoritárias e derrotadas no processo político-democrático realizado no Congresso Nacional busquem salvação jurisdicional”.

Afirmaram ainda que os ministros do Supremo alteraram o entendimento adotado durante o julgamento sobre a terra indígena Raposa Serra do Sol, em 2009. Na ocasião, porém, a Corte Suprema analisou apenas o caso específico, sem repercussão geral.

 “O importante é que nossa posição é firme pela inconstitucionalidade”, disse o advogado-geral da União, Jorge Messias — Foto: José Cruz/Agência Brasil
“O importante é que nossa posição é firme pela inconstitucionalidade”, disse o advogado-geral da União, Jorge Messias — Foto: José Cruz/Agência Brasil
Mais recente Próxima Saiba quando serão as eleições municipais em 2024

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Aplicativos de conversão facilitam a compra e venda de dólares na palma da mão

5 apps para converter real para dólar (e vice-versa)

Alemanha, África do Sul e Afeganistão já ficaram de fora das Olimpíadas por questões geopolíticas

Quais países não participam das Olimpíadas?

Para participar das Olimpíadas, esporte precisa ter campeonatos mundiais masculino, feminino e juvenil

Por que futsal não é um esporte olimpico?

A colunista Isis Borge aconselha leitor que acabou de se formar e está em dúvida sobre qual caminho seguir na carreira

É melhor ser especialista ou generalista?

Projeto “A Casa que Anda” propõe reflexões infantojuvenis sobre os sentimentos evocados pela obra da escritora

Casa de Clarice Lispector é reproduzida em caminhão baú que vai percorrer o Brasil

Desindustrialização precoce e doença holandesa não explicam o fenômeno: é necessário buscar uma explicação alternativa

Edmar Bacha: Por que a indústria brasileira encolheu tanto?

Japão deve muito às exposições mundiais, e agora se prepara para voltar a abrigar uma

Técnica que pode possibilitar a reversão de envelhecimento e devolver visão a cegos é um dos destaques da Expo 2025 no Japão

Diretor americano faz uma homenagem profunda e pessoal a Michael Powell e Emeric Pressburger em ‘Feito na Inglaterra’

 Amir Labaki: A dupla de cineastas que influenciou os anti-heróis de Martin Scorsese

A opção legislativa de incidência da Selic, que é um índice altamente variável, pode resultar em discussões sobre segurança jurídica, proporcionalidade e equivalência material das prestações