Exposição em Portugal reúne desenhos censurados do premiado arquiteto Paulo Mendes da Rocha

Casa da Arquitetura, em Matosinhos, detém o acervo integral da obra do brasileiro vencedor do Prêmio Pritzker

Por — Para o Valor, do Norte de Portugal*


Na Casa da Arquitetura, mostra traz croquis e detalhes do trabalho de Paulo Mendes da Rocha — Foto: Ivo Tavares Studio/divulgação

A vizinha Matosinhos faz parte do roteiro turístico de quem visita o Porto e é quase como se fosse um outro bairro tal a proximidade e facilidade de acesso. Junto ao porto de Leixões, o lugar é conhecido por seus restaurantes de peixes e frutos do mar que ocupam as ruas, um ao lado do outro, com churrasqueiras na calçada onde tudo é preparado na brasa, na frente do cliente.

Mas além da gastronomia há outro lugar em Matosinhos que vale a visita: a Casa da Arquitetura. É uma espécie de centro cultural dedicado à arquitetura, inaugurado em 2007, que ocupa o espaço onde antigamente funcionava a Real Companhia Vinícola Portuguesa, uma produtora, engarrafadora e exportadora de vinhos que tinha ali seus armazéns e escritórios.

As instalações industriais, que ocupavam uma área de 11 mil m2, começaram a ser construídas em 1897. Com uma reforma criteriosa, o lugar foi remodelado preservando, na medida do possível, a estrutura antiga, onde há vários pavilhões. Alguns ganham luz que entra por claraboias em tetos de madeira clara.

É lá que está o acervo do brasileiro Paulo Mendes da Rocha (1928-2021), ganhador do Prêmio Pritzker, o Oscar da arquitetura, em 2006. Neste momento está em cartaz uma exposição sobre a obra do arquiteto, que vai até 8 de setembro, com croquis e detalhes de seu trabalho, que não chegaram a ser expostos no Brasil. Chega a causar estranheza para nós que ele tenha doado o acervo integral de sua obra, em 2019, para outro país para uma instituição com quem tinha uma relação muito próxima.

Mendes da Rocha nasceu em Vitória, se formou em engenharia pela Universidade Mackenzie e se tornou professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP até ser demitido pelo governo militar em 1964. Em 1970, venceu o concurso para construção do Pavilhão do Brasil na Expo 70, em Osaka, no Japão.

Dessa exposição constam os 44 desenhos feitos em grafite, que foram censurados no Brasil na época. Mas há muito mais para ver, como o projeto do Sesc 24 de Maio, do ginásio do Clube Paulistano e um pouco da história desse arquiteto que marcou a história do país.

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