O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) relativo ao mês de junho pode vir pior do que a prévia divulgada nesta quarta-feira (26) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afirma André Bras, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
Isso porque o dado esperado pelo FGV Ibre para o IPCA-15, prévia da inflação, de Porto Alegre foi muito maior do que o trazido pelo IBGE.
“Esperávamos IPCA-15 de 0,9%, e veio 0,4%”, afirma, ao lembrar que Porto Alegre corresponde por 8% a 9% do IPCA nacional. “Está havendo dificuldade de coletar preços, por conta de menos locais disponíveis [para fazê-lo], muitos lugares fechados ou em fase de limpeza. Na impossibilidade de ir a campo, usamos dados de notas fiscais. E isso pode nos dar a possibilidade de olhar um pouco mais à frente.”
Segundo o economista, o dado coletado pelo FGV Ibre em Porto Alegre sugere que o impacto de alimentos adiante seja maior do que o IPCA-15 mostrou e que o IPCA de junho venha maior.
“Os preços de alimentos devem continuar pressionando, pela questão do Sul e por questões sazonais. Vimos [na prévia] café e leite subindo. E isso não é problema somente do sul”, afirma, ao lembrar que alimentos é o ponto de maior pressão no índice cheio de inflação.
“Acredito que continuaremos a ver alimentação com certo protagonismo.”
O FGV Ibre projeta avanço de 0,4% do IPCA em junho, ante maio. Para o ano, a estimativa é de alta de 4,15%.