A vez dos Airdrops: como ganhar dinheiro com os presentes dos novos projetos cripto

Possibilidade de ser premiado por interagir com aplicações descentralizadas anima quem quer ganhar um rendimento maior do que o obtido comprando e vendendo criptomoedas

Por Ricardo Bomfim, Valor — São Paulo


Airdrop de criptomoedas (imagem gerada por IA) PIXLR

Se dificilmente um investidor vai conseguir fazer fortunas do dia para a noite ao comprar bitcoin (BTC) ou outras criptomoedas conhecidas, há uma alternativa para quem está disposto a tomar um risco maior. São os chamados airdrops, eventos nos quais novos protocolos, criptomoedas ou aplicativos descentralizados presenteiam quem os apoiou com o envio de dinheiro de graça, ou quase isso. Eles transferem criptoativos diretamente para as carteiras digitais das pessoas que ajudaram o projeto a ganhar escala e testar sua viabilidade de alguma forma.

O quanto será distribuído é sempre um mistério. Quem cadastrou sua biometria para a worldcoin (WLD), da OpenAI, ganhou algo em torno de R$ 250, enquanto quem interagiu com as redes de testes e participou do airdrop da criptomoeda arbitrum (ARB) ganhou nada menos do que R$ 30 mil em um só dia.

No entanto, um dos pontos mais importantes para quem deseja se tornar um “caçador de airdrops” é a segurança. Esse é um mundo permeado por hackers, fraudes, agentes mal intencionados e pessoas que querem drenar os recursos dos incautos. A pessoa que interage com muitos protocolos de finanças descentralizadas (DeFi) acaba expondo sua carteira de criptoativos, o que pode chamar a atenção de cibercriminosos e resultar em uma grande dor de cabeça para o investidor.

Buscar informações em fontes confiáveis, criar uma carteira de criptomoedas específica para caçar airdrops separada da sua wallet com investimentos de longo prazo e prestar atenção em tudo o que está assinando é essencial para não ver todos os seus recursos roubados de uma hora para outra. E mesmo assim não há garantia de que ao realizar certas atividades como o envio de criptomoedas de uma blockchain a outra por meio de uma ponte (bridge) algum hacker mais sofisticado não conseguirá acessar suas moedas digitais. Portanto, cuidado e prossiga com discrição.

Exemplos de airdrops

Auroracoin

Em 2014, a criptomoeda islandesa criada como alternativa ao bitcoin auroracoin foi distribuída para a população do país no primeiro airdrop registrado. Contudo, a moeda digital caiu 50% logo após ser entregue às pessoas.

Stellar

Considerado um sucesso em 2016, o airdrop da stellar (XLM), um protocolo de envio e recebimento de dinheiro, ocorreu com a transferência de 19 milhões de tokens XLM a detentores de bitcoin interessados no projeto.

Uniswap

Desenvolvida para ser uma exchange de criptomoedas descentralizada, ou seja, que funciona como uma corretora e permite compra e venda de criptoativos, mas sem executar nenhum serviço de custódia, a Uniswap liderou a onda de airdrops de 2020. O protocolo deu 400 tokens UNI para cada pessoa que usou a plataforma durante sua fase de testes. Na cotação da época, cada participante recebeu US$ 1.376, mas quem segurou o token lucrou ainda mais, pois em seis meses a criptomoeda disparou 1.000%.

Jito

Um dos exemplos recentes que renderam muito dinheiro para quem participou foi o da Jito (JTO), protocolo de staking líquido (permite que investidores usem seus criptoativos mesmo quando estão bloqueados em troca de remuneração) que entregou 100 milhões de tokens para os membros da sua comunidade. Várias pessoas ganharam em torno de R$ 50 mil simplesmente por terem interagido com o projeto.

Como participar de um airdrop?

Para se tornar elegível a ganhar um airdrop, o primeiro passo é ter uma carteira digital de criptomoedas como MetaMask (a mais popular dentro do ecossistema Ethereum) ou Phantom (popular entre os entusiastas do blockchain Solana). Ao se inscrever na carteira, o usuário recebe uma chave de 12 palavras que deve guardar a salvo (de preferência ao anotá-la em papel para não correr o risco de ser acessada por um hacker) e não pode perder nunca, pois uma vez perdida a chave, não é possível recuperá-la de maneira alguma.

De posse da carteira digital, o usuário pode colocar criptomoedas nela ao comprar essas moedas digitais em alguma corretora (exchange) de criptoativos (como Binance ou MB) e depois sacando para a carteira digital que criou. Ter tokens ETH no ecossistema Ethereum e SOL no ecossistema Solana é essencial para conseguir pagar as chamadas taxas de gás (gas fees), taxas que o usuário paga ao interagir com projetos e aplicativos no mundo cripto descentralizado. Na rede Ethereum, essas taxas costumam ser muito caras, ao ponto de algumas pessoas terem que pagar até US$ 70 para efetuar uma única transação. Por esse motivo, muitos usam blockchains que operam como segundas camadas do Ethereum, como é o caso de Optimism, Avalanche, Arbitrum e Polygon, para pagar taxas menores. Na Solana, a rede principal não tem o mesmo problema do Ethereum e as taxas de gás costumam ser baratas, não chegando nem a US$ 5.

O próximo passo é interagir com projetos, protocolos e aplicativos descentralizados. Nem todos vão presentear seus usuários com tokens, mas há diversas comunidades de “caçadores de airdrops” espalhadas por redes sociais como Telegram e Discord. Nelas, os membros costumam fazer uma extensa curadoria de projetos com boas possibilidades de recompensarem suas comunidades com o envio de criptomoedas.

Mas cuidado!!!

O grande problema do mundo dos airdrops são os golpes e fraudes. Redes como o X (antigo Twitter) estão cheias de perfis de robôs (bots) que dizem trazer oportunidades de airdrops, mas quando o usuário clica no link é atacado por um malware e tem seu dinheiro roubado.

A carteira digital de criptomoedas é muito simples de criar, uma vez que não é feito um procedimento de conheça seu cliente (KYC) como o que ocorre na abertura de contas em bancos digitais e corretoras. Para fazer a MetaMask, por exemplo, ninguém vai pedir CPF, foto do documento ou selfie, mas o problema disso é que se um hacker obtiver acesso à wallet ele poderá roubar todos os recursos nela sem que haja como a vítima recuperar.

Na hora de interagir com protocolos, o usuário precisa sempre entrar com sua carteira digital, que pode ser uma extensão no navegador (como o Google Chrome) ou um app no celular. No entanto, não se deve assinar nada com a wallet sem ler a permissão que está sendo concedida à aplicação descentralizada. Se o projeto que promete airdrop for comandado por criminosos, por exemplo, ele pode tentar acessar os criptoativos dentro da sua carteira para drená-los.

O “caçador de airdrops” só deve interagir com protocolos e projetos confiáveis. Por isso, é muito importante a troca de informações com outras pessoas que tenham o mesmo objetivo. De preferência, o especulador deve optar por fazer sua busca com alguém que ele conheça pessoalmente, dando prioridade a airdrops de projetos que mais de uma comunidade de “caçadores” está monitorando.

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