Inovação
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Por Roseli Lopes, para o Valor


Com participação em todas as cadeias produtivas, o setor de bens de capital transfere as novas tecnologias e inovações para processos produtivos de outros bens e serviços. Vem daí sua importância na inovação para o ganho de competitividade e produtividade da indústria e o crescimento da economia. Com a busca por uma economia de baixo carbono, sustentável, com menos emissão de gases de efeito estufa, temas como hidrogênio, energia limpa e renovável, eficiência energética e descarbonização entraram de vez na área de pesquisa & desenvolvimento (P&D).

O desinvestimento em combustíveis fósseis ganha protagonismo na thyssenkrupp, eleita pelo sétimo ano consecutivo como uma das mais inovadoras do anuário Valor Inovação Brasil, conquistando a segunda posição entre as cinco em destaque no setor de bens de capital. A subsidiária do grupo alemão está construindo, na Bahia, para a Unigel – uma das maiores companhias do setor químico do país –, a primeira planta industrial no país para a fabricação de hidrogênio verde (H2V), considerado uma das soluções mais promissoras para a descarbonização da economia, por ser 100% sustentável. O projeto está sob a responsabilidade da thyssenkrupp nucera, divisão do grupo voltada às plantas com esse foco.

Com entrega prevista para o fim deste ano, a thyssenkrupp nucera fornecerá soluções de eletrólise de água para a produção do hidrogênio, que poderá ser usado na siderurgia, setor industrial com maior índice de emissão de CO2 na atmosfera, além do uso em refino do petróleo. “É uma inovação bastante relevante para o grupo, que tem o tema hidrogênio e descarbonização no centro de sua estratégia”, diz Paulo Alvarenga, CEO para a América do Sul. A thyssenkrupp, conta, está investindo 2 milhões de euros (cerca de R$ 10,75 milhões) para substituir o uso do carvão pelo hidrogênio em sua usina siderúrgica na Alemanha.

A importância dessa inovação para o conglomerado foi ratificada no dia 7 de julho, com o IPO da thyssenkrupp nucera na bolsa de valores de Frankfurt, na Alemanha, com uma captação de 526 milhões de euros (R$ 2,37 bilhões), que serão investidos na própria nucera. O objetivo do IPO foi dar mais independência, versatilidade e poder à nucera, além de capitalizar a divisão de plantas de eletrólise para que cresça ainda mais, segundo Alvarenga. O executivo confirma que a thyssenkrupp já vem conversando com mais empresas no Brasil para projetos de plantas semelhantes.

Outra iniciativa está na área de defesa naval, no projeto batizado de Classe Tamandaré, onde a thyssenkrupp está construindo, desde o fim de 2022, em parceria com a Embraer e a Atech, uma fragata de alta tecnologia no que Alvarenga classifica como “talvez o projeto mais inovador da história da Marinha no Brasil”. “O primeiro navio, de um total de quatro que serão produzidos, deverá ser entregue no fim de 2025 e a partir daí será um por ano sucessivamente, até 2028”, conta. Com tecnologia avançada na parte eletrônica, a fragata terá sistema de combate de última geração e grau de atuação mais eficiente, diz o CEO. “Esse projeto, de altíssima tecnologia, vai fornecer embarcações mais modernas”, afirma. Essa mesma tecnologia, inédita no Brasil, já é utilizada em embarcações nas marinhas de outros países.

Fragata construída pela thyssenkrupp para a Marinha do Brasil em parceria com outras empresas: tecnologia inédita no país — Foto: Divulgação
Fragata construída pela thyssenkrupp para a Marinha do Brasil em parceria com outras empresas: tecnologia inédita no país — Foto: Divulgação

Terceira colocada no ranking do setor, a Nidec Global Appliance vem reduzindo o consumo de carbono com sua linha de compressores e motores. A empresa é uma plataforma da Nidec Appliances, Comercial and Industrial Motors, que por sua vez é uma unidade de negócios da japonesa Nidec Corporation, que fabrica e comercializa produtos para aplicações residenciais e comerciais – incluindo soluções Embraco para refrigeração, marca que detém desde 2019 – e motores para máquinas de lavar, secadoras e lavadoras de louça. A companhia trouxe para o mercado os compressores com tecnologia inverter, de velocidade variável, que permitem uma redução de 50% no consumo de energia em relação aos compressores de velocidade fixa comuns e ainda melhoram a eficiência energética do produto, reduzindo também o ruído.

Além da velocidade variável, a empresa desenvolveu compressores menores, de quatro kg, ante cinco a seis kg usados no mercado externo, para refrigeração doméstica, como geladeira e ar-condicionado. “Reduzimos o tamanho em 40%, elevando com isso a capacidade, a eficiência energética e a competitividade do produto”, diz Guilherme Almeida, presidente da Nidec Global. “No Brasil, investimos mais de US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões), nos últimos três anos, no desenvolvimento de novos produtos, sendo que os compressores detêm a maior parte desses recursos”, relata. Apenas a produção da tecnologia de velocidade variável consumiu US$ 10 milhões (R$ 53,75 milhões) de 2019 a 2022. Hoje, conta, 40% da receita anual da empresa vem dos compressores com velocidade variável. A expectativa é que esse percentual chegue a 70% em três anos. Em 2023, a empresa tem como meta produzir um milhão desses compressores, dobrando esse número em 2024. Compressores menores, diz o executivo, estão levando para dentro da Nidec quase US$ 40 milhões (R$ 215 milhões) anuais em receita. “Mas tem potencial para chegar a US$ 100 milhões (R$ 537,5 milhões) no futuro. O mercado vai migrar para esse compressor, saindo dos tradicionais, que gastam mais energia.”

Outra prioridade é a substituição dos refrigerantes sintéticos – os hidrofluorcarbonetos – por refrigerantes naturais, os hidrocarbonetos, que proporcionam maior eficiência energética e com impacto quase zero no aquecimento global, além de não ter impacto na camada de ozônio. Em 2021, 65% dos compressores Embraco vendidos no mundo estavam aptos a utilizar esses fluidos. Saindo do forno da Nidec está um software que, acoplado aos compressores, permite ajustar o equipamento após detecção de perdas de energia. “Foram três anos de engenharia para colocar no mercado agora em 2023, quando iniciaremos sua comercialização”, diz Almeida. As iniciativas de P&D consomem por ano de 3% a 4% da receita líquida da companhia.

Para a Nidec, a importância de manter esse porcentual de investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e inovação está no fato de que 50% da receita vem hoje de produtos lançados nos últimos cinco anos. A empresa tinha pouco mais de 1.050 patentes em 2021, atingindo o segundo lugar no ranking do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para companhias privadas.

Guilherme Almeida, presidente da Nidec: tecnologia para tornar equipamentos mais econômicos e ecológicos — Foto: Divulgação
Guilherme Almeida, presidente da Nidec: tecnologia para tornar equipamentos mais econômicos e ecológicos — Foto: Divulgação

O desenvolvimento de materiais que permitam a construção de motores a hidrogênio é uma das iniciativas para descarbonização da multinacional do setor de metalurgia Tupy, quarta colocada. A Tupy Tech, área concentrada em projetos de P&D disruptivos voltados principalmente à eficiência energética, está desenvolvendo cabeçotes para motores produzidos para caminhões movidos a hidrogênio, que têm emissão zero de carbono e redução da carga elétrica em relação à versão a diesel. “Estamos olhando lá na frente porque acreditamos que o mundo vai ser multicombustível”, diz Daniel Moraes, diretor de TI e inovação da Tupy.

Uma segunda linha de inovação é o UltraLight Iron, solução para aplicação em motores menores, mais leves, porém robustos, movidos a gasolina, etanol ou híbridos, mas com grandes ganhos de redução de pegada de CO2. Em 2022, a Tupy investiu R$ 36 milhões em P&D, R$ 10 milhões a mais que no ano anterior. Do total investido, 57% foram direcionados a projetos relacionados à sustentabilidade.

Nos próximos três anos a companhia pretende desembolsar R$ 340 milhões para expandir a fábrica de atendimento por serviços de alto valor agregado, como novas tecnologias para acelerar a transformação digital das operações. “De 2020 para 2022 dobramos de tamanho, passamos de uma empresa de R$ 4,2 bilhões para R$ 10 bilhões, mostrando o ganho que conseguimos por meio da inovação”, afirma o diretor de TI e inovação da Tupy.

Quinta colocada, a Schneider, do setor de soluções tecnológicas, tem como foco a inovação em eletrificação e a digitalização, consideradas fundamentais para a sustentabilidade. A EcoStruxure é uma plataforma que conecta toda a operação da empresa, desde o chão de fábrica até o nível executivo, para levar dados e informações para a tomada imediata de decisões. “Essa plataforma é importante porque dá ao executivo a possibilidade de tomar uma decisão em tempo real contra qualquer perda de energia que esteja ocorrendo, evitando com isso o desperdício, as perdas”, diz Regis Ataídes, VP industrial automation e head of digitalization.

Uma nova solução, de acordo com o executivo, é a EcoStruxure Resource Advisor, plataforma ESG lançada em 2023 baseada na nuvem que permite a coleta e a gestão de dados em tempo real. “A plataforma foi criada para que nossos parceiros e clientes, e também a Schneider, que a usa dentro de casa, possam gerir todos os dados de segurança, sustentabilidade, energia e descarbonização de maneira que a empresa tenha em mãos toda e qualquer informação sobre ESG e a partir daí tome decisões”, relata o executivo.

Destaques setoriais - Bens de capital

  1. Embraer
  2. Thyssenkrupp
  3. Nidec Global Appliance
  4. Tupy
  5. Schneider

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