Inovação
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Por Inaldo Cristoni, para o Valor


Com investimento de R$ 3,4 bilhões em pesquisa e desenvolvimento em 2022 e uma estratégia amparada no conceito de mineração circular, a Vale leva adiante uma multiplicidade de projetos de inovação com objetivo de minimizar os impactos da atividade de mineração sobre o meio ambiente, após a tragédia de Brumadinho. Alguns deles, focados em tornar as operações mais “limpas”, estão em consonância com metas de redução de emissões nos próximos anos, enquanto outros, que buscam alternativas para processos produtivos, podem ganhar materialidade ainda em 2023.

Como contribuição para a ofensiva contra a mudança climática, as metas relativas às emissões são de redução de 33% até 2030 no caso das emissões diretas e indiretas (escopos 1 e 2) e de 15% até 2035 das emissões relativas aos clientes (escopo 3). A Vale almeja ser neutra em carbono em 2050. No rol das medidas implementadas para atingir esses objetivos, Rafael Bittar, vice-presidente-executivo técnico da companhia, destaca o avanço na descarbonização da matriz energética. “Também estudamos combustíveis alternativos, como amônia e etanol, e fazemos testes com veículos elétricos”, acrescenta.

Duas plantas de briquete de minério de ferro serão ativadas em Vitória (ES). Já em fase de comissionamento, uma delas começará a produzir neste ano para honrar os mais de 30 acordos firmados para oferta de soluções inovadoras de descarbonização. Resultado de pesquisa de 20 anos no Centro de Tecnologia de Ferrosos da Vale, localizado em Nova Lima (MG), o produto pode reduzir em até 10% as emissões na produção de aço ao permitir a eliminação da etapa de sinterização. Além disso, reduz a emissão de partículas e de gases, como o dióxido de enxofre e o óxido de nitrogênio, e dispensa o uso de água em sua produção.

A Vale realizou em março os testes com o biocarbono no processo de queima de pelota, aglomerado de minério de ferro utilizado na produção de aço na siderurgia. O produto renovável, obtido por meio da carbonização de biomassa, substituiu o carvão antracito, que corresponde a cerca de 50% das emissões de CO2 na pelotização.

Rafael Bittar, VP técnico da Vale: investimento na descaracterização de barragens — Foto: Divulgação
Rafael Bittar, VP técnico da Vale: investimento na descaracterização de barragens — Foto: Divulgação

No Complexo de Vargem Grande, em Nova Lima (MG), foram produzidas cerca de 50 mil toneladas de pelotas, das quais 15 mil com 100% de biocarbono de origem certificada. Os testes começaram com uma taxa de substituição de 50% e, depois, evoluíram gradativamente, até chegar a 100%. Obtido a partir da carbonização de biomassa, o biocarbono tem como grande apelo a emissão zero. Processo mais intenso em carbono relativo às emissões diretas da Vale, a pelotização corresponde hoje a 30% do total de emissões do escopo 1.

O início da operação, em novembro do ano passado, do Projeto Sol do Cerrado possibilitará à Vale atingir a marca de 100% do consumo de energia de fonte renovável no Brasil neste ano. Para que isso se torne uma realidade, será preciso que o complexo de energia solar em construção na cidade mineira de Jaíba esteja em funcionamento a plena carga, o que, segundo Bittar, estava previsto para julho. Por enquanto, apenas quatro dos 17 subparques de geração solar já foram energizados.

Empreendimento estimado em R$ 3 bilhões, o projeto Sol do Cerrado é considerado um passo importante para ajudar a Vale a atingir as metas de redução de emissões. Com potência instalada (no pico) de 766 megawatts de energia, o complexo de geração solar abrigará 1,4 milhão de placas solares dotadas de sistemas de rastreamento automático da movimentação do sol durante o dia, para maior aproveitamento dos raios solares na geração de energia. “O parque representará 16% de toda a energia consumida pela Vale no Brasil”, informa Bittar.

Na abordagem de mineração circular, os esforços da Vale se concentram no reaproveitamento de rejeitos oriundos do processamento do minério de ferro para o desenvolvimento de outros produtos. É o caso, por exemplo, da areia sustentável, produzida desde 2021 na mina de Brucutu, localizada em São Gonçalo do Baixo (MG), e que no ano passado passou a ser produzida também em Viga, em Congonhas (MG). De acordo com Bittar, foram destinadas cerca de 1 milhão de toneladas do produto para venda para a construção civil e doação. “Também estudamos o uso de rejeito na fabricação de produtos cimentícios”, afirma.

A vantagem é reduzir a geração de rejeitos e diminuir a dependência de barragens. Bittar explica que o processamento úmido do minério de ferro, que é utilizado atualmente em menos de 30% da produção da Vale, gera rejeitos que são compostos basicamente de sílica – o principal componente da areia – e de minério de ferro. Trata-se de um material não tóxico, cujo processamento é submetido apenas a processos físicos, sem alteração de sua composição química.

O executivo da Vale aponta algumas tendências em projetos de inovação nos próximos anos. “É importante contextualizar que a demanda por aço será influenciada pelos incentivos à produção do aço verde, que é feita sem emissões de CO2, e pelos investimentos em infraestrutura para energia renovável.” Considerada mais “limpa” do que a rota de alto-forno, porque utiliza gás natural em vez de coque, a rota de redução direta será mais utilizada na produção de aço. Além da descarbonização, a mineração circular seguirá como tema dominante no desenvolvimento de inovação nos próximos anos, acredita Bittar.

Laboratório Gera do Instituto Tecnológico da Vale, no Pará: testes com biocarbono — Foto: Artur Arias Dutra/Divulgação
Laboratório Gera do Instituto Tecnológico da Vale, no Pará: testes com biocarbono — Foto: Artur Arias Dutra/Divulgação

A Vale mantém um olhar atento também aos requisitos de automação, teleoperação e robótica. Para garantir mais segurança e confiabilidade às operações de mineração, investiu em equipamentos autônomos e em robôs – dois deles desenvolvidos no Instituto Tecnológico Vale Mineração, localizado em Minas Gerais. “Estamos investindo na operação remota para descaracterização de barragens a montante, ou seja, o retorno dessas estruturas à natureza”, complementa Bittar.

A conexão com o ecossistema de inovação é um meio para fomentar a cultura de inovação na Vale. No ano passado, a companhia criou oito hubs de inovação abertos, que operam como uma rede de desenvolvimento e experimentação de novas soluções. Por outro lado, mantém conexões com parceiros externos, como o Mining Hub, que tem as mineradoras como associadas; o Fiemg Lab, uma iniciativa do Instituto Euvaldo Lodi (IEL) no âmbito da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg); e o FindesLab, da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes).

Além dos hubs, a Vale conta com o programa BootCamp, cujo objetivo é envolver o time de colaboradores nos desafios para busca de novas soluções inovadoras. Em 2022, foram realizados quatro ciclos desse tipo de evento, com o acompanhamento da implantação de 16 desafios.

Os investimentos em startups ocorrem muitas vezes por meio do Vale Ventures, criado no ano passado e com acesso aos principais ecossistemas de inovação em nível global. Uma das que receberam aporte é a Boston Metal, dos Estados Unidos, que desenvolveu uma tecnologia para produção de aço verde e metais de alto valor, como estanho e nióbio. Em maio, a companhia informou que essa tecnologia será aplicada em uma unidade de Minas Gerais que produz metais de alto valor a partir de rejeitos de mineração. Outro investimento é na startup de biologia transformacional Allonnia, também dos Estados Unidos, cujas soluções utilizam micróbios personalizados para aplicações ambientais específicas.

Ficha

  • Investimento no Brasil: R$ 3,4 bilhões (em 2022)
  • Centros de pesquisa no Brasil: 5 - Instituto Tecnológico Vale (IVT) Mineração, em Ouro Preto (MG); Centro de Tecnologia de Ferrosos (CTF), em Nova Lima (MG); Centro de Desenvolvimento Mineral (CDM), em Santa Luiza (MG); Centro Tecnológico de Soluções Sustentáveis (CTSS), em Xérem, Duque de Caxias (RJ); ITV - Desenvolvimento Sustentável, em Belém (PA).
  • Patentes no Brasil e no exterior: 48*
  • Funcionários em P&D: **
  • * 10 concedidas em 2022
  • *atividade transversal e integrada ao quadro de funcionários

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