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Como você reage quando seus planos, ideias ou ações dão errado? Quando os resultados ficam aquém do que você esperava, seja na sua carreira ou em sua vida pessoal?

Bem, muitas pesquisas convergem que aqueles que conseguem refletir sobre o que deu errado e ganhar energia para tentar de novo têm muito mais chances de dar um melhor passo adiante.

Uma delas, por exemplo, mostra que bons vendedores são aqueles que mais conseguem se re-alimentar da frustração. Mesmo situações constrangedoras os impulsionam a repensar a situação e adotar novas abordagens para revertê-la ou até transformá-la em uma oportunidade.

Nos últimos anos, aparentemente, as organizações entenderam que errar e falhar faz parte. “Falhar rápido”, “abraçar os erros” e “falhar frequentemente” são algumas das expressões que reconhecem que, no mundo real, erros sempre foram um dos mais efetivos caminhos para se aprender.

Evidências mostram que as empresas ainda estão longe de serem eficientes em aprender com seus erros, diz colunista — Foto: Unsplash
Evidências mostram que as empresas ainda estão longe de serem eficientes em aprender com seus erros, diz colunista — Foto: Unsplash

Em um contexto em constante transformação com situações cada vez mais inéditas, isso deveria ser fundamental. Não por acaso, o mundo empresarial foi inundado por dezenas de metodologias para ajudar empresas a tomar decisões, criar produtos, sistemas etc., interagindo com falhas e erros.

Quanto mais rápido você aprende com os seus erros, mais produtividade e vantagem competitiva você desenvolve.

Tudo faz sentido! Entretanto, evidências mostram que as empresas ainda estão longe de serem eficientes em aprender. Apesar da explosão de tecnologias digitais, novos modelos de negócios e tecnologias de gestão, a produtividade empresarial tem crescido abaixo do que se observou em décadas passadas. Também, nos últimos anos o risco de empresas líderes em seus segmentos perderem suas posições para competidores mais inovadores diminuiu em 50%. Isso representa um contexto dinâmico e disruptivo, onde aprender mais rápido que a concorrência é uma prioridade.

Obviamente, em um mundo infestado de informações, entender o que é verdade está cada vez mais difícil, ainda mais quando empresas e profissionais se preocupam mais em parecer celebridades do que fazer transformações reais. Elas até parecem modernas, disruptivas, mas a grande maioria não consegue ir além da casca. E dificilmente irão conseguir se continuarem lembrando aos seus profissionais que falhas e erros os definem muito mais do que sua capacidade de aprender.

No cerne disso está um modelo mental onde só podem existir vencedores e perdedores - esses últimos muito mais que os primeiros. Por exemplo, em avaliações de performance, estudos mostram que apenas de 5% a 10% dos profissionais sentem que suas avaliações são justas e construtivas, enquanto o grande resto se sente fracassado e pouco reflexivo sobre o que fazer. Reações essas muito parecidas com a definição de bônus, de quem participa em programas de desenvolvimento, em projetos relevantes etc.

A discussão é muito mais profunda e requer repensar o que se entende por gestão, liderança, talento e até organizações. A alternativa para uma realidade de vencedores e perdedores está na possibilidade onde todos têm a chance de vencer, e enquanto não chegam lá, estão aprendendo. Aprendizado e desenvolvimento deixam de ser práticas exclusivas de um departamento para se tornarem uma lógica de negócios.

Líderes podem até celebrar erros. Mas transformá-los em algo útil requer mudanças não tão simples, que como as evidências sugerem, poucos conseguiram.

Claudio Garcia é presidente da Outthinker Networks e ensina gestão global na Universidade de Nova York

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