Iniciação de pagamento ganha força entre bancos e fintechs

Modalidade que integra a terceira fase do open finance depende de melhorias tecnológicas e na experiência do usuário

Por Danylo Martins — Para o Valor, de São Paulo


Patrícia Leal, do Mercado Pago: 440 mil usuários ativos da iniciação — Foto: Divulgação

Considerada uma das funcionalidades mais promissoras no âmbito do open finance, a iniciação de transação de pagamento (ITP) começa a ganhar força com o número crescente de instituições que oferecem o serviço, a expansão no volume de transações e o desenvolvimento de novos casos de uso. Para decolar, no entanto, a modalidade depende de melhorias na integração tecnológica entre as instituições e de aperfeiçoamentos na experiência do usuário.

Inspirado em ferramentas criadas pelo open banking de países como Reino Unido, o serviço de iniciação de pagamento possibilita, como o nome diz, iniciar transações fora do ambiente bancário, com consentimento prévio do usuário final. Por exemplo, é possível efetuar uma compra em um e-commerce sem precisar utilizar o recurso “Pix copia e cola”. Hoje, a funcionalidade permite apenas operações com o meio de pagamento instantâneo, mas a agenda evolutiva prevê que outros métodos sejam aceitos, como TED, boleto, débito em conta e até cartões.

Atualmente, 22 instituições - entre bancos, fintechs e sistemas cooperativos - estão aptas a operar nessa modalidade, ou seja, cumpriram todas as etapas exigidas pelo Banco Central (BC). Segundo o BC informou ao Valor, há mais três instituições autorizadas e neste momento em processo de adesão ao open finance. Existem, ainda, 28 companhias que ingressaram com pedido de autorização e aguardam análise do regulador.

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O volume de transações também vem aumentando nos últimos meses. Em julho, a iniciação de pagamento movimentou cerca de R$ 65 milhões, alta de 20% ante o mês anterior. Na comparação com julho do ano passado, o aumento foi de mais de seis vezes.

Além de facilitar compras on-line, a iniciação de pagamento possibilita que o usuário faça transações via Pix, pague parcelas de empréstimos ou realize aplicações financeiras usando o saldo mantido em outras contas. “O ITP simplifica o movimento do dinheiro e a criação de produtos financeiros”, afirma Marcelo Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) e CEO da fintech Iniciador, especializada no segmento.

No “super app” PicPay, a principal aposta nessa frente é a consolidação da vida financeira do cliente num só canal. Há pouco mais de três meses, a empresa lançou uma funcionalidade, batizada de “conta das contas”, que permite ao usuário integrar produtos de diferentes instituições e, por exemplo, fazer transações via Pix, usando o saldo mantido em outros bancos, a partir do consentimento no open finance.

Desde então, foram transacionados mais de R$ 17 milhões por meio desse recurso no aplicativo. Ao todo, são 3 milhões de acessos e 1,5 milhão de usuários que já movimentaram o dinheiro de outras instituições conectadas ao app - o PicPay soma 33 milhões de usuários ativos. “Independentemente de onde o cliente tiver conta, queremos ser a sua principal conta”, aponta Pedro Romero, diretor de serviços financeiros para pessoa física do PicPay.

Primeira empresa a ter o serviço operacional de ITP, em fevereiro de 2022, o Mercado Pago permite o depósito em conta (cash-in) usando a iniciação via Pix e também oferece esse método de pagamento como opção no check-out dos vendedores que são clientes do banco digital. “Temos tentado expandir essa modalidade em outras frentes, por exemplo, em jornadas de cobrança”, conta Patrícia Leal, diretora de inovação em pagamentos do Mercado Pago.

A fintech tem 440 mil usuários ativos da iniciação de pagamento - a instituição não divulga o tamanho da base total de clientes no Brasil; na América Latina, são 45,3 milhões. Segundo Leal, a cada 23 mil transações por Pix, uma é realizada por meio desse serviço. “Temos um longo caminho a percorrer”, reconhece a executiva, que enxerga como principais desafios a experiência atual desse fluxo de pagamento e o conhecimento do público a respeito da funcionalidade.

Na visão de Marcos Cavagnoli, diretor de fluxo de pagamentos do Itaú Unibanco, a tendência no mundo dos pagamentos é que as transações ocorram de maneira cada vez mais fluída, e o ITP é um instrumento nessa direção. No banco, o serviço é oferecido para clientes pessoas físicas e empresas. “Fomos a primeira instituição a disponibilizar iniciação de pagamento para PJ”, afirma o executivo.

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