Quando Mounjaro, rival do Ozempic, chegará às farmácias no Brasil?

"É importante contextualizar que o crescimento do mercado global de incretinas injetáveis é sem precedentes e, antes de lançar Mounjaro em algum país, há uma avaliação de mercado para garantir o fornecimento", afirmou a Eli Lilly ao Valor.

A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) já estabeleceu um teto de preço para o medicamento: entre R$ 1.457.47 e R$ 2.914.95, dependendo da concentração, sem contar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS).

A medicação será vendida somente sob prescrição médica e poderá ser encontrada nas concentrações de 2,5 mg, 5 mg, 7,5 mg, 10 mg, 12,5 mg ou 15 mg em 0,5 ml. Além disso, cada embalagem do Mounjaro irá conter de 2 ou 4 canetas de uso único.

O seu principal ativo é a tirzepatida, mas a caneta também conterá cloreto de sódio, fosfato de sódio dibásico heptaidratado, ácido clorídrico, hidróxido de sódio e água para injetáveis.

O intestino produz vários hormônios (conhecidos como incretinas) e muitos são feitos, especificamente, após uma refeição em resposta aos alimentos e agindo na regulação do metabolismo da glicose.

“Toda vez que nós comemos, o nosso intestino produz duas substâncias: GLP-1 e GIP. Elas são substâncias com inúmeros efeitos como a regulação da secreção de dois hormônios pancreáticos, chamados insulina e glucagon, que agem no estômago e diminuem a velocidade que o órgão esvazia. Além disso, eles agem em uma área do cérebro que controla o aumento da saciedade e da redução do apetite”, explica Rodrigo Moreira, endocrinologista e mestre e doutor em Endocrinologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

E é nessa área que o Mounjaro atua: o medicamento tem como principal ativo a tirzepatida que consegue replicar os efeitos do GLP-1 e do GIP com uma molécula só. Ou seja, quando o ativo aciona esses dois receptores diferentes, ele consegue melhorar a secreção de insulina, diminuir o esvaziamento gástrico e consequentemente inibir a fome.

De acordo com a Anvisa, o Mounjaro possui o ativo com a maior potência glicêmica em comparação a outras medicações como Ozempic e Wegovy. Além disso, a tirzepatida reduz efetivamente a HbA1c (hemoglobina glicada).

“Espera-se que resulte em redução do risco de doença microvascular a longo prazo, prevenindo cegueira, insuficiência renal com necessidade de diálise e amputação devido à neuropatia. Outro benefício dessa droga é a mudança favorável do peso corporal (perda de peso)”, destaca a agência reguladora.

A medicação deverá ser administrada via injeção semanal e tem como objetivo auxiliar no controle da glicemia (quantidade de açúcar no sangue) em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Segundo a farmacêutica, a medicação:

• Aumenta a liberação do hormônio (insulina) responsável por diminuir a quantidade de açúcar no sangue;
• Melhora a sensibilidade à insulina (o que pode ser atribuído à redução do peso durante o tratamento);
• Reduz a concentração do hormônio (glucagon) responsável por aumentar a quantidade de açúcar no sangue durante o jejum e da exposição ao glucagon após uma refeição;
• Atrasa o esvaziamento gástrico, o que pode reduzir a velocidade da absorção da glicose após a refeição.

A sua dose inicial é 2,5 mg uma vez por semana, se necessário, o médico poderá fazer o aumento de 2,5 mg, após o mínimo de 4 semanas na dose atual, desde que o limite seja de 15 mg por semana.

O medicamento não é indicado para pacientes com histórico pessoal ou familiar de carcinoma medular de tireoide (um tipo raro de tumor maligno na tireoide) ou em pacientes com neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (síndrome genética caracterizada pela presença de tumores envolvendo algumas glândulas endócrinas).