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Por — Para o Valor, de São Paulo


 — Foto: Lula Palomanes
— Foto: Lula Palomanes

O curador da 36ª edição da Bienal de São Paulo, o camaronês Bonaventure Soh Bejeng Ndikung, é conhecido por um cuidado extremo ao se vestir. Ele não passa despercebido.

Para este “À Mesa com o Valor”, no pequeno salão do Nonno Ruggero, um restaurante italiano no primeiro andar do hotel Fasano, nos Jardins, Ndikung escolheu uma composição de preto - calça de alfaiataria e quimono - sobre uma camisa branca.

A sobriedade aparente é desfeita pelos detalhes, todos em vermelho: o kufi, boné sem aba, curto e arredondado, comum entre a diáspora africana ao redor do mundo, o lenço no pescoço e os óculos redondos, além de quatro anéis enormes, dois em cada mão. Na lapela, um broche assinado pelo artista plástico baiano Sérgio Soarez.

O cuidado com que se apresenta, que remete à figura de um dândi contemporâneo, ele traz da adolescência. Aprendeu com a mãe, Theresia Lum Soh, e não tem relação com a moda, mas sim com personalidade. “Eu gosto de coisas que revelam uma atitude, que revelam algo sobre o interior da pessoa. A moda, para mim, é temporária”, explica ele, com a fala pausada e segura.

Ndikung diz que não se surpreendeu com o convite para assumir a curadoria da próxima Bienal, programada para setembro do ano que vem no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no parque Ibirapuera. Ele estava em Abidjã, capital da Costa do Marfim, em janeiro passado, participando da exposição de seu amigo nigeriano Emeka Ogboh na galeria Something, quando Andrea Pinheiro, presidente da Fundação Bienal, o convidou para apresentar uma proposta.

‘Gosto de coisas que revelam uma atitude’, diz Ndikung. ‘A moda é temporária’ — Foto: Gabriel Reis/Valor
‘Gosto de coisas que revelam uma atitude’, diz Ndikung. ‘A moda é temporária’ — Foto: Gabriel Reis/Valor

“Há muito tempo eu sabia que seria convidado. A questão não era se, mas quando”, conta, sem arrogância. “Existe um viés histórico e simbólico especialmente importante para nós do hemisfério Sul neste momento. Além disso, eu me sinto muito perto do Brasil e da Bienal”, diz ele, que fez diversas viagens a São Paulo, ao Rio e a Salvador, para conhecer as cidades, trabalhar ou visitar amigos.

Foi durante a festa de aniversário de seu filho, no fim de fevereiro, que ele fez uma explanação sobre as ideias que havia apresentado. No dia seguinte, recebeu o convite oficial para assumir a curadoria e prontamente o aceitou. Sua equipe conceitual está definida e é formada por cinco profissionais de quatro países diferentes: seus cocuradores são Alya Sebti, nascida em Casablanca, no Marrocos; Anna Roberta Goetz, suíça da Basileia; e o brasileiro Thiago de Paula Souza, natural de São Paulo.

A carioca Keyna Eleison é sua “cocuradora at large” e a alemã Henriette Gallus é sua consultora de comunicação e estratégia. Novos integrantes serão acrescentados à equipe e o projeto curatorial deve ser divulgado no segundo semestre.

Ndikung é radicado na Alemanha, onde chegou em 1997. Estudou na Universidade de Tecnologia de Berlim, fez doutorado em biotecnologia médica na Universidade Heinrich Heine de Dusseldorf e pós-doutorado em biofísica na Universidade de Montpellier, na França. Sua tese versava sobre o rearranjo genético específico do linfoide e mecanismos de mutação na crise blástica da leucemia mieloide crônica. Durante anos trabalhou na indústria farmacêutica.

Morar fora de Camarões nunca foi um sonho. Ndikung passou boa parte da vida em Barmenda, um vilarejo onde não havia galerias ou museus ou qualquer atividade de cultura formal. “Tive uma vida muito feliz em Camarões, brincava na rua com os vizinhos, com meus irmãos”, lembra.

Mesmo assim, fugiu da escola com 10, 11 anos. Seus pais o haviam colocado para estudar fora de sua cidade. Ele os via a cada três meses. “Foi difícil para mim, então decidi fugir. Quando cheguei em casa, meu pai me colocou no carro e me levou de volta. Ele era um homem muito direto. No caminho não abriu a boca, mas antes de se despedir me disse: ‘Eu estudei nessa escola, seu irmão mais velho estudou nessa escola. Você vai sobreviver’”, lembra. E ri.

Eu não quero falar sobre isso. O racismo está em todos os lugares. É uma distração”
— Bonaventure Soh Bejeng Ndikung

A educação sempre foi importante em sua casa. Seu pai, Pius Soh Bejeng, era sociólogo e antropólogo, um homem letrado, poliglota, que viajava muito pelo país a trabalho e era um exímio contador de histórias.

Em casa, tinha uma biblioteca imensa, sofisticada, com uma infinidade de livros sobre a emancipação dos negros ao redor do mundo de autores africanos, europeus e americanos. Durante a guerra civil, acabou perdendo o emprego por questões políticas e foi obrigado a se exilar nos Estados Unidos. “Parte dessa biblioteca hoje está comigo em Berlim, o restante ficou em Camarões, em nossa casa, completamente abandonada”, diz.

Ndikung começou a estudar química na universidade, mas, diz, “a escola não tinha laboratório e os professores não apareciam para dar aulas”. Passou então dois anos se dividindo entre festas, shows de música ao vivo e visitas a ateliês de artistas, pintores e fotógrafos. “Minha mãe me incentivada a me aproximar das artes, da criatividade. Quando eu criança, ela me dava aquarelas, crayons e papel. Eu me divertia.”

Quando um amigo lhe disse que queria estudar na Alemanha, ele também adotou a ideia. Precisaria se preparar, fazer um curso de alemão, que custava caro. Foi conversar com seu pai, mas não recebeu apoio. “Ele não tinha tempo para as minhas inquietações”, conta. Foi então falar com sua mãe, uma contadora, que lhe disse: “Nós vamos dar um jeito”.

Como a família morava em uma região agrícola, onde havia grandes plantações de batatas, sua mãe resolveu comprar um grande carregamento e vendê-las para um restaurante na capital, Yaoundé. “Consegui o dinheiro para o meu curso de alemão vendendo batatas”, lembra, enquanto saboreia o linguado ao molho mediterrâneo com legumes ao vapor que pediu.

Por sorte, a escola de biotecnologia ficava no mesmo campus da escola de artes. Em meio aos estudos, que levava a sério, seu interesse pelas artes foi crescendo e ele passou a compreender esse mundo de maneira mais ampla. Percebeu as manifestações artísticas que existiam em cada canto da sua cidade natal, do seu vilarejo, do seu país, na música, na dança, nas roupas coloridas, no artesanato. Amigos começaram a chamá-lo para promover uma exposição, escrever um texto sobre uma obra de arte ou fazer uma curadoria e ele foi aceitando. “Até então eu nunca tinha ouvido essa palavra, curador.”

Ndikung passou boa parte da vida em Barmenda, um vilarejo onde não havia museus                             — Foto: Arquivo Pessoal
Ndikung passou boa parte da vida em Barmenda, um vilarejo onde não havia museus — Foto: Arquivo Pessoal

Acabou desenvolvendo trabalhos como curador em países tão diferentes quanto Senegal, Grécia, Holanda, Finlândia, França, Mali, Itália e Alemanha. É dono de uma caderneta de contatos como existem poucas no meio.

Em Berlim, Ndikung é diretor e curador geral da Haus der Kulturen der Welt (HKW, a Casa das Culturas do Mundo, em alemão). Trata-se de um dos principais centros de arte contemporânea do país, com apresentações de teatro, literatura, filmes e exposições, principalmente de países não europeus. Ele é o primeiro homem negro e africano no cargo. Em setembro do ano passado, ele e sua gestão foram temas de reportagem no jornal americano “The New York Times”.

Ndikung também é o fundador e ex-diretor artístico do Savvy Contemporary, espaço idealizado para acolher artistas de todo mundo. “Savvy é um espaço de criação de arte que reflete a multiplicidade da nossa sociedade. Para mim esse lugar significa liberdade, emancipação e integridade intelectual”, resume. Apesar de não participar mais do dia a dia, ele ainda integra o conselho da instituição.

Entre os seus principais trabalhos como curador ou curador adjunto estão documenta 14, em Atenas, Grécia, e Kassel, na Alemanha, ambas em 2017; Dak’Art: Bienal de Arte Contemporânea Africana em Dacar, no Senegal, em 2018; e o pavilhão finlandês dentro da 58ª Bienal de Veneza, na Itália, em 2019.

Em 2020 ele foi o primeiro bolsista da residência internacional de curadores da Universidade de Arte e Design de Ontario (OCAD, na sigla em inglês), no Canadá. Ndikung foi convidado para lecionar estudos curatoriais e arte sonora na Escola Städel, em Frankfurt, e atualmente é professor e chefe do corpo docente no programa de mestrado em estratégias espaciais na Academia Internacional de Arte Weißensee, em Berlim.

Também em 2020 recebeu a Ordem do Mérito de Berlim por suas contribuições à cena cultural da cidade. Em paralelo, durante anos trabalhou em uma empresa onde fazia pesquisas monitorando sistemas para marcapassos e desfibriladores.

Em meio aos estudos de biotecnologia, o interesse de Ndikung pelas artes foi crescendo — Foto: Arquivo Pessoal
Em meio aos estudos de biotecnologia, o interesse de Ndikung pelas artes foi crescendo — Foto: Arquivo Pessoal

Uma de suas exposições levou para a Europa a obra do brasileiro Abdias Nascimento (1914-2011). Embora tenha vindo muitas vezes ao Brasil, foi na biblioteca de seu pai que Ndikung teve os primeiros contatos com Nascimento, ator, poeta, escritor, dramaturgo, artista plástico, professor e político, um dos mais importantes intelectuais e ativistas na luta antirracista que o Brasil já teve.

Casado com a atriz Lea Garcia, Nascimento foi o fundador do Teatro Experimental do Negro, do Museu da Arte Negra e do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros, hoje dirigido por sua segunda mulher, Elisa Larkin Nascimento. “Abdias é maravilhoso, tem inúmeros tentáculos”, diz Ndikung.

Impressionado com o talento e a prodigalidade do brasileiro, em julho de 2022 Ndikung inaugurou a maior exposição individual de pinturas de Nascimento na Europa, no Museu Stedelijk em Amsterdã, na Holanda.

No ano passado, entre junho e setembro, apresentou o projeto “O Quilombismo: Sobre resistir e insistir. Sobre fuga como luta. Sobre outras filosofias políticas democráticas e igualitárias”, na KHW, também baseado na obra de Nascimento, com exposição, performances e workshops reunindo uma série de artistas, ativistas e cientistas de vários países como Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Cabo Verde e Moçambique. “Quilombismo” faz referência à filosofia desenvolvida pelo brasileiro, que definiu os quilombos como sociedades de convivência fraterna e livre.

Ndikung acompanha o movimento da sociedade brasileira, liderado pela população negra, a favor dos seus direitos civis, contra o racismo. Sabe dos avanços, mas rechaça qualquer pergunta em relação ao tema e evita revelar se já sofreu racismo, aqui ou em outro país, e mesmo fazer comparações entre o Brasil e a Alemanha, onde vive. “Eu não quero falar sobre isso. O racismo está em todos os lugares. É uma distração e toma uma parte importante do nosso tempo, do nosso trabalho”, diz.

Ele também não gosta do termo antirracial. “Não quero ver a presença do afro-brasileiro apenas como anti alguma coisa. Esse anti é muito forte. A população negra não pode ser definida apenas por isso. Para mim o mais importante é a pletora de cultura que existe aqui”, afirma.

Em Berlim, Ndikung é diretor e curador geral da Haus der Kulturen der Welt — Foto: Arquivo Pessoal
Em Berlim, Ndikung é diretor e curador geral da Haus der Kulturen der Welt — Foto: Arquivo Pessoal

Ele muda de assunto e se lembra do Aparelha Luzia, um dos lugares que mais gostou de conhecer em São Paulo, justamente um quilombo urbano, um espaço cultural que abriga debates sobre a questão negra localizado no centro da cidade. O Aparelha foi idealizado e é dirigido por Erica Malunguinho, ex-deputada estadual. “Foi uma experiência incrível. Um lugar criado por uma mulher negra trans, que reúne pessoas de tantos lugares diferentes, do Congo, de Angola, do Brasil, dos Estados Unidos. Era o mundo no Brasil.”

Da mesma forma como evita falar sobre o racismo, Ndikung prefere não responder sobre os artistas plásticos brasileiros, negros, brancos, indígenas e amarelos que conhece e admira. Não quer antecipar qualquer informação sobre o que o público deve ver na próxima Bienal.

“Estou contente, honrado com o privilégio de ter assumido esse cargo na Bienal de São Paulo, uma das mais antigas e importantes do mundo e uma das poucas bienais com entrada gratuita. Vou trabalhar com muita alegria. Eu conheço bem os artistas brasileiros, mas não quero citar nomes porque posso ser mal-entendido”, explica.

“Você conhece os pássaros que migram? Vamos adotar as rotas de voo desses pássaros e fazer uma pesquisa profunda. Eles viajam do Brasil para o Canadá, da África para a Europa, cruzam os quatro pontos cardeais do mundo. Vamos fazer o mesmo”, diz, evasivo.

Se propositalmente não menciona artistas contemporâneos, faz questão de falar da sua admiração por Heitor dos Prazeres (1898-1966), homem negro de múltiplas facetas nascido no Rio de Janeiro. Prazeres foi pintor, cantor, compositor, sambista e fundador das primeiras escolas de samba, entre elas a Mangueira e a Portela.

“No tempo em que as pessoas negras eram vistas através de clichês, ele pintou a sua vida cotidiana nas comunidades, lavando roupas, nas rodas de samba. Heitor dos Prazeres retratou o lado humano dos negros. É nisso que estou interessado”, afirma.

Apesar de viajar constantemente e de indicar uma pesquisa profunda ao redor do mundo para definir os artistas que participarão da próxima Bienal, Ndikung diz que não acredita em países, em nações. “Eu vivo em Berlim, não na Alemanha. Países tendem a excluir. Acredito em pessoas, em amigos, em famílias. Acredito em encontros.”

Ele não tem uma imagem formada sobre o país, nem sobre os brasileiros. “Eu poderia dizer qualquer coisa sobre os brasileiros, mas seria um clichê. O Brasil é um continente, é uma mistura de tantas coisas. Estou sempre aprendendo. Para mim o país são as pessoas que têm um papel importante na sociedade, como Conceição Evaristo, Beatriz Nascimento, Abdias Nascimento, Zózimo Bulbul, Marielle Franco, Erika Hilton, Lélia Gonzalez, Lea Garcia.”

Ndikung também é escritor. Já publicou “The Delusions of Care” (As ilusões do cuidado, 2021), “An Ongoing-Offcoming Tale: Ruminations on Art, Culture, Politics and Us/Others” (Um conto em andamento: reflexões sobre arte, cultura, política e nós/outros, 2022) e “Pidginization as Curatorial Method” (Pidgnização como método curatorial, 2023). No momento, termina um ensaio a respeito do trabalho do fotógrafo e videoartista mineiro Eustáquio Neves para um novo livro.

Entre um gole e outro de café, Ndikung pensa um pouco antes de responder sobre os seus próximos dez anos. E devolve a pergunta: “Podemos pensar em 100 anos? Dez anos é logo ali. Para mim, o trabalho que estamos realizando agora é para a posteridade”. Segundo ele, quando as pessoas abrirem os arquivos daqui a 100 anos, vão encontrar contribuições feitas para o mundo. E os arquivos lhe são particularmente importantes porque seu país não se preocupa com os seus próprios arquivos, com suas memórias.

Além disso, ele acredita que cada nova geração está sempre reinventando a roda porque não sabe o que foi feito antes. “Para mim é uma questão de escolha: vamos construir ou vamos destruir? Eu escolhi trabalhar com pessoas que querem construir algo, que querem criar um futuro. Criar cultura.”

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