Está claro desde abril que o Fed não tem pressa em baixar os juros. Eles pouco impactam a dívida das famílias, cuja sensibilidade à inflação aumentou com a alta de preços pós-covid. Quase metade da inflação recente se deve ao reajuste de alguns poucos preços como os da moradia, que deve persistir, até pela forma como são calculados. O baixo desemprego também pode preocupar o Fed e outros bancos centrais, mas talvez o fator que mais tenha estimulado o consumo recentemente seja a valorização da bolsa americana em perto de US$ 8 trilhões em nove meses. Um aumento de mais de perto de 30% do PIB americano (ou duas vezes o alemão) reflete na riqueza das famílias e na sua propensão a consumir.
Joaquim Levy foi ministro da Fazenda e diretor-gerente do Banco Mundial e é diretor de Estratégia Econômica e Relações com Mercado do Banco Safra