O medicamento Mounjaro (tirzepatida) está para chegar às farmácias do Brasil. Indicado para o tratamento de diabetes tipo 2, o remédio da farmacêutica Eli Lilly se tornou ainda mais popular no exterior devido ao seu uso "off-label", para emagrecimento, assim como o concorrente Ozempic (semaglutida), da Novo Nordisk.
Aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde setembro passado, o medicamento ainda não é vendido no Brasil devido a "alguns trâmites de importação" que precisam ser vencidos pela farmacêutica para que o medicamento desembarque no país.
O remédio melhora o controle da taxa de açúcar no sangue de pacientes adultos. Segundo a Anvisa, ele tem efeito superior a concorrentes – como o Ozempic. Ambos são canetas injetáveis com aplicação semanal, mas fazem uso de dois princípios ativos diferentes.
Como Mounjaro funciona
Mounjaro tem como principal ativo a tirzepatida, que consegue replicar os efeitos do GLP-1 e do GIP, dois hormônios, com uma molécula só. Quando o princípio ativo aciona esses dois receptores diferentes, ele consegue melhorar a secreção de insulina, diminuir o esvaziamento gástrico e, consequentemente, inibir a fome.
Ou seja, a substância retarda o esvaziamento do estômago, o que faz com que a pessoa se sinta saciada por mais tempo. Além disso, também inibe os sinais de fome emitidos pelo cérebro, o que suprime o apetite. É a partir disso que, em todo o mundo, o uso fora da recomendação da bula desse medicamento tem sido praticado, já que a diminuição de apetite contribui para a perda de peso.
O medicamento demonstrou, em estudos clínicos, ter a maior potência glicêmica já aprovada até hoje.
"Dentro dos dados da literatura apresentados até o momento, aparenta ser o medicamento mais potente que nós temos tanto para o controle da glicose, como para a redução do peso nesses pacientes", comentou anteriormente ao Valor Rodrigo Lamounier, endocrinologista e diretor da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).
Qual o preço do Mounjaro?
Mesmo que ainda esteja indisponível no Brasil, a máxima dos preços a serem praticados já foram fixados. Conforme a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), da Anvisa, os preços variam entre R$ 970,07 e R$ 3.836,61, tanto conforme a alíquota do ICMS estadual correspondente quanto pelo nível de dosagem do medicamento.
A medicação será vendida somente sob prescrição médica e poderá ser encontrada nas concentrações de 2,5 mg, 5 mg, 7,5 mg, 10 mg, 12,5 mg ou 15 mg em 0,5 ml. Além disso, cada embalagem do Mounjaro contém de 2 ou 4 canetas de uso único.
Há contraindicação?
O medicamento não é indicado para pacientes com histórico pessoal ou familiar de carcinoma medular de tireoide (um tipo raro de tumor maligno na tireoide) ou em pacientes com neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (síndrome genética caracterizada pela presença de tumores envolvendo algumas glândulas endócrinas).
Mais informações sobre o Mounjaro estão disponíveis na bula do medicamento.
Onde comprar Mounjaro?
A farmacêutica Eli Lilly disse ao Valor que o medicamento chegará ao Brasil, mas que ainda não há prazo para isso.
Nos Estados Unidos e em países da Europa, contudo, Mounjaro já pode ser encontrado nas farmácias há bastante tempo. Por conta do atraso da chegada do medicamento e do fácil acesso às canetas emagrecedoras no exterior, há quem opte pela importação do Mounjaro — processo burocrático que necessita de documentação adequada para evitar que o medicamento fique preso na Alfândega.
Esse tipo de compra é regulamentada e fiscalizada tanto pela Anvisa, quanto pela Receita Federal.