Um dos negócios mais antigos e invisíveis do Citigroup está finalmente pronto para ser desvendado. Durante décadas, o Citi Services tem movimentado dinheiro em todo o mundo para empresas e protegido os ativos de grandes investidores. A divisão, uma das cinco linhas de negócios, representa metade dos lucros totais do Citi e é crucial para o plano de recuperação da presidente-executiva, Jane Fraser.
Divulgar esses negócios pode parecer óbvio, mas há muito tempo eles permanecem nas sombras de praticamente tudo o mais no vasto portfólio do Citi, desde cartões de crédito até negociações de títulos.
E o que eles fazem não é fácil de explicar. Em coquetéis e reuniões de investidores, os executivos tendiam a dizer “supervisionamos os canais financeiros”, um slogan que o Citi está agora ansioso para aposentar.
“Ah, a eterna questão”, disse Okan Pekin, chefe de uma das unidades, de serviços de valores mobiliários. "O que nós fazemos?"
Para o Citi e Fraser, o problema vai além de apenas dar o devido valor aos seus robustos negócios. Os investidores nunca descobriram como avaliar as operações que ela agora reuniu no Citi Services. Quanto mais os serviços forem valorizados, mais fácil será para Fraser defender que o preço das ações do banco deveriam ser mais altos.
O Citi está tentando consertar isso esta semana. O Citi Services realizará seu próprio dia de apresentações com investidores nesta terça-feira. O dia, concebido pela chefe de relações com investidores do Citi, Jenn Landis, reintroduzirá em Wall Street um conjunto de funções sem as quais a maioria das grandes empresas não poderia prescindir. A última vez que o Citi realizou um dia do investidor, em 2022, o Services teve 20 minutos.
“A força do Services nem sempre recebeu o reconhecimento que há muito merecia”, disse Shahmir Khaliq, chefe do Citi Services. "Estamos entusiasmados por finalmente assumir o centro das atenções e abrir a cortina do nosso negócio."
Então, quais são exatamente as unidades do Citi Services?
Gestão de liquidez e pagamentos: Estas empresas ajudam as companhias a abrir contas bancárias em todo o mundo; pagar seus funcionários e fornecedores; cobrar pagamentos de clientes; e aconselhá-los sobre onde guardam esse dinheiro.
Financiamento comercial: Este braço oferece cartas de crédito para empresas que desejam comprar ou vender além-fronteiras; auxilia no estabelecimento de cadeias de abastecimento em novos mercados e empresta dinheiro a fornecedores locais menores para que possam cumprir encomendas de grandes empresas como a Apple ou a Procter & Gamble.
Serviços de títulos: O grupo de Pekin oferece aos gestores de investimentos um local para alocar seus ativos e acompanhar o valor dos seus fundos e participações. A unidade também ajuda empresas a emitir títulos de dívida e ações. ]
A quem eles servem?
Eles atendem cerca de 5 mil das maiores empresas multinacionais e gestoras de investimentos do mundo. O negócio se concentra em empresas com operações espalhadas por todo o mundo. Também atende ao governo dos EUA e suas embaixadas.
Na base da maioria dessas atividades está uma rede bancária com ligações a 190 países.
O que há para ficar animado aqui?
Os serviços são o "sol brilhante" do Citi, em torno do qual orbitam seus outros negócios, disse o analista Mike Mayo. Ele calcula que vale cerca de US$ 90 bilhões a US$ 120 bilhões, enquanto todo o Citi está sendo negociado apenas a um valor de cerca de US$ 114 bilhões.
As empresas têm estado relativamente imperturbáveis durante duas décadas, mesmo no meio do tumulto do Citi, e continuaram a aprofundar os seus laços com a economia global. Os executivos do Citi dizem que ainda têm espaço para crescer e que irão se beneficiar do aumento dos pagamentos digitais e das decisões das empresas de deslocarem as suas cadeias de abastecimento em todo o mundo.
O Citi Services tem um fluxo constante de receitas de empresas gigantes. Conseguir que mais desses clientes negociem com o Citi e recorram aos seus banqueiros em busca de aconselhamento é um elemento-chave na reforma da Fraser.
Outrora um dos maiores críticos do Citi em Wall Street, Mayo tornou-se recentemente mais otimista em relação ao gigante bancário americano graças, em parte, ao Services. Há alguns meses, ele começou a perguntar aos investidores o que sabiam sobre o Citi Services e seus resultados. Não muito, descobriu-se.
Muitos não conseguiram fixar o crescimento da receita anual em 8%, ou os retornos em mais de 20%, muito melhor do que todo o Citi. E muitos não sabiam que o Citi Services aumentou os depósitos em 20% durante a crise financeira de 2008-09, mesmo quando o Citi quase faliu.
“Mesmo investidores experientes obterão respostas erradas”, disse Mayo.