Analistas projetam impacto da tragédia no RS de 0,20 ponto no IPCA em 2024, mostra Questionário Pré-Copom

Respondentes da pesquisa do BC disseram ter incorporado queda de 0,20 ponto percentual na projeção de PIB e R$ 20 bilhões na estimativa de resultado primário pelo impacto do RS

Por , Valor — Brasília


Os resultados do Questionário Pré-Copom (QPC) mostraram que os analistas de mercado projetam um impacto de 0,20 ponto percentual (p.p.) no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2024 da tragédia no Rio Grande do Sul. O resultado, divulgado nesta quarta-feira (26) pelo Banco Central (BC), considera a mediana das projeções.

Já para o Produto Interno Bruto (PIB), a mediana de projeções é de queda de 0,20 ponto percentual. O impacto no resultado primário do governo central seria de R$ 25 bilhões, também segundo a mediana das projeções.

O QPC é enviado aos analistas na penúltima sexta-feira antes da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e as respostas são utilizadas como insumos para a decisão sobre a taxa básica de juros. Na última reunião, o comitê decidiu manter a Selic em 10,50% ao ano.

Ainda sobre o impacto das enchentes no Rio Grande do Sul, os respondentes da pesquisa disseram ter incorporado 0,16 p.p. em suas projeções atuais de inflação, queda de 0,20 p.p. na de PIB e R$ 20 bilhões no resultado primário.

O questionário ainda pedia a estimativa dos analistas para a taxa de juros neutra (que não estimula nem contrai a economia) real. A mediana dessa projeção subiu para 5,2% no curto prazo e 5% em 2 e 5 anos. Na última vez que o questionário tinha essa pergunta, em dezembro, o patamar estava em 5% no curto prazo, 5% em 2 anos e 4,8% em 5 anos. Já as projeções do PIB potencial mostraram mediana de 2% tanto no curto prazo, quanto em 2 anos e em 5 anos.

Na ata da reunião do Copom, divulgada na terça-feira, o comitê informou que “elevou marginalmente” a taxa de juros real neutra nos seus modelos para 4,75%, vinda de 4,5%. O colegiado ainda afirmou que, como parte do debate, avaliou cenário de taxa neutra entre 4,5% e 5%, “uma vez que muitos modelos apresentados indicam valores nesse intervalo”.

Outro tema do QPC que foi discutido na reunião do Copom foi o hiato do produto. Segundo o QPC, a mediana das projeções dos analistas para o hiato ficou em 0,3% para o primeiro trimestre deste ano. Para o último trimestre de 2024 ficou em 0,2% e em zero no quatro trimestre de 2025.

Já na ata do Copom, o comitê disse que o hiato do produto está em torno da neutralidade, após a última avaliação divulgada mostrar um hiato “levemente negativo”. No Relatório de Inflação de março, o BC estimava o hiato em –0,6% no último trimestre de 2023 e no primeiro deste ano.

Sobre o cenário para a inflação, a mediana das projeções coletadas pela pesquisa foi de 3,93% em 2024 e Selic em 10,50% ao ano. Em maio, a mediana do IPCA era de 3,70%. Para 2025, a mediana para inflação é de 3,80% e a da Selic em 9,50% ao ano. Na última edição da pesquisa, a projeção de inflação estava em 3,62%.

O risco de alta para as projeções de ambos os anos é preponderante, segundo os respondentes da pesquisa. Para 2024, 66% veem risco de alta, 34% riscos equilibrados e 1% risco de baixa. Em 2025, 69% veem risco de alta, 29% riscos equilibrados e 2% riscos de baixa.

Em uma questão sobre o que o Copom faria na última reunião, 86% dos respondentes disseram que o comitê manteria a taxa básica de juros em 10,50% ao ano. Outros 14% apostaram em um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.). Já na questão sobre o que o comitê deveria fazer, 79% disseram que deveria manter, 20% que deveria cortar 0,25 p.p. e 1% que a redução deveria ser de 0,50 p.p.

Para as próximas reuniões, de julho e setembro, esses percentuais aumentam. Para julho, 95% afirmaram que o BC manterá o patamar dos juros e 84% que deveria manter. Já em setembro, o número é de 94% na aposta que o BC manterá e 85% que deveria manter.

As projeções para a situação fiscal pioraram. A mediana das expectativas para o primário ficou em déficit de R$ 83 bilhões neste ano com dívida bruta do governo geral (DBGG) em 77,3% do PIB. Na pesquisa de maio, o déficit esperado era de R$ 76 bilhões e a dívida se manteve em 77,3% do PIB. Para 2025, a mediana ficou em déficit de R$ 94 bilhões, contra R$ 90 bilhões em maio, e dívida em 80% do PIB (contra 79,9% em maio).

Para 78% dos respondentes, a situação fiscal piorou entre o Copom de maio e o de junho. Outros 20% avaliaram que não houve mudanças relevantes e 2% consideraram que a situação melhorou.

Já a mediana das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 se manteve em 2,1%, assim como na edição anterior da pesquisa. Neste caso, 56% dos respondentes veem riscos equilibrados, 18% veem riscos de alta e 26% riscos de baixa. Para 2025, a mediana ficou em 1,8%, com 54% vendo riscos equilibrados, 9% riscos de alta e 37% riscos de baixa.

— Foto: Raphael Ribeiro/BCB
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