Inovação
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Por Domingos Zaparolli, para o Valor


A liderança brasileira no mercado internacional de celulose e papel é resultado não só da expansão de capacidades produtivas, mas também de um esforço de inovação das empresas, que abrange melhorias genéticas das florestas plantadas, métodos produtivos mais eficientes e sustentáveis e o desenvolvimento de novos produtos que geram menor impacto ambiental.

Esse conjunto de fatores levou a Suzano à liderança do ranking Valor Inovação Brasil 2023 e está presente também nas ações das empresas que que se destacaram no setor. A Klabin, após o aporte de R$ 12,9 bilhões, concluiu em junho último o maior investimento de seus 124 anos de história, o Projeto Puma II, em Ortigueira, no Paraná, com a entrada em operação da MP 28, máquina que tem capacidade produtiva de 460 mil toneladas anuais de papel-cartão, utilizado em embalagens de alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza.

A produção em Puma II teve início em 2021, com a máquina MP 27, cuja capacidade de produção é de 450 mil toneladas por ano de kraftliner, papel utilizado na estrutura do papelão ondulado. A produção permitiu à Klabin lançar no mercado o primeiro kraftliner do mundo produzido 100% com fibra de eucalipto, fruto de uma inovação conduzida pela própria companhia. Normalmente, o kraftliner é obtido de um mix de fibras de eucalipto e pinus. “O uso exclusivo de eucalipto permitiu uma redução de 15% da gramatura e no peso da embalagem”, diz Francisco Razzolini, diretor de tecnologia industrial, inovação e sustentabilidade da Klabin.

A produção de papel de Puma II ocorre de forma integrada com a produção de celulose da fábrica Puma, também em Ortigueira, que tem capacidade de 1,5 milhão de toneladas anuais. Em outubro, a Klabin iniciou a produção da primeira linha de celulose tipo fluff do mundo, obtida com um mix de fibras, sendo 30% de eucalipto e 70% de pinus, e voltada para os mercados de fraldas, absorventes femininos e tapetes higiênicos para pets. Tradicionalmente são produzidas apenas com pinus, uma árvore que leva 14 anos para o abate, enquanto o eucalipto está maduro em sete anos. “É um ganho importante na produtividade e no melhor aproveitamento da área de plantio”, diz Razzolini.

Em 2022, a Klabin implementou três processos produtivos inovadores na unidade Puma. Em setembro, a companhia se tornou a primeira fabricante de celulose do mundo a produzir sulfato de potássio por meio do processamento de resíduos industriais. O potássio é utilizado na produção de fertilizantes e o Brasil depende da importação do insumo.

O sulfato de potássio está sendo obtido a partir do tratamento das cinzas resultantes do cozimento da madeira no processo de produção da celulose. Antes, o resíduo era descartado e tratado como efluente. “Até o fim de 2024, serão oito mil toneladas/ano de potássio que a companhia deixará de importar.

Outra inovação produtiva é a operação da primeira planta de ácido sulfúrico concentrado de uma fabricante de celulose nas Américas. A produção se dará com a captura de gases provenientes do processo de cozimento da madeira. O volume de produção será de 150 toneladas anuais, o que permitirá a autossuficiência da unidade Puma. O ácido sulfúrico é um insumo utilizado em vários processos da indústria de papel e celulose. A terceira ação foi a instalação de um gaseificador no processo de queima da madeira, que irá gerar gás de síntese que substituirá o uso de óleo combustível no forno de cal e, com isso, evitar a emissão de 62 mil toneladas de gases de efeito estufa na atmosfera.

O ano de 2022 também marcou a constituição do terceiro centro de inovação da Klabin. Instalado em Jundiaí (SP), é voltado para o segmento de embalagens. Os outros centros são em Telêmaco Borba (PR), um dedicado ao desenvolvimento florestal e silvicultura de precisão e outro para tecnologia industrial.

A Klabin possui dois centros de tecnologia no Paraná e um em São Paulo, recém-inaugurado e voltado para soluções em embalagens — Foto: Eduardo Knapp/Divulgação
A Klabin possui dois centros de tecnologia no Paraná e um em São Paulo, recém-inaugurado e voltado para soluções em embalagens — Foto: Eduardo Knapp/Divulgação

Entre os novos produtos lançados em 2022 está o Ekoflex, primeiro papel da Klabin destinado a embalagens flexíveis, que pode inclusive acomodar líquidos e itens oleosos e gordurosos, para uso nas indústrias de alimentos, higiene e limpeza e farmacêuticas. “É uma embalagem de origem renovável que substitui o plástico”, diz Razzolini.

Outra inovação desenvolvida na companhia é uma nova versão do papel-cartão klamulti, direcionado para embalagens de bebidas: o klamulti premium inclui 2% de celulose microfibrilada (MFC) em sua composição, o que permite uma redução de 7% na gramatura e mais leveza para a embalagem. O MFC é um desenvolvimento de 2019, produzido em unidade-piloto para quatro mil toneladas por ano. “Estamos finalizando os projetos para a produção em escala industrial em volume pelo menos dez vezes maior”, afirma o executivo.

Na Irani Papel e Embalagem, tanto a inovação industrial como a de produtos colaboram para uma mesma finalidade, a busca de eficiência e sustentabilidade ambiental. “O uso de papel promove a economia circular, nossa meta é desenvolver soluções que promovam o uso do papel em substituição a outros materiais menos sustentáveis nas embalagens”, diz Fabiano de Oliveira, diretor de pessoas, estratégias e gestão da companhia.

A inovação do parque fabril é realizada por um programa de investimentos de R$ 1 bilhão iniciado em 2020, o qual a Irani batizou de Plataforma Gaia. Até o fim de março de 2023 já haviam sido alocados R$ 767,5 milhões. Os investimentos devem ser concluídos em 2024. Ao todo são dez projetos que envolvem a modernização das cinco unidades da companhia e a autossuficiência energética.

O principal projeto é a modernização da fábrica de papel e embalagens de Vargem Bonita, em Santa Catarina, com um aumento de 29% de produção de celulose kraft marrom. Em junho último, a empresa iniciou as operações de uma nova caldeira de recuperação de químicos. “Vamos gerar energia com o vapor da queima do licor negro resultante do cozimento de rejeitos da celulose”, diz Oliveira.

A fábrica de Santa Catarina consome cerca de 21,5 megawatts por hora (MWh) e a caldeira irá gerar 56% da demanda. A companhia prevê chegar à autossuficiência energética em todas suas unidades até 2030 com os investimentos em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).

Em 2022, a empresa apresentou ao mercado seu primeiro papel voltado ao mercado de construção a seco. Um cartão de celulose duplex utilizado nas chapas de drywall para o revestimento do gesso. O mercado é abastecido principalmente por papel-cartão importado.

Outra inovação da companhia foi o papel para embalagens com tecnologias antiviral e antibacteriana, desenvolvido em parceria com a startup Nanox. O produto é de 2020 e teve como motivação as preocupações da sociedade em relação à pandemia do coronavírus. “Hoje está sendo muito utilizado em embalagens de brinquedos e no delivery de alimentos”, diz Oliveira.

Fabiano de Oliveira, da Irani: soluções para uso do papel em substituição a materiais menos sustentáveis — Foto: Haluz/Divulgação
Fabiano de Oliveira, da Irani: soluções para uso do papel em substituição a materiais menos sustentáveis — Foto: Haluz/Divulgação

A unidade brasileira da Smurfit Kappa, uma das principais fornecedoras globais de embalagens de papel com presença em 35 países, investiu US$ 18 milhões no Brasil em 2022 em projetos de tecnologia e inovação e na infraestrutura de suas cinco fábricas no país. No ano passado, a companhia também adquiriu a fábrica de embalagens em papelão ondulado Paper Box, em Saquarema, no Rio de Janeiro.

A Smurfit Kappa também mantém no Brasil um de seus 28 centros de experiências globais, que são espaços voltados para a cocriação de produtos. “É onde recebemos nossos clientes para unir esforços no desenvolvimento de soluções customizadas”, diz o CEO Manuel Alcalá. Duas ferramentas tecnológicas desenvolvidas no Brasil auxiliam o trabalho nos centros de experiência da Smurfit Kappa.

Uma ferramenta é a plataforma eWheel, dedicada a encontrar soluções adequadas a cada uma das missões de compra dos clientes da empresa. Outra é o software Impackt, que simula o uso das embalagens ao longo dos anos e ajuda a quantificar o impacto ambiental.

O ano de 2022 foi de recorde de produção na CMPC Brasil, que mantém uma fábrica em Guaíba, no Rio Grande do Sul. A produção somou 2,06 milhões de toneladas de celulose e 53,8 mil toneladas de papel, volumes que em cerca de 90% são destinados ao mercado externo. A empresa desenvolve um projeto de R$ 2,75 bilhões, denominado BioCMPC, que une 31 ações de sustentabilidade e modernização da unidade fabril, que vai ampliar a capacidade em 18%. Entre as iniciativas, nove estão relacionadas à implantação de novos equipamentos de controles ambientais, outras oito são voltadas à gestão ambiental e 14 ações são de modernização operacional.

“Implementamos uma sala 4.0 de inovação, que usa uma tecnologia para o desenvolvimento de projetos de indústria 4.0, utilizamos internet das coisas, big data, advanced analytics e diversos algoritmos de inteligência artificial com o objetivo de aumentar a produção, ganhar produtividade e reduzir custos”, diz Mauricio Harger, diretor-geral da CMPC no Brasil.

Em 2022, a empresa investiu US$ 5,49 milhões em inovação. Na área de produtos, um avanço foi a melhoria das propriedades físicas da celulose, com ganhos em características valorizadas no mercado, como melhor resistência à tração e ao rasgo. “Agregamos mais valor ao cliente, e isso resulta em aumento da demanda e da receita para o ano de 2023”, afirma Harger.

Destaques setoriais - Papel e celulose

  1. Suzano
  2. Klabin
  3. Irani
  4. Smurfit Kappa Brasil
  5. CMPC Brasil

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