Prática ESG
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Por Lúcia Helena de Camargo — Para o Valor, de São Paulo


As embalagens são 30% dos resíduos descartados, de acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil (PRSB) de 2022. Com um valor bruto da produção de R$ 123 bilhões, uma alta de 3,9% em relação a 2021, a indústria de embalagens procura otimizar o design e educar o consumidor para a reciclagem por meio de cartilhas. “No Brasil já se estruturou uma cadeia econômica pelo valor dos materiais, mas agora precisamos avançar na logística reversa”, diz Luciana Pellegrino, diretora executiva da Associação Brasileira de Embalagem (Abre), que reúne 210 empresas, que representam cerca de 50% do faturamento do segmento.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) estabelece metas progressivas para a recuperação das embalagens pós-consumo pelo sistema de logística reversa. A meta para este ano é de 22%. Em 2024, os setores deverão comprovar o retorno de 30% do total colocado no mercado, com aumento gradativo até atingir 45% em 2040.

Neste sentido, a mais recente iniciativa da Abre foi o lançamento do programa Lupinha, que adiciona ao rótulo, por meio de um código QR, informações sobre o descarte correto. A Rede Mundo Verde foi a primeira a aderir, com sete produtos que entram no mercado em julho. O custo de adesão é de R$ 100 por produto. “O consumidor é o primeiro elo para aumentar a logística reversa”, diz Isabella Salibe, gerente de projetos da entidade.

A Central de Custódia da Logística Reversa de Embalagens, instituída em 2021 para validar o sistema de Certificados de Crédito de Reciclagem (Recicla+) e garantir a efetiva recuperação das embalagens pós-consumo, já validou 1,15 milhão de toneladas de embalagens. A organização estima que esteja na metade da meta para o ano, ou seja, com cerca de 11% dos resíduos seguindo para a reciclagem, equivalentes a cerca de 1,5 milhão de toneladas de embalagens.

Nas contas da entidade, o sistema paga, em média, R$ 130 por tonelada de materiais. Assim, desperdiça-se, em materiais que acabam em aterros e lixões, R$ 195 milhões por ano. “Ainda vai demorar para termos números mais robustos, mas estamos no caminho certo”, diz Fernando Bernardes, diretor de operações na Central de Custódia.

Uma das lições da experiência com as latas de alumínio - material cuja reciclagem equivaleu a 100% das 390 mil toneladas de latinhas produzidas no país em 2022, de acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alumínio (Abralatas) - é que para avançar na logística reversa a venda do material precisa valer a pena para o catador. Hoje, 1 kg de latinhas rende em torno de R$ 6. Outros materiais são mais baratos.

A Green Mining usa a tecnologia blockchain para rastrear a quantidade de resíduos coletados e as emissões evitadas. Fundada em 2018, a startup informa já ter coletado e enviado para a reciclagem 5.900 toneladas de embalagens pós-consumo, evitando a emissão de 998 mil kg de gases de efeito estufa (CO2) equivalente. Entre os maiores volumes estão 4.100 toneladas de vidro (equivalentes a 20,7 milhões de garrafas long neck), mil toneladas de plástico (22,2 milhões de garrafas PET de dois litros) e 840 toneladas de papel.

A empresa iniciou as operações fazendo coletas em bares, restaurantes e condomínios e inaugurou em 2021 o projeto Estação Preço de Fábrica. “Nosso objetivo é democratizar o acesso ao valor real do material, principalmente para quem depende da venda dos recicláveis para o sustento, como catadores e carroceiros”, diz Rodrigo Oliveira, CEO da Green Mining. Ao encaminhar os materiais para usinas de reciclagem, a empresa consegue pagar mais pelo resíduo, por evitar os intermediários. Assim, o quilo de vidro, comumente vendido por menos de R$ 0,10, na Estação Preço de Fábrica vale entre R$ 0,28 e R$ 0,62, conforme a cor.

O papelão, comprado a R$ 0,80 o quilo, em média, figura no topo da lista em volume. Foram recuperadas 282 mil toneladas entre 2020 e 2021, de acordo com o Atlas Brasileiro da Reciclagem, da Associação Nacional dos Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis (Ancat). O plástico aparece em segundo, com 145 mil toneladas. A entidade, que reúne 19 mil catadores de 512 cooperativas e associações, informa ter gerado renda de R$ 346 milhões com a venda de materiais recuperados, entre 2017 e 2020.

Outro material que ganha escala na logística reversa é o aço, que por meio do programa Prolata Reciclagem, iniciativa da Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço), encaminhou à reciclagem volume 141% superior ao de 2022. Em cinco anos, foram 31 mil toneladas de embalagens de aço pós-consumo, deixando de emitir 118 mil toneladas de CO2 na fabricação de novo produto. O Prolata atesta que 47% do total das latas de aço consumidas no Brasil são recicladas. O material é proveniente da parceria com 63 cooperativas, nas quais foram investidos mais de R$ 7 milhões, além de 172 pontos de entrega voluntária.

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