Após sessões de volatilidade nos mercados domésticos, em especial no câmbio, por conta de dúvidas dos agentes do mercado sobre a sustentabilidade da dívida pública brasileira, hoje o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúne com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, às 16h30, para discutir medidas que ajustem as contas públicas neste e nos próximos anos, conforme informou o Valor na noite de ontem. Uma sinalização de que o governo se mantém focado em alcançar a meta fiscal deste ano pode trazer alívio à pressão observada nos ativos, ajudando em especial o dólar a perder força, após a moeda americana encostar ontem no patamar de R$ 5,70.
Por enquanto, o noticiário traz que o governo continua prevendo um bloqueio de recursos menor que o esperado pelo mercado. Em 22 de julho, deve ser apresentado o terceiro relatório bimestral do Orçamento de 2024 e relatos indicam que a equipe econômica deve indicar um em bloqueio em torno de R$ 10 bilhões, o que estaria abaixo do esperado pelos agentes financeiros, de algo entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões. Enquanto não há clareza do que deve ocorrer em 22 de julho, os agentes devem seguir na incerteza, o que pode alimentar mais o pessimismo e pesar sobre os mercados locais.
Uma sinalização em linha com o esperado pelo mercado ou a indicação de um senso de urgência em relação ao tema fiscal podem tirar o risco do radar e a pressão dos mercados, permitindo uma correção da recente alta do dólar, tirando também pressão da curva de juros, em especial dos vértices mais longos da curva. Da mesma forma, com menos ruídos locais, a bolsa brasileira pode apresentar desempenho superior, ainda que, entre os mercados locais, a bolsa tenha sido a mais blindada, por ser apoiada por empresas exportadoras com a alta do dólar.
Além disso, os agentes do mercado devem observar o cenário externo, nas vésperas de feriado do “Dia da Independência” nos Estados Unidos. O foco deve se voltar aos dados do mercado de trabalho americano, em dia de divulgação dos números da geração de vagas no setor privado em junho. A expectativa de economistas consultados pelo “The Wall Street Journal” é de criação de 160 mil postos no último mês. Além disso, a sessão também terá a apresentação de números de seguro-desemprego da última semana.
Pela tarde, haverá a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), do Federal Reserve, embora o documento possa ter efeito limitado nos mercados, uma vez que houve divulgação de uma série de dados econômicos posteriormente à decisão de junho. De toda forma, o tom e as indicações do texto serão monitorados com atenção pelos agentes financeiros.