Pnad mostra que mercado de trabalho segue robusto e traz alerta ao BC, dizem economistas

Segundo o IBGE, a taxa de desemprego no país caiu para 7,1% no trimestre móvel encerrado em maio

Por , Valor — São Paulo


O mercado de trabalho continua aquecido e deve continuar ajudando a impulsionar o PIB, mas segue como alerta para a condução da política monetária, avaliam economistas.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), a taxa de desemprego no país caiu para 7,1% no trimestre móvel encerrado em maio. Este é o menor patamar da série histórica para um trimestre encerrado em maio e se iguala ao resultado de 2014, quando também foi de 7,1%.

O resultado também veio abaixo da mediana das expectativas de 26 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data, que apontava para uma taxa de 7,3% no período.

Em termos dessazonalizados, a taxa de desemprego reduziu para 6,9%, vindo de 7,2%, menor nível desde meados de 2014, nos cálculos o economista chefe da Kinitro, João Savignon.

“O mercado de trabalho segue corroborando o cenário de um crescimento do PIB acima do consenso em 2024. Com a ocupação e a renda nesses níveis, há um suporte ao consumo das famílias e aos serviços, mesmo considerando a saída do efeito positivo do agronegócio e a política monetária ainda restritiva no país”, nota.

Para Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, o desvio em relação à projeção se deu principalmente por conta de um recuo na taxa de participação da força de trabalho na comparação mensal - no conceito trimestral, como é divulgado pelo IBGE, ela se manteve em 62%.

Ele destaca também a dinâmica dos rendimentos médios reais do trabalho, que segue firme. e acumula alta de aproximadamente 5,0% desde setembro de 2023.

“Na nossa visão, esse desempenho não deve ser revertido tão cedo. O emprego e a renda condições devem seguir firmes e sustentando consumo das famílias. Prevemos uma taxa de desemprego terminando o ano em 7,3%, somente um pouco acima do registrado em maio. Mas o mas balanço de risco é mostra simetrias para baixo”, ressalta. “A nossa expectativa é que a renda disponível das famílias - que também inclui as transferências do governo - suba aproximadamente 6,0% em termos reais em 2024. Isso é positivo para PI, mas ao mesmo tempo mantém desafios para a política monetária. Pode representar desafio maior para a convergência da inflação à meta.”

“De modo geral, a leitura qualitativa do indicador é de que o mercado de trabalho segue forte e com uma composição saudável, recuperando suas características intrínsecas, que agora estão com um desemprego estrutural mais baixo. Olhando à frente, esperamos que ele continue aquecido e resista nesse patamar historicamente baixo por mais um bom tempo. Para 2024, projetamos uma taxa média de desemprego de 7,4%”, afirma o economista do PicPay, Igor Cadilhac.

Igor Cadilhac, economista do PicPay — Foto: Gabriel Reis/Valor
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