Brazil China Meeting
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Por Mônica Magnavita — Para o Valor, do Rio


Camila Amigo, do Cebc: setor energético puxou aumento das emissões chinesas — Foto: Divulgação
Camila Amigo, do Cebc: setor energético puxou aumento das emissões chinesas — Foto: Divulgação

A China vive um paradoxo em termos ambientais. É vista como vilã do aquecimento global, e, simultaneamente, como protagonista na agenda de combate às mudanças climáticas. A questão é complexa. Maior emissor mundial de CO2 em 2022, com 11,4 bilhões de toneladas, de acordo com o Global Carbon Budget (GCB), seguida pelos Estados Unidos, é também, de longe, o país que mais investe em ações de mitigação e adaptação. Para consolidar a liderança na produção global de energia renovável, só em 2023 o governo chinês destinou US$ 140 bilhões ao setor, construindo 230 GW em parques solar e eólico, número superior à toda capacidade instalada no Brasil, de 199 GW, e o dobro da construída pelos Estados Unidos e pela Europa no ano passado.

Paralelamente a essa liderança em geração a partir do sol e do vento, o país exibe a matriz energética mais poluente do mundo; os combustíveis fósseis representam 70% das fontes, a maior parte advinda do carvão. Por trás desse cenário, está a demanda elevada por energia, necessária para dar conta do crescimento chinês e também da segurança alimentar.

“A China tem apetite insaciável por energia, porque está se tornando a primeira economia do mundo, com população de mais de 1 bilhão de pessoas”, diz Ilan Cuperstein, diretor da C40 Cities Climate Leadership Group para AL, que reúne cerca de cem cidades de todo o mundo para ações de combate ao aquecimento.

Apesar dos investimentos de vulto destinados a mudar esse quadro, o ano de 2023 não foi dos melhores. Camila Amigo, analista internacional do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), observa que as estimativas do GCB apontam para aumento de 4% das emissões chinesas no ano passado, atingindo 31% das emissões globais de CO2. Também houve aumento de 3,3% no uso de fontes de carvão e 9,9% em petróleo. “A alta foi impulsionada pelo aumento das emissões do setor energético (principal fonte poluente na China), devido à recuperação econômica de 2023”, diz.

Na ética confunciana, não cumprir o que prometeu é inadmissível”
— Niklas Weins

Dados do Pnuma, programa da ONU para o meio ambiente, mostram que as preocupações com a segurança energética estão levando à expansão contínua e ao excesso de capacidade de fontes de energia fósseis: 243 GW de usinas a carvão estão atualmente autorizadas ou em construção. De acordo com Gustau Máñez, representante do Pnuma no Brasil, a demanda de energia aumentou em 2023, com a produção doméstica e o consumo de carvão, gás e petróleo. Ainda assim, historicamente, segundo a organização, a contribuição da China para o aquecimento global, de 12%, é inferior à dos EUA, de 17%, tomando como base o ano de 1850, período pré-revolução industrial, até 2021.

Sem política de redução de combustíveis fósseis, a estratégia foi investir em eficiência. “Como não conseguem diminuir emissões a curto prazo, os chineses investem em geração com menos emissões. Para aumentar o PIB em 1%, usará menos energia do que antes”, ressalta Cuperstein.

O país, de acordo com ele, tem expandido entre 30% e 50% sua capacidade de geração renovável, a cada ano e definiu em seu 14º plano quinquenal metas ambiciosas até 2025. Entre elas está assegurar que 50% do consumo adicional de energia será feito a partir de fonte renovável, com produção representando 33% da matriz, um aumento expressivo em relação à participação de 28,8% em 2020. Também está previsto que a capacidade de geração solar e eólica atingirá 1,2 mil GW até 2030, meta que deve ser ultrapassada antes desse prazo vencer.

As ações superlativas em mitigação e adaptação adotadas por Pequim incluem, ainda, eletrificação da frota de veículos e aumento da área de florestas no país. No primeiro caso, a eletrificação já supera 77% dos ônibus públicos; no segundo, a meta para a cobertura florestal, prevista no 14º Plano Quinquenal, é de chegar a 24,1% do território até 2025, o dobro da área registrada na década de 80.

“O tema se transformou em tema de importância nacional. Os investimentos na natureza são cada vez maiores, dez vezes superiores aos dos países desenvolvidos”, diz Niklas Weins professor assistente do departamento de estudos internacionais da Xi'an Jiaotong-Liverpool University e autor de tese de doutorado sobre a questão. De acordo com ele, Pequim se comprometeu a plantar 70 bilhões de árvores até 2030.

A China será provavelmente um dos países mais afetados pelas mudanças climáticas. Fábrica do mundo desde que a globalização levou nações desenvolvidas a transferirem boa parte da produção industrial para lá, o gigante asiático quer se tornar carbono neutro em 2060. Meta, segundo especialistas, levada a sério pelo governo. “Na ética confunciana, não cumprir o que prometeu é inadmissível”, afirma Weins.

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