Volta da inflação pode complicar planos do Banco do Canadá de cortar juros em julho

Depois de meses em queda, o índice de preços ao consumidor (CPI) de maio voltou a subir para 2,9% acima dos 2,7% verificados em abril e da expectativa de 2,6%. “Isso eleva a probabilidade de que o BoC deixe os juros inalterados em julho, mas não descarta um novo corte em setembro”, disse Tony Stillo, diretor de economia do Canadá da Oxford Economics.

Segundo ele, a alta da inflação, em particular o salto na inflação de serviços, é um grande sinal de alerta para o BoC decidir o ritmo de seu afrouxamento monetário. “Nós continuamos achando que o BoC vai reduzir os juros gradualmente, com um corte de 0,25 ponto por trimestre até o fim de 2026”, disse o economista.

Para Olivia Cross, economista da Capital Economics, a inflação mais alta em maio deixa um corte em julho em terreno movediço. Mas a economista acredita que algumas causas da alta do CPI foram únicas e não devem se repetir nos próximos meses. “Considerando que teremos a divulgação do CPI de junho antes da próxima reunião do BoC, no fim de julho, ainda achamos ser possível que ele reduza os juros”, avalia Cross.

Para o economista-chefe da BMO Markets, Douglas Porter, a inflação de maio não é o que o BoC gostaria de ver nesse momento. Porter acredita que com a oscilação de volta para a inflação canadense, o cenário para os cortes nos juros pelo BoC será igualmente acidentado e oscilante. “Nossa expectativa permanece que o BoC irá cortar os juros novamente apenas em setembro”, disse.

Porter disse que alimentação e serviços foram as surpresas. “Enquanto alimentação não impulsionou a inflação no ano passado, os custos com mantimentos e restaurantes subiram muito no mês”, disse ele, que também apontou alta nos custos de viagens e hotéis como impulsionadores da inflação de serviços.