![Exibição de câmeras e sensores de veículo da BYD; montadora chinesa informa que vai investir US$ 14 bi para criar carros inteligentes — Foto: Qilai Shen/Bloomberg](https://s2-valor.glbimg.com/z1aveePqa75CD82jWayDrt3RXIY=/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2024/A/a/yl7YyeS6S5MxozFeOAYw/foto23rel-101-carro-f10.jpg)
Regras mais claras no plano econômico, como a retomada da alíquota para importação de veículos automotores, devem facilitar ainda mais o avanço do carro chinês no Brasil, agora sob os auspícios da produção local. Pelo menos dois grandes fabricantes chineses, a Great Wall Motors (GWM) e a BYD, anunciaram investimentos milionários, visando ocupar mais espaço no mercado brasileiro de automóveis, e não mais apenas por meio da importação.
A GWM mantém a decisão, anunciada em meados de 2023, de investir R$ 10 bilhões em dez anos, que envolvem a compra da fábrica da Mercedes de Iracemápolis (SP) e também a criação de uma rede de concessionárias, a contratação de profissionais especializados e o desenvolvimento e os testes de veículos desenhados especialmente para o país. Os primeiros R$ 4 bilhões estão sendo investidos a partir deste ano e até 2026.
A BYD, que opera no mercado brasileiro desde 2015, quando começou a produzir chassis de ônibus elétricos em Campinas (SP), trouxe seu primeiro SUV elétrico, o TAN EV de sete lugares, em meados de 2021, e em 2023 investiu R$ 65 milhões em pesquisa e desenvolvimento em energia limpa. A partir deste ano, desembolsa em torno de R$ 3 bilhões para instalar três linhas de produção dentro do complexo fabril em Camaçari (BA) além de construir um centro de P&D em Salvador. “Um dos principais objetivos é desenvolver a tecnologia de um motor híbrido-flex, para combinar o etanol brasileiro com o motor elétrico da BYD”, afirma Alexandre Baldy, conselheiro especial da filial brasileira.
O cenário econômico é propício para o crescimento do mercado de veículos elétricos, avaliam os empresários. “A força dos carros elétricos se consolidou no Brasil e no mundo em 2023, chegando a mais de 3 milhões de unidades vendidas e um crescimento global anual de 62%”, informa Baldy. No Brasil, os fabricantes chineses venderam 32,1 mil unidades dos quase 94 mil veículos elétricos leves comercializados no ano passado - aumento de 347% em relação a 2022. “Crescemos quase 70 vezes, comparando as vendas de 2023 e de 2022. Foram mais de 20 mil unidades comercializadas no ano passado”, diz o dirigente da BYD.
Para a GWM, segundo Oswaldo Ramos, chefe da área comercial, 2023 foi realmente o ano da explosão, não só para carros 100% elétricos, mas também híbridos e híbridos plug-ins. “Em 2024, teremos números muito expressivos, independentemente do imposto de importação, porque já vamos ter fabricação local”, diz ele. Os investimentos da empresa, assinala o executivo, visam à expansão e modernização da fábrica de Iracemápolis, para aumentar sua capacidade produtiva, de 20 mil unidades/ano para até 100 mil unidades/ano nos próximos três anos.
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Eficiência, conforto, conectividade, performance, segurança e design são os maiores atrativos da nova geração de carros chineses vendidos no Brasil, mas os fabricantes confiam em outros incentivos. “O novo programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), lançado em dezembro, apresenta incentivos às empresas que apostam em fabricar veículos elétricos e híbridos no Brasil”, diz Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).
Para Célio Hiratuka, diretor do Instituto de Economia da Unicamp, que vem estudando a trajetória dos fabricantes de ônibus elétricos no país, a expansão da mobilidade urbana será fundamental para um aumento de produção dos veículos elétricos. “Hoje, a frota de ônibus urbanos no Brasil não chega a 500 unidades em todo o país, mas com os investimentos chineses na produção local, haverá um salto muito relevante”, confia.
A eletrificação da frota de veículos no país é considerada irreversível, ganha escala e comprometimento dos fabricantes chineses, mas precisa superar obstáculos. A limitação dos pontos de carregamento das baterias elétricas, por exemplo, é uma delas, o que faz com que os veículos rodem estritamente em áreas urbanas.
A Osten Group, que comercializa veículos elétricos de vários fabricantes, tem hoje 41 estações de carregadores automáticos instalados em São Paulo, mas faz planos para investir em postos de eletrificação de veículos em áreas rurais, informa Jorge Yamaniski Neto, diretor geral da empresa.