Os consolidadores de investimento vêm conquistando mais adeptos e expandindo sua atuação. Muitas dessas ferramentas estão buscando integrar a parte de investimentos com a de orçamentos pessoais para que seus usuários possam organizar toda a sua vida financeira, ganhando tempo e mais embasamento para a tomada de decisões.
É esse o movimento da Smartbrain, criada em 2005 como um sistema para ajudar gestores a consolidar informações sobre ações, títulos de renda fixa, fundos e outros valores. Há cerca de cinco anos, o serviço foi estendido para assessores de investimento e, desde maio de 2020, para pessoas físicas (gratuitamente). A médio prazo, o plano é expandir dos investimentos para os orçamentos pessoais.
Cassio Bariani, diretor da empresa, considera que seus diferenciais são a independência e a robustez da precificação dos ativos menos líquidos (os valores podem diferir conforme o aplicativo usado pelo investidor). A Smartbrain consolida carteiras que somam R$ 200 bilhões e roda cerca de 305 mil extratos por dia. As mais recentes funcionalidades lançadas foram a precificação de fundos sem cotas divulgadas diariamente e de Certificados de Operações Estruturadas (COEs). Em breve, será possível também incluir e avaliar o preço de imóveis.
Outro aplicativo que começou focado em investimentos, mas que deve expandir para o orçamento pessoal é o Fliper. Dentre outras funcionalidades, ele traz a comparação da rentabilidade de cada carteira em relação ao CDI e permite que o usuário a visualize em categorias (como renda fixa), subcategorias (como prefixada etc.) e produtos. “A ideia é funcionar como um GPS, mostrando onde o investidor está por meio do mapeamento de suas contas e investimentos, e trazendo as informações relevantes para a tomada de decisões”, diz o sócio fundador Renan Georges. Devem vir por aí funcionalidades como o fluxo de caixa com o orçamento (previsto e realizado) e a categorização das despesas. A ideia é usar todas as informações para sugerir planos ou rotas que auxiliem o usuário a atingir seu objetivo. O Fliper foi comprado há um ano pela XP.
Já os planos do Guiabolso, desde o início voltado para o controle do orçamento pessoal, são de incluir informações sobre investimentos. O fundador Thiago Alvarez conta que isso deve ocorrer logo que a fase do open banking relativa a investimentos entrar em operação (previsão para dezembro). “Com a entrada em operação do open banking, haverá mais confiabilidade e rapidez na busca das informações. Por isso, resolvemos esperar para incluir os investimentos.” A ferramenta tem cerca de 6 milhões de usuários. A ideia é que ele se torne um marketplace de crédito, cartão de crédito, seguro, previdência e investimentos.
O Guru app, por sua vez, centraliza cotações, posições dos investidores em diferentes corretoras, notícias, gráficos e indicadores das ações (como o P/L). O cofundador Felipe Catão conta que a compra e venda de ações por meio do aplicativo está em fase de testes - a funcionalidade deve ser oferecida aos poucos, ao longo das próximas semanas, e por meio de uma parceria com a Ideal CTVM, que vai executar as ordens. O foco hoje está na bolsa, mas o Guru app deve expandir a sua atuação por meio da inclusão de títulos do Tesouro Direto e fundos de investimento. Outra novidade é uma versão premium cujas funcionalidades ainda estão em definição. Lançado em maio de 2020, o aplicativo conta com 250 mil usuários únicos.
O Kinvo veio a mercado em setembro de 2018 e tem 700 mil usuários cadastrados, cujas carteiras somam cerca de R$ 130 bilhões. Na versão gratuita, a ferramenta consolida informações dos principais ativos do mercado, classifica-os por produto ou classe, fornece cotações e apresenta os rendimentos bruto e líquido. Na versão paga, também calcula rendimentos reais e indicadores “beta” de cada ativo (o quanto cada um contribuiu para a rentabilidade). “Nosso grande diferencial é a experiência do usuário. O Kinvo foi construído para ser fácil”, diz o sócio fundador Moacy Veiga. No mês passado, a startup foi comprada pelo BTG Pactual. No início desse mês, lançou o Kinvo 2B, voltado para agentes autônomos e consultores.
Esta é uma área em que o Gorila atua desde o início. O aplicativo nasceu voltado para assessores de investimento (B2B), mas também atende pessoas físicas (B2C). O Gorila consolida informações sobre fundos, moedas, títulos de renda fixa (incluindo CRIs, CRAs e debêntures), ações, criptomoedas e ativos no exterior. Outras funcionalidades são o cálculo da volatilidade da carteira (inclusive do índice de Sharpe) e da rentabilidade. Um dos seus diferenciais, considera o diretor Guilherme Assis, é o fato de as pessoas físicas poderem contar com os mesmos motores de cálculo oferecidos para os escritórios, que demandam uma precisão maior. A curto prazo, não há planos de expandir a atuação para os orçamentos pessoais.