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Nesses últimos dois meses, assistimos a três renúncias de conselheiros de administração de grandes empresas brasileiras que foram significativas para a comunidade de governança corporativa. Uma dessas renúncias foi feita por um respeitado conselheiro independente da Vale, comunicada por meio de uma carta pública na qual ele questionou o processo sucessório da presidência da companhia. “Não acredito mais na honestidade de propósitos de acionistas relevantes da empresa no objetivo de elevar a governança corporativa da Vale a padrão internacional de uma Corporation”, declarou o conselheiro no texto, afirmando que sua atuação no colegiado se tornou “ineficaz, desagradável e frustrante”.

As outras duas renúncias não se deram por meio de cartas públicas, mas também aconteceram por motivos claros de discordância com a política de governança que vinha sendo aplicada pelo principal acionista da companhia.

Esses casos, em especial o da Vale, me chamaram a atenção pelo fato de ser raro esse tipo de posicionamento por parte de membros de conselho, embora a orientação do Código de Governança do IBGC seja muito clara nesse sentido: “Se o conselheiro identificar pressões indevidas ou sentir-se constrangido e não for possível manter sua autonomia, ele deve, no limite, renunciar ao cargo, sem prejuízo a eventual formulação de denúncia à assembleia geral e/ou ao órgão regulador”.

Independentemente dos motivos que os levaram às suas decisões, esses três conselheiros agiram seguindo seus princípios e suas obrigações segundo o mesmo Código do IBGC, que define que o conselheiro deve exercer o papel de guardião dos princípios, valores, objeto social e sistema de governança da organização.

É encorajador testemunhar conselheiros expressando seus pontos de vista com tamanha firmeza. No âmbito da governança corporativa, é crucial estabelecer os mais elevados padrões de conduta, abrangendo desde a colaboração efetiva no trabalho em colegiados até o respeito pela diversidade de opiniões, demonstrando uma habilidade genuína para ouvir e considerar todos os pontos de vista. Os princípios e valores que norteiam um conselheiro devem ser transparentes e inquestionáveis, servindo como pilares fundamentais para a tomada de decisões responsável e ética.

Colunista diz ser essencial que um conselheiro se sinta empoderado para expressar suas opiniões livremente, defender suas convicções e denunciar condutas inadequadas — Foto: Unsplash
Colunista diz ser essencial que um conselheiro se sinta empoderado para expressar suas opiniões livremente, defender suas convicções e denunciar condutas inadequadas — Foto: Unsplash

Tornar público o motivo de sua saída precoce nem sempre é um caminho possível ou fácil - seja por questões de confidencialidade ou até mesmo por receio do confronto, da exposição ou do impacto que a decisão possa causar em sua carreira. Mas também é importante lembrar que estamos falando de profissionais experientes que têm responsabilidades legais e fiduciárias e atuam no mais alto nível de governança de uma companhia.

Ser conselheiro não se resume a uma profissão, mas sim a uma escolha de engajamento ativo na gestão e na preservação dos princípios, valores e cultura de uma organização, visando sua perenidade. Não pode ser um jogo de interesses individuais. É essencial que um conselheiro se sinta empoderado para expressar suas opiniões livremente, defender suas convicções e denunciar condutas inadequadas, sempre com a cabeça erguida e o compromisso firme com a integridade e a transparência. Têm todo o meu respeito aqueles que têm a coragem de agir e se colocar.

Vicky Bloch é fundadora da Vicky Bloch Associados, professora do IBGC, da FIA e membro de conselhos de administração e consultivos

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