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A trágica situação do Rio Grande do Sul é também uma lembrança da nossa incapacidade técnica, de liderança e moral de atuarmos coletivamente em prol do que deveria ser do nosso interesse. E isso não é um exemplo exclusivo do Brasil.

É também um exemplo da ingenuidade sobre como pensamos aquecimento global. Uma grande parte do estrago já foi feita, e mitigação - ou “cada um fazendo sua parte” - apesar de necessária, não eliminará a necessidade de nos adaptarmos a um novo ambiente climático que deve afetar o planeta por muitas décadas à frente.

Infelizmente, tragédias como essas também são fontes de aprendizado para lidarmos melhor com esse frequente contexto de extremos. Depois de eventos como esse, é comum se falar do que poderia ser feito. Mas pouco se fala de como poderíamos gerir diferente.

A gestão evoluiu significativamente, mas como fala Feliz Oberholzer-Gee, professor da escola de negócios de Harvard, é surpreendente como se utilizam práticas antigas para contextos incertos. Algumas práticas mais atualizadas de gestão poderiam ser muito úteis para melhor responder a um novo contexto climático.

Claudio Garcia defende que lgumas práticas mais atualizadas de gestão poderiam ser muito úteis para melhor responder a um novo contexto climático — Foto: Jurgen Mayrhofer/Governo do Rio Grande do Sul
Claudio Garcia defende que lgumas práticas mais atualizadas de gestão poderiam ser muito úteis para melhor responder a um novo contexto climático — Foto: Jurgen Mayrhofer/Governo do Rio Grande do Sul

Uma primeira, que parece óbvia, é se utilizar dados. Por exemplo: modelos climáticos sugerem que vamos lidar com amplitudes maiores de temperatura, vento, marés, etc. Isso tem centenas de implicações para métodos construtivos, necessidades energéticas, modelos de seguro, logística, serviços de saúde, etc. Amplitudes maiores requerem soluções diferentes, não tão óbvias, às quais poucos têm reagido.

Segundo é parar de confundir estratégias com planos. Planos são apenas instrumentos. A imprevisibilidade do aquecimento global, que impactará de cadeias de alimentação à disponibilidade de talentos, requer capacidades de realizar estratégias à medida que elas emergem. Estratégia é dinâmica. Significa fazer escolhas, destinar recursos escassos para áreas com maior alavancagem, e ser obsessivo em aprender e se ajustar. “Todos têm um plano até receber um soco”, já dizia Mike Tyson.

Outra prática é a de ecossistemas de negócios. Muitas necessidades de clientes só podem ser atendidas por várias empresas com ofertas complementares - por isso o termo ecossistema. Hoje, nove das dez maiores empresas em valor de mercado são parte de ecossistemas. Curiosamente, os grandes desafios que enfrentamos como acesso a saúde, educação e, por sinal, aquecimento global, não podem ser resolvidos por entidades isoladas. Mas gerir ecossistemas requer formas distintas de se pensar organizações, liderança e cultura do que os tradicionais modelos de governança.

E, um último exemplo, são objetos próximos e convergentes. Em ambientes incertos, grandes visões, distantes da realidade, geram rigidez ideológica que impedem diálogos e eliminam encontrar zonas de convergência com benefícios rápidos. Em regiões com forte presença de indivíduos com questionamentos sobre a origem do aquecimento global, iniciativas “verdes” avançaram por meio de pontos de convergência, como menor impacto da poluição na saúde ou autossuficiência energética.

Essas são apenas algumas das práticas que já beneficiam companhias que admiramos e que estão sendo absorvidas inclusive por instituições governamentais. Para empresas, sua adoção significa, adaptabilidade, competitividade e bilhões de dólares de lucros. Para o desafio da adaptação a um clima incerto, poderá significar muito menos sofrimento e perdas de vidas.

Claudio Garcia é presidente da Outthinker Networks e ensina gestão global na Universidade de Nova York

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