Inovação
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Por Carlos Vasconcellos, para o Valor


Soluções inovadoras podem contribuir para o desenvolvimento de uma infraestrutura eficiente, com tecnologia capaz de transformar problemas em novos produtos, reduzir perdas e impactos ambientais e melhorar a vida da população. A Organização das Nações Unidas (ONU) aponta, inclusive, a necessidade de se construírem infraestruturas resilientes que sirvam de base para uma industrialização mais sustentável, inclusiva e inovadora.

Primeira colocada do segmento no anuário Valor Inovação Brasil 2023, repetindo a posição do ano anterior, a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) é signatária do Pacto Global de Desenvolvimento Sustentável da ONU e aposta em aplicações inovadoras, das mais sofisticadas às mais básicas, em todas as frentes de negócio. A empresa explora a geração aeróbica e anaeróbica de biogás em suas estações de tratamento de esgoto, tornando algumas de suas unidades autossuficientes no consumo de energia.

Para resolver uma questão ambiental – o destino dos resíduos do tratamento de esgoto –, a companhia busca tecnologias que atendam a agricultura. “Estamos lançando uma chamada pública para desenvolver biofertilizantes a partir do lodo do esgoto, reduzindo o despejo em aterros”, diz Claudio Stabile, diretor-presidente da companhia. Os resíduos sólidos já são usados para a fabricação de 300 mil toneladas de adubo por ano, destinadas a pequenos agricultores do Paraná. O próximo passo será a geração de hidrogênio renovável em escala. “Fechamos um acordo com o governo da Alemanha para desenvolver essa tecnologia sustentável.”

A empresa não mantém uma dotação orçamentária específica para a inovação porque, segundo Stabile, busca incorporar soluções inovadoras em todos os investimentos do portfólio, que somam R$ 11 bilhões para o período de 2023 a 2027. “Isso é fundamental para reduzir custos e, principalmente, garantir a sustentabilidade dos nossos projetos”, afirma.

A Sanepar está em negociação com as principais operadoras de telefonia para usar redes de esgoto para a implantação de infraestrutura 5G. “É um ambiente protegido, propício para o cabeamento, e econômico, pelo uso compartilhado”, diz o executivo, acrescentando que a tecnologia possibilita o emprego da internet das coisas (IoT) para monitoramento das redes 24 horas por dia. “Isso permite ter inteligência embarcada para prevenção de perdas, desde a captação da água até a distribuição, incluindo uso de hidrômetros inteligentes que já estão sendo testados e que informam ao cliente sobre possibilidade de vazamentos.”

Estação de tratamento de esgoto da Sanepar: companhia quer transformar resíduos em biofertilizantes para a agricultura — Foto: Divulgação
Estação de tratamento de esgoto da Sanepar: companhia quer transformar resíduos em biofertilizantes para a agricultura — Foto: Divulgação

Segunda colocada no segmento, subindo uma posição em relação a 2022, a Sabesp aloca cerca de R$ 200 milhões por ano em inovação. Para Paula Violante, diretora de engenharia e inovação da companhia paulista, o saneamento básico tem um forte componente social. “Tecnologias inovadoras para ampliar a eficiência e a eficácia dos processos de tratamento são de extrema importância”, afirma. “Não só as mais avançadas, mas também as tecnologias alternativas, de menor custo, como as soluções baseadas na natureza.”

Violante aponta a importância de soluções que proporcionam ganhos de eficiência em redução de perdas de água, eficiência energética, gestão, recuperação de recursos na economia circular ou mesmo na relação com o cliente. “Vemos potencial em soluções de inteligência artificial, machine learning, tecnologias imersivas – como realidade estendida, aumentada e virtual – e em conectividade, como a IoT”, enumera.

Entre os principais programas de inovação da Sabesp está a implementação do sistema de oxigenação do rio Pinheiros, em São Paulo, com tecnologia inédita no Brasil. “O processo consiste na dissolução molecular do oxigênio, que gera teores muito acima dos atingidos pelos métodos tradicionais de aeração, ou mesmo da aplicação de oxigênio puro”, explica Violante. A tecnologia potencializa o processo natural de autodepuração do rio com melhoria de qualidade de suas águas, o que propicia o desenvolvimento da vida aquática e a supressão da emissão de odores no entorno.

Outro projeto é o sistema de inteligência em operação e serviços, que busca otimizar recursos e combater a escassez hídrica por meio de ferramentas de business intelligence na gestão das bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. “A inteligência analítica permitiu uma economia mensal de energia de 54% ao viabilizar o desligamento de bombas em horários de maior custo”, diz Violante.

Paula Violante, da Sabesp: empresa paulista aloca cerca de R$ 200 milhões ao ano em inovação — Foto: Divulgação
Paula Violante, da Sabesp: empresa paulista aloca cerca de R$ 200 milhões ao ano em inovação — Foto: Divulgação

A BRK Ambiental Participações, por sua vez, aponta que, com o potencial de expansão do saneamento, inovação tornou-se fundamental para o crescimento, a competitividade, a eficiência operacional e a sustentabilidade do negócio. Terceira colocada no setor de infraestrutura, também galgando uma posição sobre 2022, a BRK atua na área de saneamento em cem municípios de 13 Estados brasileiros, atendendo a mais de 16 milhões de pessoas.

Antonio Augusto Cruz, diretor de tecnologia da empresa, explica que a inovação gera valor ao otimizar tempo e recursos nos processos e ao reduzir custos. “Por meio da inovação aplicada ao saneamento, podemos trazer melhorias nos indicadores de saúde e estimular turismo, promover valorização imobiliária, aumentar o Índice de Desenvolvimento Humano e ainda preservar o meio ambiente.”

Reconhecida como uma das líderes na prática de inovação aberta com startups, a BRK vem investindo em tecnologia digital nos últimos anos – por exemplo, com o monitoramento on-line de qualidade em estações de tratamento. “Há situações em que conseguimos entregar nossos serviços e monitorar os dados necessários a essas operações em regiões onde a telecomunicação tradicional ainda nem chegou”, diz Cruz. “A inteligência artificial e o 5G, além de prover uma nova dinâmica de acesso aos dados, potencialmente permitirão que nossa capacidade de atendimento seja ampliada, um fator-chave para a prestação de serviços de saneamento cada vez melhores e mais eficientes.”

Para Maurício Endo, vice-presidente de inovação e parcerias estratégicas da Aegea Saneamento e Participações, a inovação é fundamental para que o setor atinja suas metas de universalização de forma sustentável até 2033. Com cerca de 30 milhões de clientes, a empresa ficou em quarto lugar no ranking (era a quinta colocada no ano anterior). “Aumentar a cobertura de tratamento de esgoto, de 54% para 90%, e de distribuição de água, de 84% para 90%, nesse período é um tremendo desafio”, avalia. Endo afirma que o investimento necessário para atender áreas carentes é alto, enquanto a receita nessas regiões em geral é menor. “É necessário criar soluções que deem equilíbrio e escala à operação.”

A saída, portanto, é inovar. No Rio de Janeiro, onde a Águas do Rio, concessionária da Aegea, assumiu a concessão de águas e esgotos, o grupo fez um mapeamento de infraestrutura predial em todas as suas plantas, usando tecnologia digital BIM. “Criamos uma base de dados segura, que permite aplicar manutenção preventiva, reduzir custos e aumentar a vida útil e a disponibilidade dos equipamentos”, conta.

A concessionária também combate perdas na distribuição com uso de tecnologia de satélite de Israel para detectar manchas de cloro a 20 metros de profundidade no solo. “Essas manchas indicam com mais precisão os locais de possíveis vazamentos de água tratada”, diz Endo.

O grupo ainda investe na eficiência energética. A meta é reduzir em 15% o consumo de quilowatts por metro cúbico de água tratada. Estão no radar projetos para produção de biogás e uma parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF) para a produção de hidrogênio verde a partir do lodo de esgoto. A Aegea tem uma plataforma de captação de ideias aberta a todos os colaboradores e, em parceria com a Inova Latam, mantém um ecossistema de startups que desenvolvem soluções com impacto positivo para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Quinto colocado no ranking e atuando em concessões de rodovias, transporte público e aeroportos no Brasil e no exterior, o grupo CCR passou a estimular a cultura inovadora entre seus cerca de 17 mil colaboradores. “A inovação não é feita de tecnologia, é feita por pessoas”, defende Pedro Sutter, vice-presidente de inovação. “Temos um processo de governança que ajuda a gerenciar até mesmo a propriedade intelectual das ideias.”

Entre os projetos de destaque está a primeira rodovia free flow do país, que liga o Rio de Janeiro a Angra dos Reis. Utilizando portais com leitura de tag e de placas de veículos, o grupo economizou cerca de R$ 50 milhões em cada local de pedágio. “Sem falar no ganho de segurança, na agilidade para os motoristas e no ganho de sustentabilidade, ao evitar a construção de estruturas de grande porte em uma área de Mata Atlântica”, diz Sutter.

A CCR busca melhorar o atendimento aos usuários, como a recarga de bilhetes de metrô em Salvador via WhatsApp, reduzindo o tempo gasto pelos passageiros na bilheteria. O grupo também desenvolveu um aplicativo para o controle de despesas dos clientes do segmento de aviação geral, que inclui aeronaves executivas e de carga, em seus aeroportos. “Elimina o controle manual e as planilhas e permite que o cliente tenha mais transparência e previsibilidade nos custos, o que facilita o processo de cobrança”, afirma o executivo.

Destaques setoriais - Infraestrutura

  1. Sanepar
  2. Sabesp
  3. BRK Ambiental
  4. Aegea Saneamento
  5. CCR

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