Renato Bernhoeft
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Por Renato Bernhoeft

Renato Bernhoeft é fundador e presidente do conselho da höft consultoria. Autor de livros sobre empresas familiares, sociedades empresariais e qualidade de vida


Ultimamente, o noticiário está repleto de disputas entre herdeiros de grandes patrimônios ou empresas, constituídos por seus pais na geração anterior. Essas situações decorrem do fato de que muitos desses empreendedores se concentraram em construir um patrimônio – do ponto de vista material - significativo para seus descendentes.

A maioria, inclusive, começou sua vida com muitas dificuldades e resistências. Curiosamente, no caso brasileiro, minha experiência em ter tratado dos processos de sucessão em empresas familiares por mais de 48 anos mostra que uma parcela significativa é constituída por imigrantes ou filhos de imigrantes.

Ou seja, pessoas que chegaram ao Brasil sem recursos e muitas vezes fugindo de guerras ou perseguições em seus países de origem. São histórias dignas de registro e fazem parte da construção da história e do modelo da empresa nacional, cujo reconhecimento ainda merece ser pesquisado e construído.

Mas o que interessa explorar neste artigo é o fato de que muitos desses empreendedores ficaram concentrados em construir um patrimônio a ser desfrutado pelos seus filhos e herdeiros. Priorizam no encaminhamento do tema a constituição de testamentos, holdings patrimoniais, orientação jurídica e gestão financeira. Não debatem o assunto com seus herdeiros, e menos ainda os preparam para administrar as fortunas que vão receber, sem nenhum esforço, ou conquista pessoal.

Alguns dos herdeiros até desconhecem a história pessoal do patriarca, pois estes, muitas vezes afirmam constantemente que não desejam que seus filhos passem pelas dificuldades que viveram. Lamentavelmente, a experiência tem demonstrado que nem ao menos buscam desenvolver um conceito de "legado", que deve se vincular ao patrimônio transferido.

Colunista afirma que muitos empreendedores se concentraram em construir um patrimônio significativo para seus descendentes, mas não debatem o assunto com seus herdeiros ou os preparam para administrar as fortunas que vão receber — Foto: Unsplash
Colunista afirma que muitos empreendedores se concentraram em construir um patrimônio significativo para seus descendentes, mas não debatem o assunto com seus herdeiros ou os preparam para administrar as fortunas que vão receber — Foto: Unsplash

Ao falarmos de legado estamos nos referindo aos valores, história, crenças e formas que o empreendedor usou para construir seu sucesso e patrimônio.

Nossa experiência em lidar com o tema sucessão mostra o quanto é importante que o tema legado esteja vinculado ao patrimônio, dando a ele um sentido e valorização do esforço que foi exigido para a sua construção.

A forma como o tema pode ser encaminhado tem várias maneiras: palestras do fundador para seus filhos e netos, contando sua história junto com sua parceira que o acompanhou; publicação de um livro sobre a história; vídeos com depoimentos de pessoas que participaram ao lado do fundador desde o início, etc.

Uma publicação recente do Valor sobre como este assunto já está ganhando espaço entre gestoras de patrimônio inicia dizendo que “uma tese nova no Brasil tem chamado a atenção de vários setores sobre heranças, sobretudo o de gestão de recursos. Crescem as tentativas de resolver uma questão comum entre herdeiros de grandes espólios, com inventários que muitas vezes ficam travados e se arrastam durante anos por falta de liquidez ou por eventuais litígios entre sucessores”.

O negócio que está surgindo no Brasil – e que já existe em outros países mais desenvolvidos –, segundo os empresários do segmento financeiro, é “transformar os direitos hereditários em creditórios”.

Ou seja, “enquanto os ativos da herança estiverem em disputa, e até que possam ser transformados em bens, especialmente imóveis em fundos imobiliários ou em FIP (de participações em empresas), os administradores destas financeiras antecipam uma parte do valor herdado, aguardando que a questão legal se resolva".

Claramente, podemos observar aqui que os gestores financeiros estão oferecendo aos herdeiros em disputa patrimonial uma antecipação financeira que será integralmente paga quando o litígio estiver equacionado.

Enfim, parte do mercado percebeu uma oportunidade de negócio em patrimônios que ficam paralisados enquanto os seus herdeiros não se entendem, remunerando-os com uma parte do que, no futuro, deverá ser recebido por cada uma das partes.

O que desejo provocar com este alerta é a importância de que o empreendedor amplie sua visão além de simplesmente construir um patrimônio para seus descendentes. Ele deve desenvolver o conceito de legado que acompanha o patrimônio, até porque será uma forma de valorizar sua história e o que conquistou ao longo da sua vida.

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