Criptomoedas
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Por Laelya Longo, Valor Investe — São Paulo

Seis meses se passaram do final de um ano fatídico para os criptoativos e o mercado de ETFs (fundos de índices negociados em bolsa) do segmento vive um momento paradoxal. De um lado, a forte recuperação de preços dos principais representantes desse setor, notadamente bitcoin (BTC) e ethereum (ETH), sinalizam uma retomada de rentabilidades, apontando que as perdas em 12 meses possam ser zeradas muito em breve.

Do outro lado, a ainda intensa fuga de capital dos ativos de risco para investimentos mais seguros, diante de um cenário macroeconômico incerto, se reflete na baixa liquidez desse produto de investimento (os ETFs), que é considerado uma porta de entrada para exposição ao mercado cripto.

Na B3, o investidor têm à disposição 13 ETFs com exposição ao mercado cripto, seja diretamente em bitcoin e ethereum, seja por meio de cestas de índices referenciados a projetos específicos do ecossistema, como finanças descentralizadas (DeFi), NFTs e Web3/metaverso.

Dentre todos, o pioneiro HASH11, da Hashdex, que replica o Nasdaq Crypto Index, uma cesta de criptos diversas, destoa dos demais. É o segundo ETF em número de investidores com posição em custódia (137 mil, conforme o boletim de maio da B3), perdendo somente para o IVVB11, da Black Rock, que replica o S&P 500 (com 166,5 mil) e acima do tradicionalíssimo BOVA11, também da BlackRock, que replica o Ibovespa (com 108 mil).

Apesar de uma rentabilidade de quase 50% no ano, até maio, a liquidez do HASH11 ainda está longe do volume financeiro transacionado em maio do ano passado, quando girava R$ 38 milhões, em média por dia. Em maio, ficou em R$ 6,7 milhões.

As demais opções de ETFs de ativos digitais não alcançam uma média diária de R$ 1 milhão. O que chegou mais próximo foi o BITH11, também da Hashdex, que replica o Nasdaq Bitcoin Reference Price, com R$ 752 mil de média diária de negócios. Em maio do ano passado, era mais que o dobro, de R$ 1,6 milhão. Acompanhando a valorização do bitcoin, o BITH11 acumula alta de 56,3%, no ano.

Primeiro ETF com exposição direta a bitcoin, o QBTC11, da QR Asset, que replica o índice CME CF Bitcoin Reference Rate, também registra forte recuperação, com uma rentabilidade de 57,2%, no ano, e o mesmo comportamento no volume negociado. Enquanto em maio do ano passado, o giro diário beirava os R$ 3 milhões, no mesmo passado, foram pouco mais de R$ 460 mil.

Mesmo sendo as únicas opções a registrar rentabilidade positiva em 12 meses, os ETFs com exposição a ethereum, a segunda maior criptomoeda em valor de mercado, reproduzem o contexto de baixa liquidez. Tanto o QETH11, da QR, quanto o ETHE11, da Hashdex, registram valorização de mais de 40%, neste ano, na média diária negociada caiu do patamar dos R$ 2 milhões, em maio de 2022, para R$ 238 mil e R$ 360 mil, respectivamente.

E a empolgação pelos ETFs “temáticos” caiu vertiginosamente nos últimos 12 meses. O volume financeiro médio diário recuou mais de 80%. As rentabilidades também ficam aquém dos ETFs focados em BTC e ETH. Os ETFs com foco em finanças descentralizadas (DeFi) da Hashdex e da QR (DEFI11 e QDFI11) registram valorização de pouco mais de 10%, no ano, até maio.

O NFTS11, da Investo, que investe em tokens do setor de mídia e entretenimento, sentiu o fim da febre dos NFTs e é o único ETF do segmento com rentabilidade negativa de 11%, no ano, e uma redução de 85% no volume médio negociado na B3, de pouco mais de R$ 10 mil.

Contexto

Apesar da recuperação das rentabilidades dos ativo digitais, a baixa liquidez dos ETFs, segundo as gestoras ainda é reflexo da crise vivida pelo segmento, em 2022, notadamente após a falência da FTX, uma da maiores empresas do ecossistema cripto dos Estados Unidos, somada à fuga dos investidores dos ativos de risco, em geral, para produtos considerados mais seguros.

“Atribuímos essa baixa liquidez ao momento de mercado, onde a aversão a risco está maior, se refletindo na migração de ativos mais arriscados e menos líquidos para os menos arriscados e mais líquidos”, afirma Samir Kerbage, diretor de investimentos da Hashdex. Segundo ele, no entanto, apesar do cenário pouco favorável, principalmente no Brasil, a queda no número de investidores nos ETFs de cripto, na comparação entre os meses de maio do ano passado e agora, “foi significativamente inferior à observada em diversos fundos multimercados famosos, que chegaram a apresentar quedas de 50% em sua base de investidores.” O HASH11 perdeu 12,5% da sua base de investidores, no mesmo período.

“Desde os problemas com a FTX e com a crise bancária nos Estados Unidos tivemos uma diminuição da participação de formadores de mercado internacionais nos ETFs de criptoativos brasileiros, o que causou uma redução nos volumes do mercado secundário”, aponta Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset. "Contudo, já vemos uma melhora na quantidade de negócios e no número de participantes no mercado.”

Ludolf ressalta que o ano passado foi muito difícil para os mercados de risco pelo mundo e, “em especial, para os projetos de tecnologia descentralizada”. “Mas, quando olhamos tanto a performance do bitcoin em horizontes mais longos quanto a velocidade de recuperação, estamos apontando para a janela de 12 meses de retorno positivo a partir de julho, o que sem dúvida pode despertar o interesse dos investidores para voltar a ter maior exposição nessa classe de ativos.”

Contraponto e contrassenso?

Enquanto o número de investidores e volume negociado em ETFs recuaram, por outro lado, a quantidade de brasileiros que negociam criptos “por conta própria” segue em crescimento. Segundo o último relatório de dados abertos da Receita Federal, em abril, o número de CPFs que reportaram transações com criptomoedas nas plataformas nacionais, estrangeiras e sem intermediários (peer to peer, P2P) alcançou a marca recorde de quase 2 milhões.

“ETFs são bons instrumentos para investidores que não possuem tempo para fazer uma gestão mais ativa dos seus ativos e que não desejam passar pelo processo longo de aprendizado no mundo cripto”, avalia João Kamradt, diretor de Pesquisa e Investimentos da Viden.vc, empresa de venture capital com foco em projetos digitais e web3.

No entanto, segundo ele, pode ser considerado “um contrassenso, principalmente, com a ideia de que as criptos surgiram para eliminar intermediários centralizados, como bancos ou outros agentes financeiros”. Apesar disso, a crescente disponibilização de negociação direta de cripto por instituições financeiras tradicionais tem aberto as portas para os investidores realizarem aportes diretos.

Para Kamradt, o investimento em ETFs “se encaixa muito mais a investidores qualificados que buscam exposição a uma carteira mais diversificada de criptoativos”.

Perspectivas

Via ETFs ou via negociação direta, os especialistas acreditam que, para os próximos períodos, a exposição às criptos deve acompanhar a recuperação dos mercados de ativos de risco.

“Temos para junho uma expectativa positiva com o mercado começando a computar o fim do ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, o que sem dúvida pode ser um catalisador para os ativos de risco pelo mundo, em especial para os criptoativos”, ressalta Ludolf, da QR.

“Mesmo com a expressiva alta no ano, entendemos que ainda há muito espaço de recuperação de preços para os criptoativos como um todo, mesmo sem grandes propulsores advindos do cenário macro”, avalia Kerbage, da Hashdex. “Claro que qualquer grande evento que afete a percepção de risco de uma forma mais estrutural irá afetar os preços dos criptoativos, porém acreditamos que as criptos irão figurar como a classe de ativos que terá o melhor desempenho no primeiro semestre.”

Para Kamradt, no entanto, o cenário ainda é de baixa do mercado cripto. “Embora o primeiro semestre tenha demonstrado uma recuperação de ativos como bitcoin e ethereum, que subiram consideravelmente, a tendência continua sendo de baixa e os próximos nove meses (até o halving do BTC) ainda podem apresentar um cenário difícil para as criptomoedas”, avalia.

Halving é o processo de corte pela metade da emissão de novas criptomoedas, reduzindo a oferta do ativo no mercado e potencializando a alta dos preços. O halving do bitcoin está previsto para acontecer em abril do próximo ano.

“Acredito que este é um ótimo momento para a construção de portfólio e a compra de bons ativos por preços descontados, levando em conta um futuro mercado de alta”, considera Kamradt. Ou seja, agora é a hora de garimpar as melhores criptos e esperar pela valorização, que uma hora virá.

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