A plataforma que será utilizada no projeto piloto do real digital será a Hyperledger Besu, uma blockchain do tipo “open source” com acesso permissionado a participantes, que tem inspiração no Ethereum, rede de criptoativos que inovou com a criação dos chamados contratos inteligentes (smart contracts) das aplicações de finanças descentralizadas.
Segundo Haroldo Jayme Cruz, chefe-adjunto do Departamento de Operações do Mercado Aberto, os motivos para a escolha foram ela ser compatível com a Ethereum Virtual Machine (EVM) em rede permissionada (não pública), ter suporte a privacidade de transações, ter código aberto, e com uma estrutura "robusta" de suporte por trás.
Como se trata de um sistema “open source” não será necessário fazer uma concorrência pública. Também não terá custos com licenciamentos. Mais tarde, para a manutenção da rede, isso poderia ocorrer, disse Cruz.
Segundo ele, se a plataforma passar bem pelos testes poderá ser escolhida como a tecnologia definitiva para a versão tokenizada da moeda brasileira.
Final de 2024
O coordenador da iniciativa do real digital, Fábio Araújo, disse que a expectativa é que no fim de 2024 clientes reais possam operar com o sistema. Na primeira etapa, os testes serão feitos com transações e clientes simulados.
"Até maio será feita a seleção dos participantes [do projeto piloto] e em dezembro de 2023 será concluída a fase de testes", ressaltou Araújo. Segundo ele, simulações com títulos públicos estão serão feitos até fevereiro de 2024.
O BC revisou as diretizes do projeto, que haviam sido publicadas em maio de 2021. "O objetivo do piloto desenvolver o piloto de uma plataforma para o real digital para iniciar testes. Em maio de 2021 o BC publicou uma lista com diretrizes e de lá para cá muita coisa aconteceu. Tivemos, por exemplo, o Lift Challenge em 2022, isso e outras ações nos ajudou a amadurecer o projeto", disse o técnico do BC.
Segundo ele, o foco dos testes são transações online, mas a possibilidade do uso offline está aberta. Araújo ressaltou que o arcabouço regulatório será o mesmo adotado para outras operações "para evitar assimetrias".