Nuvem é segmento com maior avanço previsto para 2021

Gastos com infraestrutura e plataformas de cloud pública no país devem atingir US$ 3 bilhões

Por Jacilio Saraiva — Para o Valor, de São Paulo


A computação em nuvem deve ser a área de maior avanço no mercado brasileiro de TI, em 2021. A partir de uma lista de dez tendências tecnológicas previstas para o ano pela empresa de pesquisas IDC Brasil, o Valor perguntou a quatro consultorias especializadas no segmento - Stefanini, Logicalis, Accenture e Bain - qual o setor com mais potencial de arranque nos próximos meses. O cloud computing foi o único citado por todas. Depois dele, aparecem a inteligência artificial (IA) e soluções de segurança.

De acordo com o relatório da IDC Brasil, as necessidades impostas pela pandemia sinalizam que a nuvem é considerada um caminho rápido para ampliar a “resiliência” operacional das organizações. Os gastos com infraestrutura e plataformas de nuvem pública no país devem atingir US$ 3 bilhões até dezembro, uma evolução de 46,5% em relação a 2020. Nos contratos de nuvem pública, um provedor usa seus servidores para alocar sistemas de vários clientes.

O modelo de nuvem privada (com infraestrutura não compartilhada com outras empresas) também deve crescer para US$ 614 milhões em 2021. O avanço mais acentuado deve aparecer nos acordos de data centers “como serviço” (DCaaS, na sigla em inglês), com salto de 15,5% ante o ano passado.

Para se ter uma ideia, outras áreas mencionadas pelos consultores, como IA e segurança, devem puxar investimentos de US$ 464 milhões e US$ 900 milhões, respectivamente, com altas de 30% e 12,5%, em relação a 2020. Entre as organizações de grande porte no Brasil, cerca de 1/4 está utilizando IA e machine learning (aprendizado de máquina) em projetos próprios, diz Luciano Ramos, gerente de pesquisa e consultoria em enterprise da IDC Brasil.

Na avaliação de Marco Stefanini, CEO global do Grupo Stefanini, as previsões sobre as tecnologias de maior tração no ano se relacionam, de alguma forma, com a transformação digital das companhias. Independentemente do nível de maturidade on-line em que se encontram e por uma questão de sobrevivência de mercado, as empresas vão precisar investir na ‘otimização’ de processos, diz.

Entre seus clientes, Stefanini cita um grupo siderúrgico que adotou a IA para prever condições operacionais e de segurança ambiental em uma fábrica. A inovação, conta, conseguiu reduzir as emissões de poluentes com ajustes nas máquinas e permitiu um aumento de 13% na produção.

Os principais objetivos das corporações para investir em TI são melhorar a produtividade e reduzir custos, mas essas metas estão se ampliando, segundo Rodrigo Parreira, CEO da Logicalis na América Latina. A prioridade é aumentar a retenção e a conquista de clientes e, para isso, ganham força conceitos de análise de dados. No e-commerce, essas tecnologias ajudam a gerar ofertas sob medida para os consumidores, diz.

A internet das coisas (IoT) também abrirá oportunidades no país, de acordo com Parreira. Pesquisa da Logicalis sobre a evolução da tecnologia com 256 gestores na América Latina, sendo 146 no Brasil, indica que 76% deles avaliam que, entre 2022 e 2024, a IoT terá importância “alta” ou “muito alta” para os negócios.

Roberto Frossard, diretor-executivo de inovação da Accenture Technology para a América Latina, destaca o setor de saúde como um dos principais “puxadores” de novidades no momento. Algumas farmacêuticas investiram para ter na nuvem 100% do desenvolvimento de vacinas em estruturas conhecidas como “drug design studios” ou estúdios de criação de medicamentos, explica.

Até 2022, o consultor aposta na escalada do e-commerce em nichos que achavam que não iriam precisar dele tão cedo. As lojinhas de bairro viraram um exemplo inesperado de negócios que tiveram de abraçar o comércio eletrônico para sobreviver, afirma.

Luis Diez, sócio da Bain & Company, diz que tem observado um movimento de corporações que constroem plataformas digitais para integrar não só serviços para os clientes, mas ofertas de terceiros que possam atrair mais usuários. Nessa linha, um dos exemplos recentes é o PicPay, aplicativo que opera como uma carteira digital. Este mês, ampliou a operação para atuar como um shopping center virtual. “As empresas estão começando a tratar a tecnologia de forma mais estratégica”, diz.

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