“Em 2002, Lula viu o abismo”, costuma notar um arguto analista da cena econômica. Em junho daquele ano, Lula já havia lido a famosa “Carta ao povo brasileiro”, com a qual tentava se dissociar de posicionamentos econômicos equivocados do passado, sobretudo relativamente ao calote na dívida pública: “preservar o superávit primário o quanto for necessário para impedir que a dívida interna aumente e destrua a confiança na capacidade do governo de honrar os seus compromissos”. (1) Apesar da promessa, em outubro de 2002, à medida que se aproximava o segundo turno da que viria a ser a primeira eleição presidencial de Lula (27/10/2002), vivemos então enorme crise financeira. O risco país, hoje pouco acima dos 2%, atingiu quase inacreditáveis 25%. O dólar beirou os R$ 4, cotação que atualizada para os dias de hoje dobraria: R$ 8 por dólar! Sem dúvida, a visão do abismo.
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PhD por Stanford e professor titular do Departamento de Economia da PUC-Rio, foi pesquisador do Ipea e coautor do livro “Risco e Regulação”