Scania anuncia investimento de R$ 2 bilhões

Novo ciclo, para o período de 2025 a 2028, contempla o desenvolvimento de ônibus elétricos

Por — De São Paulo


Podgorski: “Trabalhamos utilizando 80% da capacidade; se a demanda cai no Brasil exportamos e vice-versa” — Foto: Divulgação

A onda de anúncios de novos investimentos na indústria automobilística continua e ganha, agora, o reforço do segmento de veículos comerciais. A Scania anuncia, nesta sexta-feira (21), detalhes de seu novo ciclo, de R$ 2 bilhões, para o período de 2025 a 2028. A empresa sueca é a primeira fabricante de caminhões e ônibus a juntar-se ao movimento iniciado pelas montadoras de automóveis e segue na direção da eletrificação. Boa parte do novo aporte será destinado à produção de ônibus elétricos.

Os anúncios de novos investimentos em toda a indústria automobilística somam agora R$ 126,1 bilhões na década. O valor inclui os planos dos fabricantes de automóveis, que chegam a R$ 115,5 bilhões, mais R$ 8,6 bilhões de programas mais antigos da indústria de caminhões e ônibus, já esgotados ou prestes a se esgotarem, e, agora, o novo ciclo da Scania.

Com o último programa de investimentos, de R$ 1,4 bilhão, que se encerra neste ano, a Scania preparou a fábrica de São Bernardo do Campo (SP) para produzir a nova geração de caminhões com motores movidos a gás, biodiesel e biometano. E ainda começou a preparar-se para a era da eletrificação, segundo o presidente da área industrial da Scania na América Latina, Christopher Podgorski. “O inimigo comum é o carbono”, diz.

Segundo ele, o ônibus 100% elétrico e para uso urbano que a empresa fabricará no Brasil será igual ao que existe na Europa. Algumas unidades começaram a ser importadas para que todos os envolvidos no desenvolvimento da versão nacional conheçam o produto.

A estratégia de produzir os mesmos produtos em qualquer fábrica da companhia ajuda a fábrica brasileira a se tornar um centro exportador. Praticamente a metade do que é produzido na unidade, entre veículos, componentes e motores, é exportada. “Trabalhamos sempre utilizando 80% da capacidade; se a demanda cai no Brasil exportamos e vice-versa”, afirma Podgorski.

Caminhões 100% elétricos já são usados no segmento de entregas urbanas e curtas distâncias. Mas, nos pesados, especialidade da Scania, a eletrificação se torna alternativa mais complexa em razão, diz Podgorski, da “infraestrutura de carregamento incipiente”. Mesmo assim, a opção de usar a eletrificação em caminhões está em discussão na Scania. “O caminhão estará contemplado nessa tecnologia; mas não sabemos quando”, destaca.

Segundo o executivo, ônibus a combustão e elétricos compartilharão a mesma linha de produção. A participação dos modelos elétricos vai depender da demanda. Podgorski aposta, no entanto, que as contas dos gastos operacionais vão mostrar que a economia obtida com o uso sempre dará vantagem ao elétrico mesmo que o preço inicial seja mais elevado.

A fábrica brasileira será a terceira unidade global da Scania a produzir elétricos. Trata-se de uma operação importante para a companhia. É a maior fora da Suécia e o mercado brasileiro é, para a companhia, o maior do mundo. Total de 5,2 mil funcionários trabalham na fábrica inaugurada há 66 anos.

O cenário econômico costuma ser um dos pontos avaliados pela matriz, segundo Podgorski, antes de qualquer investimento. “Custo de produção e volumes de mercado são levados em conta. E para alcançar os volumes é preciso previsibilidade”, destaca.

“Temos um cenário de volatilidade econômica e política por um lado, mas, por outro, vamos ter a segunda safra recorde e outros setores que precisam de expansão ou renovação da frota.”

Outra montadora de veículos comerciais, a Iveco, também anunciará investimentos voltados à eletrificação nesta sexta-feira. Total de R$ 100 milhões vai contemplar o desenvolvimento e venda de elétricos até 2026. Parte desses recursos integra o plano de R$ 1 bilhão, anunciado para o período de 2022 a 2025.

A Iveco já começa a vender o eDaily, versão elétrica do Daily, veículo urbano de transporte de carga. Segundo Marcio Querichelli, presidente da Iveco, o aporte abrange importação de componentes, testes, treinamento da rede, adaptação ao mercado e serviços de pós-venda.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, estará na fábrica da Scania nesta sexta-feira para conhecer detalhes do investimento.

O programa federal Mover, que Alckmin aponta como motivo desse e dos demais investimentos na indústria automobilística, foi, de fato, levado em conta na decisão do novo plano, segundo Podgorski. “O Mover captou bem as demandas para ajudar a indústria a ter uma orientação estratégica rumo à descarbonização sem priorizar uma única tecnologia”, afirma.

Para entrar em vigor, o Mover depende ainda de sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na reunião com Alckmin, Podgorski fará um único pedido: que o vice ajude a convencer o presidente a sancionar o programa “do jeito que está”.

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