Mundo
Group CopyGroup 5 CopyGroup 13 CopyGroup 5 Copy 2Group 6 Copy
PUBLICIDADE


A Argentina entrou em recessão técnica após registrar dois trimestres consecutivos de queda no Produto Interno Bruto (PIB). Com os grandes cortes de gastos do presidente Javier Milei esfriando a atividade econômica e o consumo, analistas avaliam que uma recuperação para os próximos meses ainda é incerta e a economia ainda não chegou ao “fundo do poço”.

O PIB argentino caiu 5,1% no primeiro trimestre deste ano, na comparação com igual período de 2023, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). No último trimestre de 2023, o PIB havia contraído 1,6% em termos anuais.

Milei, que assumiu o cargo em dezembro, argumenta que o país precisa organizar suas finanças após anos de déficits fiscais que afastaram investidores globais. Ele defende que o rigor fiscal é necessário para a economia começar a se recuperar de forma sustentável.

Por outro lado, a restrição na atividade econômica fez com que o governo registrasse cinco superávits mensais consecutivos e uma desaceleração mensal da inflação mais rápida do que o esperado, de 25,5% em dezembro para 4,2% em maio — embora se espere um índice mais alto para junho.

Analistas argentinos apontam, porém, que o processo de saneamento fiscal para que a atividade econômica alcance um nível sustentável de crescimento ainda deve demorar. “Acreditamos que o segundo trimestre novamente será muito ruim. Só no terceiro e quarto trimestres começaremos a ver a economia atingir o fundo do poço para que comece a melhorar, mas de maneira muito heterogênea entre os setores, no consumo, etc”, projeta Juan Pablo Ronderos, da consultoria MAP.

Ronderos atribui a queda do primeiro trimestre à forte redução nos salários e aposentadorias, que levou à queda no consumo e à acentuada diminuição da produção. ”Além disso, muitos setores ainda trazem resquícios da crise do ano passado. Isso tornou a recessão ainda mais intensa.”

Já o analista Nicolás Alonzo, da Orlando J. Ferrerés & Asociados, afirma que a economia argentina deveria parar de cair no segundo trimestre, mas os sinais para que isso ocorra “ainda são conflitantes”. “Em abril houve recuperação, mas para maio a situação é incerta. Medimos a indústria e ela caiu 1% no mês em maio, então ainda há muita volatilidade”, afirma.

A recessão se consolida em meio aos efeitos das duras medidas do programa de austeridade de Milei, que estabeleceu como prioridade a ordem fiscal — marcado por desindexação e corte de salários, suspensão de repasses a províncias, cancelamento de contratos de obras públicas e demissão de funcionários públicos, além da desvalorização do peso em mais de 50% e fim de controles de preços.

Em outro dado importante publicado ontem, o Indec apontou que o desemprego subiu para 7,7% da população economicamente ativa — ante 5,7% no final do ano passado. Isso significou que 300 mil pessoas perderam o emprego nos primeiros três meses de 2024.

O item que mais p paa a queda do PIB no primeiro trimestre ocorreu na formação bruta de capital fixo, com redução de 23,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Outras quedas relevantes no primeiro trimestre aconteceram nos setores de construção (-19,7%) e da indústria de transformação (-13,7%). Na contramão, o setor de agricultura, pecuária, caça e silvicultura teve crescimento de 10,2%.

“O governo tem poucas ferramentas para aliviar isso. É muito difícil combater a inflação sem provocar uma recessão. Além disso, a origem da inflação na Argentina é fiscal, que até agora limitou a atração de investimentos”, diz Alonzo, completando que o que se espera para 2025 é que a economia se recupere sem o peso do grosso dos ajustes.

A forte desvalorização do peso argentino provocada por Milei também teve impacto nas exportações, que cresceram 26,1% nos três primeiros meses do ano.

Os dados econômicos foram divulgados no mesmo dia em que a cotação do dólar no paralelo, bateu seu recorde no governo Milei, fechando em 1.330 pesos — 25 pesos acima da jornada anterior.

“Há muita incerteza sobre qual será a política cambial e monetária e o banco central não tem enviado sinais sobre isso — provavelmente porque precisará adequar essas regras a acordos políticos”, explica Mariana Díaz, analista da consultoria Tecnosud. “Isso tem levado investidores à segurança do dólar e pressionado o câmbio”, disse.

Trabalhador da indústria argentina — Foto: Ministério da Produção e Trabalho da Argentina
Trabalhador da indústria argentina — Foto: Ministério da Produção e Trabalho da Argentina
Mais recente Próxima Ministro das Finanças de Israel detalha plano para anexar Cisjordânia ao território israelense

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Executivo se encontra em liberdade, em sua residência em Madri, capital da Espanha, segundo informou a Defesa

Ex-CEO da Americanas foi solto, diz colunista; defesa confirma que Gutierrez está em casa

Ganhou corpo um movimento para tentar emplacar um nome do Nordeste como sucessor da dirigente

Saiba quem está cotado para suceder Gleisi Hoffmann no PT

Quase toda a sua riqueza irá para um novo fundo de caridade

Warren Buffett revela o que acontecerá com seu dinheiro após sua morte

Eduardo Viola acredita que o presidente americano deveria renunciar imediatamente à candidatura para dar tempo para outro nome decolar e vencer Donald Trump

"Biden tem que desistir rápido", diz especialista em política externa americana

Anna Ramos Saicali comandava a B2W, braço de varejo digital do grupo

Americanas: Foragida em Portugal, ex-diretora vai se entregar, diz fonte

Premiação faz parte de um programa em desenvolvimento para que as mulheres advogadas possam atuar profissionalmente em condições de igualdade em todo o Estado

OAB-SP premia 19 escritórios por promoverem mulheres advogadas

O renascimento fugaz do Le Gavroche é parte de um esforço de Wimbledon

FT: O famoso restaurante Le Gavroche ressurge nas quadras de Wimbledon

País está hoje em um nível similar ao da Argentina em 1993 e inferior ao da Coreia do Sul daquela época

Nos 30 anos do Real, Brasil cai em ranking do IDH global, apesar da melhora de indicadores

Setor formal em alta é destaque nos indicadores

5 sinais que confirmam o bom momento do mercado de trabalho no Brasil

Mercado doméstico sofreu duras perdas sem sinais concretos do governo quanto a medidas de contenção de despesas

Crise de confiança gera pânico nos mercados e dólar encosta em R$ 5,60 com risco local em alta