![Victor Tofolo: “Mantivemos cautela nos momentos de euforia e achamos oportunidades nos turbulentos” — Foto: Divulgação](https://s2-valor.glbimg.com/FrTsY33uDxTsn9ZKiTi-mfpMH5U=/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/1/U/kAhM2CQiyCz1DU7cudAQ/foto27rel-101-fixa-f6.jpg)
Muitas situações e eventos geraram alta volatilidade no mercado de renda fixa nos últimos três anos. Entre os desafios, a recuperação pós-pandemia, eleições, polarização política e a preocupação com a escalada de preços na economia e com a questão fiscal. No ano passado, notícias negativas de empresas com dificuldades de honrar suas dívidas como Americanas e Light causaram estresse no universo de ativos de crédito privado e uma onda de resgates em fundos de renda fixa. No ambiente externo, vigorou um quadro de inflação resistente e alta dos juros nas economias desenvolvidas, além das guerras que eclodiram.
“Quando cada um desses eventos ocorre e o mercado incorpora probabilidades de cenários à frente, a volatilidade aumenta de forma substancial”, comenta Luciano Rais, gestor de estratégias de renda fixa da Santander Asset Management. Hoje, a inflação segue no radar, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, pois vai balizar as próximas decisões das autoridades monetárias sobre juros.
Diante dessa complexidade, os gestores dos fundos de renda fixa mais rentáveis na janela de três anos até 31 de março de 2024, revelados no “Guia Valor de Fundos de Investimento”, aumentaram seus esforços de análises.
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Uma das principais linhas foi a aposta na diversificação em crédito privado high grade, de menor risco. As gestoras também buscaram capturar as melhores oportunidades, operando assimetrias.
Por definição, os fundos de renda fixa DI podem ter até 50% do patrimônio líquido em ativos de emissões privadas, mais títulos públicos pós-fixados. Na lista dos que entregaram maiores retornos, estão quatro produtos da Bradesco Asset Management (Bram). Com taxas mais competitivas para o varejo, o BRAM Ágora Liquidez FIC FI RF Ref DI é oferecido na plataforma da Ágora Investimentos e o BRAM Max FIC FI RF Ref DI, distribuído pelo Bradesco, apresenta o maior número de cotistas. Esses fundos têm o mesmo mote e ficaram alocados em uma faixa de 35% a 40% em crédito privado triple A.
“Mantivemos cautela nos momentos de euforia e achamos oportunidades nos momentos turbulentos, sempre com a nossa equipe distinguindo bons pagadores dos maus pagadores”, ressalta Victor Tofolo, head de gestão de crédito high grade da Bram.
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Atualmente, 25% do BRAM Max FIC FI RF Ref DI está alocado em títulos de bancos como Bradesco, Itaú, Santander e BTG; 13% em papéis de empresas, entre elas, Claro, NTS, CCR, Energisa, CPFL e Fleury e 2% em FIDCs (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios).
Na mesma categoria, estão dois fundos da Caixa Asset. O Caixa Mega FI RF Ref DI LP e o Caixa Top FIC FI RF Ref DI LP ficaram posicionados entre 35% e 40% em crédito privado, com maior exposição ao setor bancário, seguido por transportes, telecomunicações, energia, petróleo e biocombustíveis.
“Capturamos prêmios interessantes ao longo de todo o período. Por se tratar de carteiras compostas por ativos de máxima qualidade, o desempenho foi beneficiado também pela própria valorização que tiveram no mercado, dado o crescente apetite por crédito”, diz Pablo Costa, diretor-presidente da Caixa Asset.
A participação em ativos de emissões privadas nos fundos DI da Santander Asset Management variou de 35% a 45%. “Os fatores que contribuíram para os bons resultados foram a resiliência da carteira de crédito, com emissores escolhidos pelo nosso processo de análise fundamentalista, e os mecanismos de liquidez para comprar mais ativos em momentos de alta nos prêmios”, diz Guilherme D’Aurea, da Santander Asset.
De acordo com ele, outro aspecto que levou à performance positiva acima do CDI foi o trabalho de prospecção e ancoragem no mercado primário. Os setores mais expressivos das carteiras são financeiro, energia e telecom.
Já entre os fundos mais rentáveis na categoria prefixado renda fixa ativa, figura o Caixa Fidelidade FI RF LP. Conforme Pablo Costa, esse produto tem um perfil de baixo risco de crédito, com exposição limitada a, no máximo, 50% do patrimônio líquido. Além disso, ele explica que o fundo possui risco de mercado com baixa volatilidade, atuando ativamente com renda fixa nacional. A composição da carteira é feita buscando assimetrias de preços, através de estudos macroeconômicos e projeções, tendo como estratégia posições aplicadas/tomadas nas curvas de juros nominal e real, trades de valor relativo na curva nominal e posições tomadas em juros pós-fixados.
Ainda nesse segmento, está o BTG Explorer Ativa FI RF LP, um fundo de gestão ativa nos mercados de juros, moedas e derivativos nas Américas - principalmente no Brasil, mas também em países como Chile, Colômbia, México e Estados Unidos. “Os títulos no exterior são hedgeados para real, portanto, não há exposição cambial nas posições fora do Brasil”, diz Julio de Siqueira Carvalho de Araujo Filho, gestor da BTG Pactual Asset Management. Trata-se de um fundo diversificado, que procura se beneficiar em diversos cenários, apresentando volatilidade moderada (de 2% a 3%), em comparação com multimercados. “Aproveitamos a depreciação do peso chileno e pegamos o ciclo de alta de juros dos Estados Unidos”, acrescenta.
O Guia Valor de Fundos de Investimento apresenta ainda a lista com os dez fundos de juro real com melhores desempenhos. O Santander IMA-B 5 Premium FIC FI RF busca acompanhar a rentabilidade do IMA-B 5, índice formado títulos Tesouro IPCA+, com pagamentos de juros semestrais e vencimento em até cinco anos. “A estratégia é manter um baixo desvio em relação ao benchmark, aproveitando eventuais distorções que possam existir entre os títulos que compõem a sua carteira”, diz Luciano Rais, gestor de estratégias de renda fixa da Santander Asset.
No mesmo segmento, aparece o Icatu Vanguarda Inflação FI RF C Priv LP, um fundo de crédito privado total return, que mescla risco de crédito e de mercado, mas com viés de juro real, tendo como benchmark o IMA-B 5.
Esse direcionamento de juro real está no DNA da casa, que nasceu em 2002 com o primeiro objetivo de gerir reservas técnicas da Icatu Seguros, ou seja, fazer o ALM (Asset Liability Management). Neste caso, uma das principais obrigações é a proteção contra inflação no longo prazo, evitando o descasamento entre ativos e passivos dos seguros e previdência. “Então, ao lançarmos esse e outros fundos total return, a decisão foi fazer uma gestão de crédito bastante ativa, mas também atuar com liberdade nas operações de juros e inflação, utilizando derivativos”, diz Bruno Horovitz, head de relações com investidores da Icatu Vanguarda.
![Juro Real — Foto: arte/valor](https://s2-valor.glbimg.com/wOVfpLRJIX14ZGrptzt7UQXlNaY=/0x0:568x617/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/B/3/HKB4uzQ568iRGxCU2yBg/juro-real.jpg)