Inovação
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Por Lilian Caramel, para o Valor


Presente no ranking dos setores com mais cases disruptivos do anuário Valor Inovação Brasil, o comércio acumula iniciativas que estão resultando em ganhos de eficiência. A tecnologia é a ferramenta que está acelerando transformações entre as grandes do segmento. Encabeçando a lista, o Mercado Livre aposta na diversificação de suas operações. A ideia é manter-se forte como plataforma de marketplace, e ao mesmo tempo intensificar os negócios em áreas consideradas promissoras, como serviços financeiros, por meio do banco digital Mercado Pago, e de publicidade digital, com o Mercado Ads.

A centenária Renner, maior varejista de moda em faturamento bruto, destinou, no ano passado, a maior parte do seu investimento – de cerca de R$1 bilhão – em tecnologia e sistemas. O centro automatizado de distribuição, inaugurado em dezembro, em Cabreúva (SP), já proporciona mais rapidez no abastecimento das principais lojas do Sudeste a partir de uma malha logística integrando a região metropolitana de São Paulo ao restante do país. Operado por 312 robôs que separam cada item, o centro também despacha as compras feitas on-line para residências e abastece as lojas da Argentina e do Uruguai. Os equipamentos, importados da Áustria, irão ajudar a reduzir o tempo de entrega do e-commerce.

“A Renner foi uma das primeiras a fazer um IPO na bolsa de valores, em 1977. Também foi uma das primeiras a lançar uma coleção de jeans com matéria-prima reciclada. Inovar está na estratégia”, conta Fabio Faccio, CEO da companhia. A integração dos canais físicos e digitais é outra aposta da varejista gaúcha, que avalia que unir a sociabilidade das interações em loja com a conveniência do on-line é o futuro da multicanalidade. A carteira digital da marca, por exemplo, permite comprar na loja e pagar pelo aplicativo sem precisar ir ao caixa ou comprar pelo app e receber o produto em casa em, no máximo, três dias. “Todo o estoque está na mão do cliente. Também há outras facilidades, como os caixas rápidos de autoatendimento, que hoje respondem por 35% das vendas. Já o data analytics tem ajudado com muito mais assertividades nas coleções”, emenda Fabiana Taccola, diretora de operações. Faccio antecipa que a Renner deve fechar o ano com mais R$1 bilhão investidos em novas lojas, centros distribuidores, reforma de instalações e sistemas.

Robôs importados agilizam tarefas no centro de distribuição da Renner — Foto: Divulgação
Robôs importados agilizam tarefas no centro de distribuição da Renner — Foto: Divulgação

Terceiro no ranking, o grupo Soma repete a conquista do ano passado, quando também figurou no Top 5 do setor. O conglomerado de moda abrange quinze marcas, entre elas a Hering, adquirida há dois anos com o intuito de abrir novas frentes no vestuário tradicional. A Farm, que possui lojas nos Estados Unidos e revenda em mais de 50 butiques europeias, é vetor de crescimento da empresa no exterior e inova com peças inspiradas na cultura carioca. “As nossas marcas são essencialmente femininas. Então, temos que ser criativos e gerar desejo. Somos inovadores por definição. Moda é inovação”, diz Alisson Calgaroto, diretor de tecnologia e sócio do grupo. Ele destaca que o uso de inteligência artificial (IA) é a bola da vez.

No Soma, a ferramenta está ajudando a otimizar recursos, como mão de obra, e reduzir perdas de matéria-prima. Há sete anos, o grupo usa um sistema avançado de IA que combina base de dados com fotos de produtos em fase de teste. Times comerciais de todo o país avaliam os pilotos e votam em suas peças preferidas pelo celular. A partir das escolhas dos funcionários e dos dados, a tecnologia aponta as peças que podem ser bem-aceitas pelas consumidoras – e estima a quantidade que deve ser costurada. Para fazer a sugestão, algoritmos atribuem pesos aos votos dos vendedores conforme suas expertises. “A IA faz parte da inteligência de coleção desde sua concepção. Ela ajuda a identificar produtos com chances maiores de performar na loja, evitando confecção daquelas que não devem sair, o que é bom porque os custos de matéria-prima são altos. Ainda erramos neste ponto, mas erramos menos”, frisa Calgaroto. “Acho que IA não pode ser encarada como uma coisa high-tech, isolada da realidade. Ela tem que ser naturalizada como uma ferramenta do dia a dia”, opina o executivo.

Alisson Calgaroto, diretor de tecnologia do grupo Soma: IA usada na concepção das coleções — Foto: Bruno Ryfer/Divulgação
Alisson Calgaroto, diretor de tecnologia do grupo Soma: IA usada na concepção das coleções — Foto: Bruno Ryfer/Divulgação

O Magazine Luiza é outra gigante do comércio que vem colhendo louros com novidades bem-sucedidas, ocupando o quarto lugar no ranking deste ano. A rede criadora da Lu, avatar 3D vencedor de um Leão de Ouro no Festival de Cannes, no ano passado, apresenta-se como uma “plataforma digital com pontos físicos”. Entre as inovações, a companhia anuncia que irá lançar, em breve, um serviço para explorar uma nova tendência urbana: aluguel de eletroeletrônicos, sobretudo de itens mais caros. Após rodar um piloto bem-sucedido em São Paulo, chamado “Vai e Volta Magalu”, a gigante prepara-se para inaugurá-lo em escala nacional. O serviço pretende beneficiar-se da vasta capilaridade da sua malha logística. “Alugar em si não é uma grande novidade. Mas, na dimensão do Magalu e na gama de produtos oferecidos, será uma solução de impacto”, afirma Robson dos Santos, gerente de experiência do cliente e P&D.

Outra notícia vem da fintech Magalu, braço de produtos financeiros do grupo com dez milhões de contas digitais. Trata-se do embarcamento do marketplace completo do Magazine Luiza na máquina MagaluPay. “Com acesso à plataforma, pequenos varejistas poderão potencializar seus negócios e aumentar o tráfego nas suas lojas. O dono de uma papelaria parceira, por exemplo, poderá vender uma geladeira pela maquininha. Não será preciso nem mesmo um celular para operar pagamentos e fechar novas vendas”, conta Santos. A estratégia, conforme o gerente, é digitalizar o varejo brasileiro, acoplando soluções em um ambiente multifuncional. Por volta de dois mil lojistas já acessam o serviço.

Com 34 mil colaboradores e 37 milhões de clientes ativos, a companhia também surfa na onda da IA. Ferramentas como ChatGPT estão sendo consideradas para uso no combate à fraude, minimização de riscos e no pós-venda, para recomendar produtos para o cliente no ambiente on-line. O Luizalabs, com cerca de dois mil profissionais espalhados pelo país e com sede em São Paulo, é a unidade que agrupa o pessoal de tecnologia – em 2011, quando foi criado, contava com apenas dois colaboradores. Nesses laboratórios, cientistas de dados, UX designers, product owners, engenheiros e desenvolvedores testam projetos e protótipos constantemente.

Líder em comércio exterior, a Comexport ficou na quinta posição do Top 5. A trading, que responde por 1,5% das importações brasileiras, desenvolveu um sistema on-line de fechamento de câmbio via API (Interface de Programação de Aplicação) que está agilizando as transações. O serviço conquistou clientes como Citi, Santander e Banco do Brasil, que usam o sistema em milhares de operações com moedas estrangeiras. A companhia calcula que pode atrair 200 clientes de sua base, inclusive gigantes do setor automotivo para os quais importa carros, para a plataforma. Além disso, espera que outros bancos também façam a adesão.

“Normalmente, o fechamento do câmbio é uma tarefa morosa, porque envolve levantar cotações, verificar questões de segurança, fazer telefonemas, entre outros. Agora, nossos clientes poderão fechar o câmbio com o banco que quiserem apertando um simples botão. Podemos mandar pagamentos para o exterior com a mesma praticidade de se fazer um Pix”, comenta Rodrigo Guerra, CFO. O executivo calcula que a operação, que antes levava por volta de 20 minutos para ser finalizada, agora dura, em média, 30 segundos pela nova interface. Para a Comexport, a plataforma pode resultar, até mesmo, em maior abertura comercial do país ao dinamizar as transações financeiras.

A empresa, cujo faturamento em 2022 atingiu R$ 19,3 bilhões, vem investindo por volta de R$ 15 milhões por ano em tecnologia. A contratação de profissionais qualificados para o núcleo de inovação, que conta com 30 desenvolvedores e 15 profissionais de redes, é uma estratégia. Criada na década de 1970 por um grupo de empresários interessados em abrir mercado para têxteis brasileiros, ela, hoje, mira setores promissores, como o agronegócio. No mês passado, adquiriu 50% do capital de uma startup paulista especializada em produtos agrícolas certificados. “Mas não pretendemos ser uma trading do agro. Nosso foco está na melhoria dos processos de importação e exportação para apoiar qualquer segmento. Nós desenhamos processos para acomodar os produtos dos clientes, agregando tecnologia”, afirma Alan Goldlust, CEO da trading.

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