Após apresentar viés negativo durante a manhã, em linha com com a piora no sentimento interno, o Ibovespa ganhou algum fôlego com a ajuda de ações de empresas exportadoras, que são beneficiadas pela alta do dólar. Ainda assim, o giro financeiro do índice segue em patamares baixos.
Às 13h55, o índice exibia alta de 0,05%, aos 122.390 pontos, após registrar 121.402 pontos nas mínimas intradiárias. Entre as maiores altas do dia, Prio ON subia 2,93%, Usiminas PNA tinha ganhos de 2,65%, Suzano ON avançava 2,39% e Vale ON apresentava alta de 1,24%.
Mais cedo, o índice operava em queda, em uma sessão de perdas gerais para os ativos domésticos após comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afastou as expectativas em torno de uma maior disposição em realizar ajustes fiscais e cortes de gastos. No exterior, a alta dos rendimentos dos Treasuries também pesa negativamente na bolsa.
O mercado segue com foco nas falas do presidente Lula, em entrevista ao UOL nesta manhã. O chefe do Executivo voltou a afirmar que o governo precisa saber se cortes de gastos são realmente necessários ou se é preciso o aumento da arrecadação, além de descartar a desvinculação de benefícios do salário-mínimo.
Segundo o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, as declarações demostram falta de disposição do presidente de realizar algum ajuste fiscal. “Não faltam ideias, pode ser feita muita coisa para reequilibrar as contas fiscais, mas falta protagonismo do Executivo”, afirmou. “A ideia dele é de aumentar os impostos sobre alguma frente econômica, mas não de alguma coisa relacionada a eliminação de despesas.”
Para ele, as falas de Lula se sobrepuseram ao IPCA-15, que veio levemente abaixo das expectativas de consenso do mercado. A entrevista do presidente começou poucos minutos depois da divulgação do dado e tomou as atenções de agentes econômicos, evitando que a inflação mais amena tivesse efeito mais relevante nos preços de ativos.
Os juros futuros trabalham em alta firme após a entrevista do presidente, pressionando para baixo papéis sensíveis a essas taxas.
No exterior, o rendimento dos Treasuries tem alta expressiva após falas mais conservadoras de dirigentes do Federal Reserve (Fed), o que também pressiona para baixo a bolsa brasileira. Ao longo dos próximos meses, Cruz avalia que possíveis sinais acerca do início do ciclo de flexibilização monetária pelo Fed podem dar “algum respiro” à bolsa brasileira. Por aqui, diz ele, faltam gatilhos.
“Quem vai puxar a bolsa brasileira é o externo, o investidor estrangeiro, porque não tem disposição para a pessoa física e os fundos de pensão investirem na bolsa. O que chama a atenção desse tipo de investidor é o Tesouro Direto”, completa.