A indústria automobilística perdeu espaço na geração de riqueza originada do setor industrial, entre 2013 e 2022. É o que evidenciam os resultados da Pesquisa Industrial Anual (PIA) Empresa e Produto, anunciada nesta quinta-feira (27) pelo IBGE.
No estudo, os pesquisadores investigaram o Valor de Transformação Industrial, no período. O VTI é a diferença entre o valor bruto da produção industrial (VBPI) e o custo com as operações industriais (COI) e atingiu R$ 2,485,4 trilhões, em 2022.
Nesse total, a parcela de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias diminui de 8,7% para 5,3% entre 2013 e 2022. O impacto foi tão grande que o setor caiu da terceira para a sexta posição, em ranking das dez atividades com maior fatia no total de VTI, detalhou ainda o IBGE.
Também houve perda do setor na receita líquida de vendas (RLV), calculada a partir da receita bruta, deduzindo-se os impostos sobre vendas. Em 2022, as empresas industriais geraram R$ 6,7 trilhões em RLV. A fatia do setor automobilístico, representada pelo segmento fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, diminuiu de 11,3% para 7,9% entre 2013 e 2022.
Synthia Santana, pesquisadora do IBGE, foi questionada sobre as razões de perda de participação da indústria automobilística, na geração de riqueza do setor industrial. Ela citou dois motivos principais. O primeiro foi a sucessão de crises que o país enfrentou, desde começo de anos 2000 em diante. “Tivemos crises econômicas sucessivas. Em 2009, em 2010, o biênio [recessão] da crise 2015-2016 e a pandemia [em 2020]. Foi um setor que sofreu bastante [com a crise sanitária]” lembrou. Com a necessidade de isolamento social, durante o auge da covid-19, setores da indústria voltados para mobilidade foram fortemente prejudicados, na ocasião.
Outro motivo citado por ela foi a influência de decisões estratégias de grandes empresas do setor. “Grandes empresas passaram a atuar em outros países”, lembrou ela, sem citar nomes de companhias.
Em contrapartida, a extração de petróleo e gás natural, e a fabricação de produtos alimentícios foram destaque positivo, tanto no VTI quanto na RLV, entre 2013 e 2022. No caso do primeiro setor, a fatia no total do VTI subiu de 5,1% para 12,3% do total do VTI em 2022. No caso da parcela no total da RLV, a fatia do setor cresceu de 10,2% para 12,4%.
Já a fabricação de produtos alimentícios foi a principal atividade em 13 das 27 unidades da Federação. No total do VTI, subiu de 14,9% em 2013 para 15,1% em 2022. Na fatia no total da RLV, avançou de 18,9% para 22,5%, no mesmo período.