Inovação
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Por Simone Goldberg, para o Valor


Com investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) direcionados para as áreas de transição energética, descarbonização e produtos mais verdes, sem deixar de lado o segmento de exploração e produção, a Petrobras saltou quatro posições em relação à edição do ano passado do anuário Valor Inovação Brasil e conquistou a segunda colocação do ranking geral, além de liderar a classificação setorial.

No Plano Estratégico atual da companhia (2023-2027), o orçamento previsto para inovação e transformação digital é de US$ 2,1 bilhões. “Investir em inovação é um pilar para a continuidade da empresa, e a indústria de óleo e gás enfrenta um grande desafio tecnológico para garantir uma transição energética justa”, destaca a gerente-executiva do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), Maiza Goulart.

Com 60 anos, completos em 2023, o Cenpes já nasceu engajado no modelo de inovação aberta, característica que vem se mantendo ao longo da sua história. “Mais de 95% dos projetos são feitos com parcerias. É raro um projeto ser realizado exclusivamente no Cenpes”, ressalta a executiva. Ao todo, a Petrobras forma um ecossistema de inovação com mais de nove mil pesquisadores.

Esse esforço coletivo vem alcançando resultados positivos, utilizados geralmente pelas atividades e operações da estatal. “A colaboração nos ajuda a escalar o uso dessas tecnologias”, frisa Goulart. Os números mostram a evolução e a recompensa dessa dedicação: no ano passado, a Petrobras depositou 128 patentes, ante 119 em 2021. No ano anterior, foram 82.

Ela conta que existem 13 linhas de pesquisas no Cenpes. Os temas abordados são exploração e produção – em especial vislumbrando essa atividade no futuro –, a transição energética e a descarbonização, incluindo produtos de origem renovável. Uma das vertentes de pesquisa se debruça sobre os desafios de tornar as operações de exploração e produção cada vez mais submarinas, comandadas automaticamente ou por robôs.

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Para a executiva, os avanços da robótica e da transmissão de dados facilitam a implementação desse tipo de empreitada na prática. Hoje, a empresa já convive com a aplicação da digitalização e robotização de processos, inteligência artificial, gêmeos digitais, analytics, computadores de alto desempenho e realidade mista em seus negócios.

Maiza Goulart: avanços da robótica e da transmissão de dados facilitam as operações — Foto: Vivian Fernandez/Divulgação
Maiza Goulart: avanços da robótica e da transmissão de dados facilitam as operações — Foto: Vivian Fernandez/Divulgação

Até 2028, uma nova tecnologia submarina, patente da estatal, deve estar em funcionamento. A Petrobras está na fase final da licitação para fechar a construção do sistema Hisep, que é capaz de remover o gás de alto teor de CO2 ainda no fundo do mar. O Hisep será instalado no campo de Mero, no pré-sal da bacia de Santos.

O sistema, conta ela, vai separar o gás no leito marinho e reinjetá-lo no reservatório, evitando sua emissão para a atmosfera e aumentando a eficiência do projeto. Goulart diz que a inovação tem potencial para reduzir a unidade de processamento de gás da superfície, ajudando a diminuir o valor do investimento inicial, os custos do projeto e a complexidade geral do FPSO (espécie de navio-plataforma). “Isso representará um divisor de águas para a indústria de óleo e gás, que está orientada para um futuro de baixo carbono”, destaca a gerente- executiva do Cenpes.

Em outra frente, a Petrobras vai implantar o conceito básico de All Eletric (Tudo Elétrico) pela primeira vez nas plataformas P-84 e P-85, que serão instaladas nos campos de Atapu e Sépia, respectivamente, no pré-sal da bacia de Santos. A inovação se baseia na eletrificação de todos os sistemas de processamento nas novas instalações de superfície das plataformas.

O resultado será aumento da eficiência energética e da confiabilidade da operação, além de corte nas emissões líquidas de CO2, estimado em até 20%. A empresa está em fase de contratação das plataformas – cada uma com capacidade para produzir 225 mil barris diários de óleo e dez milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. O início da produção está previsto para 2028.

Ainda em fase de estudos, a Petrobras fará um projeto-piloto de CCS (sigla em inglês para captura e armazenamento de carbono) no Rio de Janeiro, com capacidade para capturar cem mil toneladas de CO2 anuais no terminal de Cabiúnas, no norte do Estado. Se atender às expectativas, o projeto pode abrir portas para outro, mais amplo, que seria a implantação de um hub de CCS em grande escala, em parceria com outras empresas.

Para isso, será preciso criar uma infraestrutura de escoamento do CO2 a partir de locais de captura em instalações industriais até seu armazenamento permanente, feito em um reservatório abaixo do leito marinho. A tecnologia propicia menor emissão de gases de efeito estufa gerados também por outros setores, como o cimenteiro e o siderúrgico.

Em novembro deste ano, a empresa vai testar uma tecnologia desenvolvida pelo Cenpes para biorrefino, visando obter produtos petroquímicos e combustíveis de origem inteiramente renovável. Será na Refinaria Riograndense, em Rio Grande (RS), que tem Braskem e Ultra como sócias da estatal. A unidade de FCC (craqueamento catalítico fluido) será preparada com inovações de processo e sistema catalítico, gerando insumos integralmente renováveis.

Em junho de 2024, um segundo teste fará coprocessamento de carga fóssil com bio-óleo, gerando propeno, gasolina e diesel, todos com conteúdo renovável a partir de matéria-prima avançada de biomassa não alimentar. Se as experiências industriais forem bem-sucedidas, a unidade industrial poderá produzir, principalmente, bioaromáticos para a indústria petroquímica e se tornar a primeira na América Latina convertida em biorrefinaria e processar insumos de origem 100% renovável.

O Cenpes trabalha com digitalização e robotização de processos, inteligência artificial e realidade mista — Foto: Divulgação/André Valentim
O Cenpes trabalha com digitalização e robotização de processos, inteligência artificial e realidade mista — Foto: Divulgação/André Valentim

Em energias renováveis, a estatal já começou a testar a Bravo (Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore), um equipamento inédito no país que mede a velocidade e direção do vento. Esses dados são essenciais à implantação de complexos de geração eólica offshore. O projeto foi iniciado em 2021 e, por ter duração de dois anos, está perto do fim.

Desenvolvida em parceria com o Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) do Rio Grande do Norte e com o Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados (ISI-SE) de Santa Catarina, a boia nacional também é capaz de processar variáveis meteorológicas, como pressão atmosférica, temperatura do ar e umidade relativa, além de ondas e correntes marítimas. A estimativa é que possa reduzir em 40% o custo em relação à contratação no exterior.

Para Goulart, o setor de óleo e gás tem a cultura da inovação muito presente, o que exige a busca constante de conhecimento. As lideranças da empresa, destaca ela, são treinadas e estimuladas para a inovação. “Investimos muito na formação das pessoas, mais de 600 colaboradores do Cenpes têm mestrado ou doutorado”, ressalta a executiva. Localizado no Rio de Janeiro, o Cenpes possui mais de mil colaboradores.

Os objetivos do Plano Estratégico 2023-2027 para a área de transformação digital e inovação são, entre outros, ter 80% dos processos digitalizados com foco na robotização e mais de 25 mil empregados capacitados e requalificados em digital até 2027. Antes disso, até 2025, a meta é atingir mais de 1.200 patentes ativas.

Ficha

  • Investimentos no Brasil: US$ 2,1 bilhões (plano estratégico 2023-2027)
  • Centros de pesquisa no Brasil: 1**
  • Patentes no Brasil: 128***
  • Funcionários em P&D: 1,18 mil****
  • Parcerias: 950*****
  • **: Centro de Pesquisas (Cenpes), que conta com um núcleo regional, Six (PR), e dois em construção em Linhares (ES) e 116 laboratórios.
  • ***: depositadas em 2022.
  • ****: 123 consultores, 59 gerentes, 11 coordenadores, 43 supervisores e 948 pesquisadores.
  • *****: 150 de inovação e 800 ativas.

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