Inovação
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Por Domingos Zaparolli, para o Valor


A Suzano é hoje a maior fornecedora de celulose de mercado do mundo, com uma capacidade de produção de 10,9 milhões de toneladas, e ainda fabrica 1,3 milhão de toneladas de papel. Números que darão um salto em 2024, quando entrará em operação o Projeto Cerrado, no Mato Grosso do Sul, cuja capacidade anual de celulose será ampliada em 2,55 milhões de toneladas. Mas definir a Suzano como uma empresa de papel e celulose não é mais adequado. A Suzano é uma companhia de base florestal que cada vez mais colhe os frutos de uma aposta no desenvolvimento de bioprodutos.

No rol de novos negócios está o fornecimento de insumos de origem florestal para a produção de fibra têxtil, polímeros para a indústria de plásticos e borrachas, bio-óleos, aditivos químicos, carbono natural que entra na composição de baterias de lítio, ingredientes para a indústria de beleza e cuidados pessoais e uma série de novos produtos que estão ainda em fase de pesquisas laboratoriais, seguindo o conceito de inovabilidade, a inovação vinculada à sustentabilidade.

“Reunimos em nossa história uma grande competência em produtividade florestal. Agora, nos dedicamos a usar essa experiência para auxiliar a transição de uma economia fóssil para uma economia sustentável, com a oferta de bioprodutos”, diz Fernando Bertolucci, diretor-executivo de sustentabilidade, pesquisa e inovação da Suzano.

Um exemplo de bioproduto que já transcendeu a fase de laboratório para o mercado é uma fibra têxtil, criada a partir de celulose nanométrica obtida de madeira de árvores plantadas. Em maio, a Woodspin, joint venture entre a Suzano e a startup Spinnova, inaugurou na Finlândia uma fábrica com capacidade para produzir mil toneladas por ano de fibra têxtil e anunciou planos para alcançar uma capacidade de um milhão de toneladas de fibra têxtil de madeira até 2033.

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“É um produto com forte apelo ecológico, que não usa químicos nocivos como o tecido de viscose e consome 90% menos água que as fibras de algodão”, diz Bertolucci. Entre os clientes da nova fibra estão marcas de vestuário europeias como a Adidas, a Arket, do grupo H&M, a Marimekko e a Jack&Jones.

Em média, a Suzano investe 1% de seu faturamento líquido em pesquisa, desenvolvimento e inovação. No ano passado, a companhia registrou uma receita líquida de R$ 49,8 bilhões, com um crescimento de 22% em relação ao ano anterior. A empresa possui quatro centros de pesquisas no Brasil, sendo três no Estado de São Paulo (um em Jacareí, dedicado à biotecnologia e fenotipagem de pragas e doenças florestais; um em Limeira, voltado à biorrefinaria e desenvolvimento de papel e produtos de consumo; e outro em Itapetininga, para biotecnologia florestal) e o quarto em Aracruz, no Espírito Santo, com foco em desenvolvimento de celulose e controle de pragas.

Fernando Bertolucci: melhoria genética das árvores multiplica produção na área plantada — Foto: Rogerio Vieira/Valor
Fernando Bertolucci: melhoria genética das árvores multiplica produção na área plantada — Foto: Rogerio Vieira/Valor

A Suzano também possui um centro de estudos em lignina e celulose microfibrilada no Canadá e um centro de pesquisa em biotecnologia florestal em Israel. No início de 2023, a companhia inaugurou um hub de inovabilidade na China, localizado em Xangai, que tem por objetivo desenvolver soluções para seus clientes na Ásia e conectar a empresa ao ecossistema de inovação chinês.

Um marco da ação inovativa da Suzano ocorreu em 2011, com o início das atividades de uma planta-piloto de lignina em Limeira (SP). A lignina é uma substância que responde por 30% da composição de uma árvore, outros 50% são celulose. É utilizada para produção de bioenergia, o que garante a autossuficiência energética da companhia e ainda permite a venda de energia excedente ao sistema de distribuição elétrica nacional.

Em 2017, a Suzano desenvolveu, com base na lignina, o Ecolig, um insumo que substitui matérias-primas fósseis em aplicações termoplásticas e adesivas, como antioxidante químico e componente de borrachas. “Estamos sempre em busca de agregar valor à nossa produção de base florestal”, diz Bertolucci.

A empresa possui 1,3 milhão de hectares de árvores plantadas, e sua base estrutural da inovação é a pesquisa e o desenvolvimento florestal. “Uma de nossas principais metas é produzir cada vez mais celulose em nossa área plantada, por meio de melhoria genética das árvores”, diz Bertolucci.

Um passo importante nesse sentido foi dado em janeiro pela FuturaGene, divisão de biotecnologia da Suzano, em parceria com a Corteva Agriscience. Um novo sequenciamento do genoma do eucalipto, realizado em conjunto pelas duas instituições se tornou público. “Nosso objetivo em disponibilizar para a comunidade acadêmica e mesmo para concorrentes o novo genoma é impulsionar o desenvolvimento de árvores mais produtivas e resistentes, gerando benefícios para toda a indústria florestal”, afirma Bertolucci.

Em junho, a companhia anunciou a constituição de um novo viveiro com capacidade para produzir 35 milhões de mudas de eucalipto por ano em Ribas do Rio Pardo, no Mato Grosso do Sul. A área florestal de 21 hectares compõe o denominado Projeto Cerrado e atenderá à demanda de sua nova fábrica para 2,55 milhões de toneladas de celulose no mesmo município em um projeto total de R$ 22,2 bilhões.

A unidade contará com uma planta de gaseificação, onde a queima dos cavacos de madeira e da biomassa irá gerar gás de síntese, o chamado syngas, que substitui óleo combustível derivado de petróleo em fornos, reduzindo assim a emissão de gases poluentes na atmosfera. Em Ribas do Rio Pardo, a estimativa é que a produção do syngas evite a queima de 250 toneladas diárias de combustíveis fósseis.

Além de fibra têxtil, a Suzano desenvolve polímeros, carbono natural e ingredientes para cuidados pessoais — Foto: Divulgação
Além de fibra têxtil, a Suzano desenvolve polímeros, carbono natural e ingredientes para cuidados pessoais — Foto: Divulgação

Em outubro de 2022, a Suzano anunciou a compra dos ativos de papel tissue da Kimberly-Clark no Brasil, negócio que inclui papéis-toalha, guardanapos, lenços e tem no papel higiênico da marca Neve seu produto de consumo mais conhecido no país. A transação, concluída em junho último, estabelece a Suzano como líder do mercado nacional de papéis tissue, quando somadas as vendas da marca Mimmo, com uma participação de 24,3% em abril, de acordo com dados da NielsenIQ. É um resultado importante na trajetória da empresa, que até 2017 não atuava no mercado de bens de consumo.

Outra iniciativa da Suzano em 2022 foi o lançamento do fundo corporativo de investimentos em empresas iniciantes, a Suzano Ventures, com aporte inicial de US$ 70 milhões. Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), foram selecionados 14 projetos voltados para o desenvolvimento de soluções inovadoras ligadas à bioeconomia.

O primeiro aporte ocorreu em abril deste ano, com a decisão da Suzano Ventures em investir até US$ 6,7 milhões na startup britânica Allotrope Energy, que desenvolve um projeto de baterias de lítio-carbono, que utiliza carbono extraído de biomaterial obtido no processo de produção de celulose da própria Suzano, a partir de madeira de origem sustentável.

“Hoje não é mais possível uma empresa estruturar seu P&D contando apenas com suas capacidades internas. A inovação aberta, colaborativa com startups, universidades e centros de pesquisas de outras empresas, é cada vez mais necessária”, diz Bertolucci. A Suzano, afirma o executivo, está cada vez mais empenhada em aproveitar seus recursos na construção de um futuro mais sustentável.

Ficha

  • Investimentos no Brasil: 1% (da receita líquida da companhia - R$ 49,8 bilhões em 2022)
  • Centros de pesquisa no Brasil: 4
  • Centros de pesquisa no exterior: 3
  • Patentes no Brasil e no exterior: 716**
  • Funcionários em P&D: 500
  • Parcerias: 33***
  • **: entre concedidas e depositadas (289 no Brasil e 427 no exterior).
  • ***: universidades e centros de pesquisa no Brasil e exterior, para 60 projetos de P&D

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