A chegada da rede móvel ultraveloz 5G com altas capacidades de transmissão de dados e imagens é a plataforma de inovação mais importante da próxima década, com reflexos em diferentes áreas da indústria, agronegócio, saúde e cidades. “Estamos vivendo um momento revolucionário na forma como nos relacionamos com as cidades, com as pessoas, na modernização dos processos industriais e do trabalho”, afirma Edvaldo Santos, vice-presidente e diretor de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Ericsson para o cone sul da América Latina. A nova rede de alta velocidade está na base dos principais projetos das cinco empresas que lideram o ranking em telecomunicações.
A Vivo, definindo-se como hub digital de serviços, centrou esforços em saúde e bem-estar, educação, casa inteligente, marketplace, serviços financeiros e entretenimento. “A rede 5G com baixíssima latência, alta velocidade e a capacidade de gerir simultaneamente milhões de dispositivos conectados habilita novos modelos de negócio em todas essas áreas”, afirma Rodrigo Gruner, diretor de inovação e novos negócios da Vivo.
Com a filosofia de inovação aberta, a Vivo lançou o Vivo Ventures, um Corporate Venture Capital (CVC), com R$ 320 milhões para aplicar em startups em estágio de crescimento. “A iniciativa reforça nossa atuação junto ao ecossistema de startups, em que estamos presentes desde 2012 por meio do hub de inovação aberta Wayra, e outro CVC para os estágios iniciais, com investimentos que somam R$ 25 milhões em 84 empresas”, diz Gruner.
Para demonstrar a inovação no ambiente doméstico, inaugurou a Casa Vivo, em São Paulo, com mais de 440 metros quadrados, que demonstra na prática as possibilidades de uma casa inteligente. “O espaço facilita a conexão de dispositivos sem a necessidade de intervenções estruturais e prediais para a instalação de equipamentos e onde os aparelhos, eletrodomésticos e sistemas de segurança, são acionados por comando de voz”, explica Gruner. A Vivo também foi responsável pela conexão de uma agência bancária com a rede 5G em parceria com o Itaú Unibanco e prevê conectar outras cem agências. “A rede 5G permite aos bancos a oferta de serviços personalizados e mais segurança para os dados financeiros e os protocolos de criptografia mais avançados”, diz Gruner.
A Ericsson investiu mais de R$ 1 bilhão em pesquisa, desenvolvimento e inovação no Brasil nos últimos 20 anos, superando recentemente a marca de 220 famílias de patentes depositadas internacionalmente. “Fortalecemos nossa posição no mercado 5G e não apenas para melhorar os aspectos técnicos das redes, mas também para explorar casos de uso e aplicações que se beneficiam do aumento de capacidade”, afirma Santos.
A jornada de inovação vai além do 5G e da internet das coisas (IoT), incluindo os gêmeos digitais, que são representações programáveis de fenômenos do mundo real, conectando máquinas inteligentes e cooperando com as pessoas e entre si. “Outro projeto é o desenvolvimento de sistemas de energia renovável para redes de telecomunicações, contribuindo para a redução das emissões de carbono”, diz Santos.
Neste ano, a companhia apresentou no Mobile World Congress, em Barcelona, na Espanha, uma plataforma de treinamento e colaboração imersivos, desenvolvida no Brasil, a partir da digitalização completa de um laboratório de ensaios com o uso de realidade aumentada. A plataforma foi recentemente incorporada ao portfólio de inovações do Estúdio Ericsson de Kista, na Suécia. “Essa inovação ‘made in Brazil’ será apresentada aos mais importantes clientes da Ericsson em visita à matriz, demonstrando o poder de transformação do 5G e o potencial de monetização para os operadores de telecomunicações”, explica Santos. Também saiu dos laboratórios brasileiros o sistema de gêmeo digital que controla um robô que movimenta objetos de um ponto a outro de forma remota.
“O Brasil não é um mero importador de tecnologia, mas tem papel importante em pesquisas sobre a eficiência nas faixas de frequência para a entrega de ultravelocidades do 5G e algoritmos de inteligência artificial em redes cognitivas e autônomas”, detalha Santos.
No início de 2023 entrou em operação o Centro de Pesquisa em Engenharia em Redes e Serviços Inteligentes para 2030 (Smartness), uma parceria da Ericsson com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Com investimentos previstos de R$ 56 milhões em dez anos, o centro vai trabalhar com tecnologia de rede, computação de borda e cognição para o desenvolvimento de casos de uso rumo à rede 6G.
A Algar Telecom denomina internamente sua estratégia de inovação de “evolução digital”. Na prática é o desenvolvimento de novos mercados por meio da automação e formas de trabalho mais colaborativas. O Brain, centro de inovação fundado pela companhia em 2017, tem papel importante nesse movimento, com parcerias para a oferta de soluções em internet das coisas (IoT), rede 5G, nuvem e computação de borda, indústria 4.0, saúde e sistemas para pequenas e médias empresas.
Conta ainda com o núcleo de inovação Estação, criado em 2018, para internalizar e dar escala às soluções desenvolvidas pelo Brain e ampliar o portfólio de serviços. “Em 2019 inauguramos o Brain Open, um programa de inovação aberta, onde mais de 1.200 startups foram avaliadas, 90 entraram na fase de desenvolvimento conjunto e 20 tiveram produtos lançados em parceria”, destaca Zaima Milazzo, vice-presidente de tecnologia e inovação da Algar Telecom.
Para o desenvolvimento de aplicações na rede 5G, o Brain se aliou à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no Open Lab 5G com testes de casos de uso. “Nosso foco é a indústria 4.0 e a integração de diferentes tecnologias com a inteligência artificial, agronegócio e soluções que potencializem a IoT”, afirma a vice-presidente.
Na Claro, o hub beOn de inovação aberta e que atende também a Embratel conecta empresas e incentiva empreendimentos alinhados aos objetivos da operadora. “O beOn procura entender e categorizar oportunidades buscando solucionar desafios e desenvolver novas frentes de negócios”, afirma Rodrigo Duclos, diretor de inovação e digital e fundador do beOn Claro.
Um dos papéis do beOn é impulsionar o crescimento de startups oferecendo suporte e acesso a uma rede de contatos. “Usamos metodologias ágeis para aumentar a velocidade de experimentação e adaptação às condições do mercado e dos clientes, diminuindo a burocracia, aumentando a autonomia das unidades e permitindo uma esteira de inovação mais rápida e com menos camadas de decisões”, destaca Duclos.
O maior canal de vendas da empresa é o e-commerce, com equipes organizadas em times que usam dados de forma intensiva. Mais de 85% dos atendimentos para os clientes finais da Claro ocorrem de forma digital por meio dos aplicativos e sites. “Criamos uma unidade de negócio que comercializa algoritmos baseados em dados anonimizados com interfaces de programação (Application Programming Interface, ou APIs) para grandes clientes integrarem seus serviços”, diz Duclos.
Com a aquisição da startup uStore, do Recife (PE), a Claro, por meio da Embratel, sua marca para o mercado corporativo, se posicionou como fornecedora de serviços em nuvem e é parceira da AWS, Azure, GCP e Oracle. Entre os novos projetos estão o desenvolvimento de sistemas com inteligência artificial generativa em diversas frentes, como produtividade dos colaboradores e desenvolvedores e serviços para o público. “A inovação é fundamental nas aplicações que usam as capacidades do 5G como gestão inteligente de vídeo em uma plataforma baseada em inteligência artificial e aprendizado de máquina”, explica Duclos.
Há seis anos a TIM inaugurou um processo de inovação aberta em parceria com os hubs Cubo, AgTech Garage e Distrito, startups em fase de aceleração, centros de pesquisa e desenvolvimento, como o Instituto Virtus, de Campina Grande (PB), universidades, como a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), a Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel) de Santa Rita do Sapucaí (MG), indústrias de diversas verticais e governos. “Nesse período aperfeiçoamos os processos de governança para adequar a contratação de parceiros estratégicos e startups baseados na digitalização de fluxos internos, aplicação de inteligência artificial e software de gestão de cadeias complexas, além de habilitação de parcerias para novos negócios e serviços digitais para a base de clientes”, afirma Marcos Vassali, diretor de desenvolvimento de negócios e inovação da TIM.
A companhia contratou mais de 30 startups de serviços financeiros, saúde conectada, segurança e educação digital. Em fevereiro deste ano lançou ainda uma plataforma internacional de desenvolvimento e venda de soluções para o mercado corporativo com interfaces abertas para a conexão de serviços (ou APIs) com 20 grandes operadoras globais de telecomunicações.
“A iniciativa tem a presença da TIM Brasil e do grupo TIM na Itália para criar oportunidades de negócios, contando com uma rede internacional de operadoras”, explica Vassali. O sistema tem código aberto para o desenvolvimento de APIs padronizadas com alcance e escala global usada por desenvolvedores de aplicações para criar serviços aos assinantes móveis, independentemente da operadora.
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