AngloGold revê operação e eleva aporte no país

Companhia vai investir R$ 1,1 bilhão no Brasil em 2024, frente a R$ 900 milhões aplicados na operação local no ano passado

Por — De São Paulo


Marcelo Pereira: “O grande desafio é retomar o nível de produção. Temos vários projetos estratégicos” — Foto: Maria Tereza Correia/Valor

Em meio à reorganização de suas operações e à adoção de medidas para retomar ritmo de produção e competitividade no Brasil, a AngloGold Ashanti, quinta maior mineradora de ouro do mundo, está elevando os investimentos no país. Em 2024, a companhia vai desembolsar R$ 1,1 bilhão, sobretudo em pesquisa e exploração, desempenho operacional e melhorias tecnológicas e ambientais, 22% acima dos R$ 900 milhões aplicados na operação local no ano passado.

A mineradora anuncia nesta terça-feira (25) o programa de investimentos para 2024, em cerimônia com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). “Temos trabalhado de forma ativa e contínua na avaliação de como melhorar processos”, disse ao Valor o presidente da empresa para a América Latina, Marcelo Pereira. “O grande desafio é retomar a produção, reduzir custos e garantir os requerimentos legais aplicados ao negócio. Temos um portfólio importante de projetos estratégicos.”

Ex- Vale e ex- Kinross, o executivo chegou à AngloGold em julho do ano passado, em um momento de desafios operacionais em duas unidades (Córrego do Sítio e Planta do Queiroz) e problemas nas obras de descaracterização da barragem CDS II, em Santa Bárbara (MG), que não era mais operada - hoje, a companhia só trabalha com disposição a seco de rejeitos no país, tecnologia considerada mais segura. As obras na barragem chegaram a ser paralisadas após a identificação de trincas na estrutura, mas já foram retomadas.

Além disso, a multinacional paralisou as atividades na planta de metalurgia do Queiroz, em Nova Lima (MG), e suspendeu temporariamente, em agosto, a operação na mina de Córrego do Sítio (CDS), no município de Santa Bárbara (MG). A medida foi justificada por resultados operacionais negativos e custos crescentes nos últimos anos.

Segundo Pereira, a AngloGold ainda avalia o futuro de Córrego do Sítio. Uma das possibilidades é vender o ativo, em um momento de mercado que pode ser favorável a transações dessa natureza. “Estamos abertos e avaliando continuamente a possibilidade de retomar as operações. Há muitas conversas em andamento”, observou, sem fornecer mais detalhes sobre as tratativas.

A decisão de parar as operações, segundo o executivo, foi tomada a partir da avaliação de performance da unidade e para garantir a continuidade da competitividade das demais operações. Cerca de 730 trabalhadores foram demitidos, enquanto um grupo de 140 empregados segue à frente das atividades de manutenção do ativo, monitoramento ambiental e atendimento às exigências regulatórias.

Com a suspensão das atividades a partir de agosto, a produção de ouro em CDS totalizou 47 mil onças em 2023, de um total de 70 mil onças previstas para o ano. Considerando-se as 490 mil onças produzidas no Brasil e na Argentina, a América Latina representou 19% da produção mundial do gigante sul-africano no ano passado, que ficou em 2,59 milhões de onças. Deste total, o Brasil contribuiu com 338 mil onças, ou 13% da produção global.

“Mesmo com a paralisação temporária em CDS, a projeção para 2024 é de produção superior a 2023. Seguimos em ritmo bastante positivo quando comparamos a performance de um ano para o outro”, afirmou. Além de Córrego do Sítio, a companhia opera as minas Serra Grande (Crixás, em Goiás), Cuiabá (Sabará, em Minas Gerais) e Lamego (Sabará e Caeté, em Minas).

De fato, no primeiro trimestre, a produção da AngloGold no Brasil cresceu 52% em relação ao mesmo período de 2023, de 57 mil onças para 86 mil onças. Na região, foram 125 mil onças nos três primeiros meses do ano, contra 99 mil onças em igual intervalo de 2023. Segundo Pereira, a mineradora segue atenta a oportunidades de expansão no Brasil. “Estamos abertos a avaliar novas oportunidades”, disse.

Com 3,6 mil empregados no país - o número sobe a 8,4 mil incluindo terceiros -, a mineradora tem se dedicado a ampliar a presença de mulheres em seu quadro e estabeleceu a meta de chegar a 25% de participação até 2025. Para tanto, lançou o programa Mulheres de Ouro, voltado à contratação específica desse público, que já abriu mais de 120 vagas.

Do lado dos compromissos com a comunidade, a AngloGold lançou um projeto em parceria com a construtora Concreto, batizado Nova Vila, numa área de 260 mil metros quadrados disponível com o fechamento das antigas Mina Velha e Mina Grande, que funcionaram entre 1834 e 2003, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte. O projeto, cuja pedra fundamental deve ser lançada ainda neste ano, prevê a instalação de centros culturais, espaços de convivência, áreas verdes, comércio, serviços e moradias, entre outros.

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