ESG
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Por e , Para o Prática ESG (*) — Do Rio


A gente gosta de pensar que é disruptivo. Inovador. Que pensamos fora da caixa. Mas acabamos caindo nas mesmas rotinas e acomodando nossas vidas às certezas estabelecidas. Às coisas com as quais conseguimos lidar. Podemos até falar dos temas difíceis e promover mudanças complicadas, mas evitamos os impossíveis ou pelo menos fingimos evitar.

Uma das formas mais interessantes de exercitar nossa ilusão do controle sobre a realidade é achar que algo continuará sendo como é simplesmente porque “sempre foi assim”. Pessoas inteligentíssimas fizeram previsões ridículas sobre o futuro amparadas nessa ilusão, como o presidente da British Royal Society que disse em 1895: “máquinas de voar mais pesadas que o ar são impossíveis”. Ou o presidente da Digital que declarou em 1977 que “não há nenhum motivo para uma pessoa ter um computador em casa”. Antes de julgá-los podemos pensar se nós estamos fazendo previsões melhores sobre o que acontecerá nos próximos anos.

É importante que se diga: nada, absolutamente nada, garante que o futuro será uma cópia do passado. Além disso, geralmente quando as pessoas falam “sempre foi assim” estão com uma percepção limitada do espaço-tempo.

Vejam, por exemplo, todo o zum-zum-zum criado em torno da inteligência artificial e o futuro do trabalho. Falar do futuro do trabalho traz embutida uma premissa importante que é a de que o trabalho terá um futuro. Por que o trabalho precisa ter um futuro? Ora, porque sempre trabalhamos, dirão alguns. Só que isso não é verdade. Nem sempre trabalhamos e poderemos não trabalhar no futuro. Eu não sei que isso vai acontecer. Mas você também não sabe que não vai. É o que chamamos de incerteza e vamos abrir nossas mentes por alguns minutos para explorar essa possibilidade.

Diz-se que Adão, o primeiro homem, ao ser expulso do paraíso inaugurou nossa lida. “Comerás o teu pão, no suor do teu rosto". Entretanto, o trabalho assalariado tal como o conhecemos ou, como cantava Dolly Parton “das 9 às 5”, tornou-se protagonista após a revolução industrial. Nas idades antigas, média e mesmo moderna, o trabalho assalariado já existia, mas não era o modo predominante, papel desempenhado pela escravidão e servidão.

Então... a pergunta persiste: será que precisaremos continuar trabalhando para que nossas vidas tenham sentido? A lógica subjacente é a mudança da escassez para a abundância. As máquinas substituem o trabalho braçal. A inteligência artificial substitui o trabalho intelectual. A riqueza é gerada sem a necessidade do suor do nosso rosto. Inferno? Alguns veriam o paraíso.

Mais interessante ainda é refletir sobre o impacto disso no mundo. Pensando na sustentabilidade do planeta e na diminuição da desigualdade, podemos achar argumentos favoráveis e contrários. Por um lado, menos deslocamento, menos estresse, menos consumismo, menos desperdício, mais tempo para a família, para a comunidade, para a natureza. Por outro, mais ócio, menos propósito, mais tédio, mais hedonismo, talvez mais excessos.

Além disso, um dos aspectos centrais de ESG é a necessidade da empresa se preocupar com a qualidade de vida de seu público interno. Mas e se a força de trabalho diminuir ao ponto de quase desaparecer, tornando externo todo público que diz respeito a organização? Essa é uma das implicações do “unicórnio de uma só pessoa” proposto recentemente pelo Sam Waltman. A existência de uma força de trabalho, isto é, um público interno, traz para dentro da empresa certa representatividade do que está fora dela. Se não há mais trabalho e, portanto, não existem mais pessoas trabalhando dentro da organização, será que a sensibilidade para os temas ESG irá diminuir?

Parece que a chave que abrirá o portal para um ou outro caminho terá, como sempre, menos a ver com a tecnologia em si e mais com o uso que faremos dela.

Sobre os autores

Paula Chimenti é professora e coordenadora do Centro de Estudos em Estratégia e Inovação do COPPEAD/UFRJ. Leciona as disciplinas Gestão de Plataformas e Mercados em Rede, Marketing Digital e Metodologia de Pesquisa nos cursos de MBA Executivo, Mestrado e Doutorado do COPPEAD/UFRJ. É coordenadora do Centro de Estudos em Estratégia e Inovação, onde desenvolve pesquisas sobre o impacto de inovações disruptivas em ecossistemas de negócios.

André Fonseca é professor do MBA Executivo e Pesquisador no COPPEAD/UFRJ

(*) Disclaimer: Este artigo reflete a opinião do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Paula Chimenti é doutora em Administração pelo Instituto Coppead de Administração (COPPEAD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — Foto: COPPEAD-UFRJ/ Divulgação
Paula Chimenti é doutora em Administração pelo Instituto Coppead de Administração (COPPEAD) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) — Foto: COPPEAD-UFRJ/ Divulgação
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