O setor de tecnologia respira inovação, interagindo com startups, organizações de pesquisa, governo e meio acadêmico e investindo pesadamente em pesquisa e desenvolvimento. As empresas do setor que ocupam as cinco primeiras colocações do ranking Valor Inovação Brasil têm núcleos locais e internacionais de pesquisas para dar escala a soluções globais.
A IBM, primeira colocada em tecnologia da informação, investe US$ 1 bilhão mundialmente em tecnologias de nuvem híbrida, inteligência artificial e computação quântica. “Trabalhamos com o conceito de inovação aberta compartilhando ideias e investindo na criação conjunta com indústrias, instituições públicas, funcionários e parceiros de negócios para acelerar a oferta de soluções”, afirma Marcelo Braga, presidente da IBM. Para disseminar essa cultura para além dos muros da companhia, atua em parceria com instituições de ensino e pesquisa e organizações não governamentais.
Um dos principais projetos é a aplicação da inteligência artificial (IA) nos negócios oferecida na plataforma IBM Watson, atualizada com novos recursos, como ferramentas de controle de grandes volumes de dados para escalar cargas de trabalho. “Nosso foco em pesquisa e desenvolvimento está alinhado à computação de alto desempenho, IA e computação quântica, todas integradas por meio da nuvem híbrida”, diz Braga.
Além de contar com o IBM Research Brasil, a companhia se preparou para a chegada da rede 5G com o Centro de Soluções de Telecomunicações, juntamente com a Flex e o FIT (Flex Institute of Technology) para ajudar as operadoras e empresas a utilizar tecnologias de nuvem híbrida aberta em 5G no Brasil e na América Latina.
Em setembro de 2022 comemorou dois anos do início das atividades do Centro de Inteligência Artificial (C4AI), desenvolvido em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). “Até aqui destaco avanços nas áreas de Processamento de Linguagem Natural (PLN), saúde, meio ambiente, agronegócio e impacto social com mais de cem bolsas de estudos concedidas e R$ 5,4 milhões investidos no desenvolvimento científico, tecnológico e de soluções”, diz Braga. O núcleo estuda o processamento automático da língua portuguesa, a previsão de condições oceânicas em áreas portuárias, soluções para a segurança alimentar, o aperfeiçoamento do diagnóstico e da reabilitação de pessoas que sofreram acidente vascular cerebral (AVC), além da promoção de debates sobre assuntos ligados à IA, como o marco regulatório.
Outra frente importante é a computação quântica. A empresa lidera o desenvolvimento da tecnologia com a apresentação, em 2022, do processador Osprey, com 433 qubits. “Em 2021, entregamos computadores quânticos já operando para o Japão e a Alemanha, e agora estamos a caminho de um processador de 1.000 qubits até o fim de 2023”, ressalta Braga. A IBM firmou parcerias com universidades, governos e hospitais para desenvolver aplicações quânticas que vão acelerar descobertas de medicamentos e novos materiais.
Na Totvs, centros de pesquisas no Brasil e exterior somam competências na criação de produtos, contribuindo para elevar sua posição no ranking. “As decisões são descentralizadas, dando autonomia aos núcleos para desenvolver, testar e corrigir sistemas rapidamente”, afirma o presidente da Totvs, Dennis Herszkowicz.
Com centros de desenvolvimento no Brasil, México, Estados Unidos, Argentina e Colômbia, a companhia investiu R$ 2,5 bilhões em pesquisa nos últimos cinco anos. O UX Totvs Labs conta com uma unidade em São Paulo e outra em Raleigh, na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, para o aperfeiçoamento da experiência do cliente. O laboratório, criado em 2012, incubado na Universidade de Stanford, transferido para Mountain View, na Califórnia, e posteriormente para o Research Triangle, na Carolina do Norte, pesquisa inteligência artificial e dados. “São áreas essenciais, pois em breve todos os produtos terão algum tipo de IA embarcada nos negócios”, diz Herszkowicz. A ideia de instalar um laboratório de inovação da Totvs nos Estados Unidos seguiu a estratégia de inserção na cadeia global de inovação e acesso aos principais debates do cenário internacional. Além do Totvs Labs, a companhia se conecta às startups por meio do hub de inovação Idexo, que investiu em cinco empresas cujas soluções já foram adotadas pelos clientes. “Nossos ciclos são semestrais, considerando a agilidade necessária exigida pela cultura de inovação”, afirma Herszkowicz.
A Dell aposta em inovação aberta envolvendo colaboradores e agentes externos. Fez investimentos globais de US$ 7,5 bilhões em pesquisa e desenvolvimento nos últimos três anos. “Nosso foco é o futuro do trabalho em constante transformação, o processamento nas nuvens, computação de borda e como navegar em um cenário cada vez mais complexo no que diz respeito à segurança digital”, afirma Diego Puerta, presidente da Dell Technologies. Fornecedores, colaboradores externos e clientes estratégicos trabalham em um ambiente de compartilhamento de conhecimentos entre diferentes departamentos e unidades de negócios. Entre os programas oferecidos, Puerta destaca as sessões de brainstorming e as maratonas de desenvolvimento.
Somente em 2022 a Dell teve 2.400 patentes aprovadas nos Estados Unidos, com destaque para plataformas que facilitam o trabalho em múltiplas nuvens, computação de borda e telecomunicações. “Vinte e oito patentes tiveram a participação de inventores brasileiros, principalmente nas áreas de infraestrutura inteligente e aprendizado de máquina, otimização do fluxo de trabalho (“workflow”), múltiplas nuvens, pesquisas em big data e detecção de anomalias na área de segurança da informação”, afirma Puerta.
Entre os centros de pesquisas instalados no país, o do Rio de Janeiro é especializado em inteligência artificial e ciência de dados; o Dell Digital Labs, em Eldorado do Sul (RS), é voltado à transformação digital e capacitação profissional, e o Lead, Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, em Fortaleza (CE), trabalha com soluções para pessoas com deficiência, como plataformas de ensino a distância e tecnologias usadas na fábrica de Hortolândia (SP) e na Índia.
Um dos projetos desenvolvidos no Brasil foi o Smart Factory Platform, um sistema para melhorar a produtividade que auxilia no processo automatizado de aquisição de ativos da fábrica. Para garantir a eficiência no processo de produção, o setor de engenharia industrial da Dell coletava e analisava dados de vários subprocessos distribuídos em nove áreas de forma descentralizada. “A inovação consistiu na automação da coleta e no processamento das informações relacionadas à engenharia industrial em um banco de dados centralizado que garantiu a integração dos processos da fábrica”, afirma Puerta.
A inovação é parte da cultura corporativa da Stefanini desde a criação da Sala 87, guarda-chuva que consolidou os conceitos do grupo que atua nas áreas de automação bancária, tecnologia, sistemas analíticos, inteligência artificial, marketing, segurança e manufatura. “Com esse quebra-cabeça de soluções, buscamos atender os desafios dos nossos clientes de forma consultiva e a inovação está diretamente relacionada à busca por novos caminhos, incluindo parcerias com mais de 400 empresas e startups que nos acompanham nesse ecossistema”, afirma Marco Stefanini, fundador e diretor global do grupo Stefanini.
Com laboratórios de pesquisa e desenvolvimento nas regiões onde está presente – América do Norte, América Latina, Europa, Oriente Médio e Ásia –, espaços de inovação testam e fazem protótipos das novas soluções. Um dos principais projetos da Stefanini é a aplicação da inteligência artificial generativa na capacitação da equipe comercial. “A iniciativa foi liderada pelo Brasil com a equipe de pesquisa e desenvolvimento dos Estados Unidos para dar capilaridade à distribuição de conteúdo de venda com casos de sucesso, além de quebrar barreiras entre as várias equipes nas regiões onde estamos presentes”, destaca o diretor global.
Quinta empresa do ranking, os projetos da Linx são centrados no cliente, incentivando os colaboradores a se aproximarem dos varejistas. Um deles, o Vamos Varejar, é realizado nas principais datas comerciais, quando as equipes visitam clientes para acompanhar a abertura das lojas, dos caixas e dos pontos de venda. “Além de vivenciar o dia do varejista, aproveitamos a oportunidade para identificar melhorias nos sistemas”, ressalta Gilsinei Hansen, diretor de operações da Linx.
A companhia promove treinamentos em formato “bootcamp”, com reuniões estratégicas e o programa Innovation Cup, que incentiva a inovação em processos, infraestrutura e produtos por meio de prêmios. “Além dos nossos colaboradores, temos a participação dos parceiros comerciais e franqueados que são próximos ao cliente final e de suas demandas”, diz Hansen.
Com escritórios na Argentina, México, Chile e Estados Unidos, as equipes da Linx trabalham em projetos de IA, dados acionáveis (informações que facilitam a tomada de decisões estratégicas para o negócio), aplicativo para o vendedor e internet banking integrado ao sistema de gestão empresarial. As empresas geralmente têm mais dados do que precisam e muitas vezes não sabem como usá-los de maneira estratégica. “Nosso objetivo é monitorar os dados e, em vez de esperar a análise do cliente, o sistema decide sobre a reposição de produtos baseado em alguns parâmetros”, explica Hansen.
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