A indústria brasileira diminuiu o contigente empregado e o patamar de salários entre 2013 e 2022. É o que aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com a Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa e Produto.
Os pesquisadores do instituto apuraram que, no período, a mão de obra na indústria caiu 8,3%, para 8,3 milhões, um decréscimo de 745,5 mil pessoas em uma década. O salário médio mensal da indústria também caiu, de 3,4 salários mínimos para 3,1 salários mínimos na mesma base de comparação.
Synthia Santana, pesquisadora do IBGE, ponderou que não há resposta única para a redução das vagas no setor industrial. “Tivemos mudanças regulatórias no mercado de trabalho que podem ter influenciado esse resultado” disse. A reforma trabalhista foi implementada em 2017. “O setor de serviços contou com aumento de espaço [na economia]” afirmou ainda, sugerindo a possibilidade de as vagas terem se deslocado para outro setor. “E tivemos mudança na estratégia das empresas [industriais]” lembrou. “Tem mudado muito perfil de mão de obra, com bastante digitalização” disse.
As crises econômicas, no período, também podem ter sido fator para perda de vagas, admitiu a especialista. O país enfrentou uma recessão entre os anos 2015 e de 2016.
As maiores perdas de emprego, entre 2013 e 2022, foram observadas em confecção de artigos do vestuário e acessórios (-219 mil vagas); fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-104,5 mil) e fabricação de produtos de metal exceto máquinas e equipamentos (-102,mil).
O IBGE também apurou que caiu a média de empregados por empresa, de 27 para 24 funcionários, entre 2013 e 2022.
Em contrapartida, entre 2019 e 2022, a indústria mostrou alta de 5,3% no número de empregados, um acréscimo de 407,7 mil pessoas. Ou seja: mesmo com a expansão, o número adicional de trabalhadores, nesse período mais recente, não compensou completamente a perda de emprego na década até 2022.
Nesse período de quatro anos até 2022, os setores que mais contribuíram para expansão do emprego foram fabricação de produtos alimentícios, com acréscimo de 248,3 mil pessoas, para 1,9 milhão em 2022; manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos, com acréscimo de 70,5 mil, para 295,8 mil trabalhadores; e fabricação de máquinas e equipamentos, com acréscimo de 57,8 mil, para 424 mil empregados, em 2022.
Também entre 2019 e 2022 o patamar de salário médio mensal permaneceu inalterado em 3,1 salários mínimos, informou ainda o IBGE.
A perda de vagas ocorre em contexto que o número de empresas industriais bateu recorde, na ótica da pesquisa do IBGE.
O universo do levantamento, veiculado hoje pelo instituto, abrange amostra de 50.296 empresas, com 30 ou mais pessoas ocupadas ou receita bruta superior a R$ 26,4 milhões. Com essa amostra, o IBGE apurou que, em 2022, o setor industrial abrangia 346,1 mil empresas, sendo 6,7 mil da indústria extrativa; e 339,4 mil da indústria de transformação. Esse total de companhias é o maior da série da pesquisa, iniciada em 2007; e 12,9% acima de patamar pré-pandemia em 2019 (306,6 mil).
Nesse total, as indústrias extrativas empregavam 200 mil, e as de transformação, 8,1 milhões. A receita líquida de vendas somou R$ 6,681,5 trilhões, sendo R$ 436,8 bilhões originado das indústrias extrativas e R$ 6,244,7 trilhões das indústrias de transformação.
Também em 2022, o valor bruto da produção industrial atingiu R$ 6,120,5 trilhões, sendo R$ 437,4 bilhões originado das indústrias extrativas e R$ 5,683,1 trilhões das indústrias da transformação. O custo das operações industriais somou R$ 3,635,2 trilhões, em 2022.