Brazil China Meeting
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Por Luiz Maciel — Para o Valor, de São Paulo


Com 21.196 km de comprimento, a Grande Muralha é uma das principais atrações turísticas da China — Foto: Yan Cong/Bloomberg
Com 21.196 km de comprimento, a Grande Muralha é uma das principais atrações turísticas da China — Foto: Yan Cong/Bloomberg

As boas relações entre Brasil e China, cada vez mais afinadas na economia, refletem também no crescente fluxo de viajantes de um país ao outro. Superado o período de fronteiras fechadas na China, por causa da pandemia, a entrada de chineses no Brasil recuperou o ritmo, que está próximo do registrado em 2019, segundo o Ministério do Turismo. Naquele ano, o país recebeu 68,6 mil visitantes da China, enquanto o movimento chegou a 37,7 mil de janeiro a novembro de 2023, mesmo com o acesso ao exterior só ter sido liberado aos chineses em março passado.

“A cada mês recebemos mais viajantes, a grande maioria em busca de negócios no Brasil”, informa Sokan Kato Young, da Chinatur, agência especializada na recepção de turistas chineses desde 1977. De fato, quase dois terços (64,8%, nos dados apurados em 2023) dos chineses vêm para cá a trabalho, segundo o Ministério do Turismo. “Eles vêm participar de leilões de infraestrutura ou da compra de empresas brasileiras”, detalha Young. Os chineses ocupam o 21º lugar no ranking dos turistas que vêm ao Brasil.

Já o fluxo de turistas brasileiros em direção à China sempre foi maior, historicamente - foram 127,6 mil em 2019, por exemplo, quase o dobro da entrada de chineses no Brasil naquele ano. Em 2023, a embaixada e os três consulados da China no Brasil emitiram um total de 16.184 vistos de turismo para brasileiros, mas esse dado não inclui os passageiros que viajaram a negócios ou estudo. Nem aqueles que solicitaram vistos nos anos anteriores e que ainda estavam vigentes. “Os brasileiros que visitam a China são mais numerosos, porque muitos deles viajam por interesse puramente turístico, ao contrário dos chineses, que viajam ao Brasil, principalmente, para fechar negócios”, avalia Young.

Keila Cândido, da Hong Consultoria, que por cinco anos atuou na recepção de viajantes brasileiros na China, conta que as reuniões de negócios no país exigem paciência e respeito às tradições locais. “Os chineses nunca batem o martelo num primeiro encontro, porque precisam, antes, estabelecer laços de confiança com seus interlocutores. Caso isso aconteça, o empresário chinês convidará o brasileiro para almoçar num restaurante típico, talvez no mesmo dia, com fartura de comida e bebida à mesa. É nessa ocasião, com conversas mais espontâneas, que será marcado um terceiro encontro, novamente formal, para, possivelmente, fechar negócio”, explica.

Nem sempre esse terceiro encontro é decisivo, ressalva a consultora, porque os chineses não querem deixar nenhuma ponta solta na negociação. Isso não significa, porém, que o negócio está descartado: se os encontros correrem bem, o acerto final pode ser feito à distância, por videochamada. Mas, se não houver interesse por parte dos chineses em prosseguir na negociação, eles simplesmente deixarão de responder às mensagens. “Eles não dizem não. Preferem o silêncio”, ensina Keila.

Para começar bem a negociação, os empresários brasileiros devem informar antes da viagem quantas pessoas deverão participar do primeiro encontro e quais postos ocupam, para os chineses providenciarem uma recepção com o mesmo número de participantes com cargos equivalentes. Receita para a negociação desandar é tocar em assuntos que possam causar embaraços, como o massacre na praça da Paz Celestial em 1989, o regime especial de Hong Kong, Dalai Lama e hábitos alimentares.

Ao contrário dos chineses que visitam o Brasil, os brasileiros que viajam à China a negócios sempre reservam alguns dias para conhecer atrações turísticas do país, como a Grande Muralha, o exército de terracota de Xian e os palácios de Pequim. Os chineses, quando muito, reservam um ou dois dias para visitar as Cataratas do Iguaçu, no Paraná, e o Cristo Redentor, no Rio. Atrações históricas não despertam interesse por ser o Brasil um país jovem para os padrões chineses.

A expectativa brasileira é que o fluxo de chineses para cá aumente nos próximos anos, dado o interesse crescente de investirem no Brasil. “A China já investiu muito na Ásia e na África e não tem caminhos abertos para participar da economia europeia ou norte-americana. Resta a América do Sul, sobretudo o Brasil”, diz Cândido.

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