Autor — Foto: Carla Romero/Valor
O tema exílio estava em voga no Brasil, em 1967, quando Chico Buarque de Hollanda, com apenas 23 anos, deu uma entrevista à revista "O Cruzeiro". O assunto foi abordado em tom de brincadeira. Desde abril de 1964, o golpe militar assombrava as liberdades individuais no país. Com certa ironia, o repórter da famosa revista perguntou quais seriam as três músicas que o jovem compositor levaria para uma ilha deserta, "caso fosse cassado ou confinado" pelo governo. Sem vacilar, ele, que se exilaria na Itália dois anos depois, após ser preso, citou "Amélia" (Ataulfo Alves e Mário Lago), "Quando o Samba Acabou" (Noel Rosa) e "João Valentão" (Dorival Caymmi). A lista parecia estratégica, no sentido de valorizar o que ele considerava os nomes mais representativos da música brasileira, sofisticada, mas sem perder seu caráter popular, no momento em que se discutia o uso da guitarra na MPB.